Acordei e logo senti o peso do braço de Gizelly em cima de mim. Era estranho estar nessa situação, mas disse que ia tentar e era isso que estava fazendo. Nossa noite foi incrível e eu sabia que se levasse as coisas dia após dia, eu ficaria bem. Quando Gizelly falou das viagens eu senti um arrepio na espinha, ainda não me sentia confortável pensando em um futuro. Precisava primeiro estar confortável com o presente.
Olhei para a janela, ainda parecia estar escuro, então resolvi voltar a dormir.
Acordei algum tempo depois e a morena já não estava mais na cama. Resolvi ir até o banheiro fazer minha higiene e fui procurá-la.- Olá, dorminhoca – ela falou assim que entrei pela cozinha. Ela estava fazendo panquecas e o cheiro de café no ar me fez salivar. – Eu to fazendo um café da manhã pra nós. Então, sente-se que já esta quase pronto. – Ela falava tudo com um sorriso no rosto e eu sabia que aquele sorriso era a coisa mais preciosa que eu já tinha visto.
Gizelly ia colocando as coisas na mesa, enquanto eu apenas a olhava- Eu espero que esteja bom, faz tempo que não faço panquecas.
Ela sentou-se do meu lado e meu deu um selinho.
- Bom dia, doutora.
Ainda não tinha me acostumado com o beijo dela. Era como se me trouxesse diferentes sensações toda vez.
- Bom dia, meretíssima.
As panquecas e o café estavam perfeitos e enquanto comíamos me lembrei que não tinhamos conversado sobre a consulta do General.
- Gi, como foi a consulta do seu pai?
- Boa, eu acho. O dr. Gilberto foi atencioso com a gente. Eu dei o seu número, ele disse que ia ligar. Ele também passou uns exames. Uma ressonância de crânio e um eletroencefalograma. Eu vou ligar hoje pra marcá-los.
- Ótimo. Bom fazer o mais rápido possível. Como ele estava ontem?
- Peguei ele dormindo no meio da tarde, coisa que ele nunca faz! E quando o acordei ele parecia meio confuso e nem se lembrava da consulta.
- Não se preocupa – disse colocando minha mão em cima da dela – a gente logo vai descobrir o que tem de errado e tenho certeza que seu pai vai ficar bem depois.
Terminamos de tomar o café da manhã e ao terminar de lavar a louça não sabia exatamente o que fazer. Deveria ir embora? Deveria ficar? O que era o normal em situações como aquela? Eu não fazia a menor idéia.- Vem – Gizelly disse esticando a mão para mim. Eu apenas segurei e fomos para o sofá, sentei e ela se deitou com a cabeça em cima das minhas pernas.
- O que você quer fazer, hoje? – perguntou e ao mesmo tempo levou minha mão até sua cabeça para eu começar um cafuné.
- É... não faço a menor idéia. Na verdade, essa situação é muito nova pra mim, não sei o que devo fazer. – ri de nervoso
Ela se levantou sentando do meu lado de frente para mim.
- Você faz apenas o que te der vontade de fazer. Se você quiser ir embora, você vai. Se você quiser ficar, o que eu adoraria, você fica e a gente vê o que faz. A gente pode sair ou só ficar aqui. Assistir alguma coisa, não sei... Hoje estou livre, doutora. Então, o que quer fazer?
Metade de mim queria ficar mas aquela outra metade gritava pra sair.
Um dia de cada vez, Rafa. Um dia de cada vez.
- Maratona de Friends? – vi ela abrir um sorriso ao mesmo tempo que eu abria um também.Já estávamos no quarto episódio e nesse momento Gizelly e eu já estávamos deitadas no sofá praticamente de conchinha, eu sendo a colher maior é claro.
- Não acredito... Você tá chorando? – perguntei levantando um pouco minha cabeça para vê-la melhor
- Sim – disse rindo, virando para cima, me olhando – eu sempre me emociono com a Rachel tendo a Emma. Olha a felicidade dela. Eu quero muito isso um dia. Você não?
Sorri sem graça para ela.
- Eu nunca parei pra pensar nisso.
- Mas você não sente vontade de ser mãe?
Me senti mais desconfortável ainda e me sentei no sofa, ela fez o mesmo.
- Desculpa, não quis te deixar desconfortável.
- Não precisa se desculpar. É só que... eu to evitando pensar no futuro pra não surtar – abaixei a cabeça com vergonha
- Ei! – ela disse e colocou uma mão da minha bochecha fazendo com que olhasse para ela. – Ta tudo bem.
- Eu fico mais confortável pensando só no agora sabe?
- Tudo bem, um dia de cada vez, certo?
- Um dia de cada vez – falei sorrindo e ela retribuiu.
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Recomeço - Girafa
RomansaExiste um ditado que diz "O amor cura" e Rafaella estava prestes a descobrir se isso era verdade ou não ao ver seu mundo - até então impenetrável - ser atingido por um Furacão.