General

825 98 12
                                    

GIZELLY POV

Acordei com meu celular notificando que uma mensagem havia chegado. Era meu pai querendo confirmar nosso almoço de hoje. Olhei as horas: 10:45. Ok, daria tempo de ir em casa, tomar um banho e me arrumar. Mandei mensagem confirmando e falando que chegaria em breve.
Larguei o celular na cama e olhei para o lado, Rafaella ainda dormia profundamente. Sorri olhando pra aquele rosto tão lindo. Ela era definitivamente a mulher mais linda que já tinha visto. Meu corpo dolorido mostrava sinais da noite intensa que tivemos. Nunca tinha me sentido assim com alguém que mal conhecia, mas parecia que nossos corpos já eram íntimos.
Resolvi não acordá-la. Leventei da cama com cuidado, peguei meu vestido e minha calcinha que estavam jogados pelo quarto, minha bolsa, celular e fui pra cozinha, estava morrendo de sede.
Peguei um copo e fui até sua estante, ela realmente gostava de ler, vi que tinha um bloquinho de post-it, resolvi deixar um recado, queria muito vê-la de novo.
Grudei o papel na cafeteira, ela com certeza veria assim que fosse tomar seu café. Mal podia esperar.

----

Cheguei na casa do meu pai pouco depois do meio-dia. Ainda nenhuma mensagem da Rafaella... Será que ainda estava dormindo? Tirei a mulher do meu pensamento e resolvi aproveitar meu almoço. Papai tinha feito um macarrão ao molho pesto divino, sua especialidade.
- Como está se sentindo? Melhorou das dores de cabeça? – Havia 2 semanas que ele vinha se queixando constantemente de dor de cabeça, mas teimoso como era, se recusava ir ao médico.
- Elas vem e vão, mas estou bem. Forte como um touro.
Não senti nenhum pouco de confiança em suas palavras, estava preocupada porque comecei a notar pequenas mudanças no seu comportamento. Ele parecia mais agitado, as vezes falava sozinho e quando eu questionava alguma coisa, ele ficava muito irritado.
Sabia que algo estava acontecendo, mas conhecendo o general do jeito que eu conhecia, ele jamais iria adimitir nada.
- O senhor tem que marcar uma consulta pai. Não é normal sentir dor de cabeça todo dia e tão forte como o senhor vem sentindo. Semana passada chegou a desmarcar nosso jantar porque não aguentava nem abrir os olhos.
- Foi só uma enxaqueca, filha. Eu ando muito atarefado, é só estresse do trabalho, não se preocupe.
- Sabe que isso é impossível. Se continuar assim, eu mesma vou marcar uma consulta pro senhor.
Ele não falou nada. Só mudou de assunto e continuamos nosso almoço normalmente.
Depois que terminamos, fui lavar louça enquando ele foi lá fora jogar o lixo.
Percebi que ele estava demorando demais e olhei pela janela pra ver se ainda estava lá fora.
Me assustei com o que vi. Papai estava atrás da árvore que ficava perto da lixeira, todo encolhido, como se estivesse tentando se esconder de alguém.
- Pai – gritei pela janela. – Ele me olhou assustado, começou a olhar em sua volta e voltou para casa correndo.
- O que aconteceu? – Ele tinha uma cara de assustado. Nunca vi o general assim.
- Nada, Gizelly.
- Como assim, nada? Você tá pálido, parece que viu um fantasma.
- Eu não vi nada, Gizelly! – ele falou gritando e me assustei. Ele percebeu e se desculpou na mesma hora, mas eu já estava nervosa demais. Nunca tinha visto meu pai desse jeito.
- Eu não vou sair daqui até o senhor me falar o que aconteceu.
Ele sabia a filha que tinha, sabia que eu não ia sair dali nem morta e soltou um suspiro derrotado.
- Eu acho que tem alguém me perseguindo. Notei há alguns dias um carro preto andando pela rua, perguntei dos soldados da guarita mas eles foram inúteis. Disseram que ninguém estranho entrou com carro preto aqui na base. Mas sei o que vi, Gizelly.
- Pai, o senhor mora em um condomínio militar, não tem lugar mais seguro na cidade. Tem certeza que não é só um morador?
- Claro que tenho. Sinto a pessoa do carro olhando pra mim, mesmo que não possa vê-la pelo vidro escuro. - Ele disse suspirando - Vou subir e deitar um pouco. Minha cabeça está latejando.
Não quero que você fique andando por aqui sozinha, principalmente de noite. Então vá pra casa, por favor. – e saiu para o quarto me deixando sozinha.

Recomeço - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora