O jantar

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Finalmente chegou o dia da consulta do meu pai. Estava ansiosa. Saí do trabalho correndo pois a consulta estava marcada para às 14:00 e já era 13:20.

- Pai? – entrei na casa chamando por ele, mas nenhum sinal. Andei pelo primeiro andar inteiro... vazio. Flashbacks daquele dia horrível passaram pela minha cabeça e eu fui correndo até o quarto do general. Abri a porta quase em desespero mas para minha surpresa o homem estava deitado, aparentemente dormindo.
Andei até chegar perto o suficiente e toquei levemente em seu ombro para acordá-lo.
Ele despertou rapidamente mas parecia confuso.
- Gizelly? O que faz aqui?
- Ué, pai, o senhor tem consulta daqui a pouco, levanta rápido senão vamos perder a hora!
- Que consulta?
- Como assim que consulta, pai? O neurologista.
Seu olhar continuava confuso e um onda de nervosismo passou pela minha espinha.
- Ah, tudo bem vou me arrumar.
Saímos de casa em menos de 10 minutos e saí correndo com o carro pelas ruas de SP, chegando exatamente as 14:00 no consultório.
O médico logo nos atendeu. A consulta foi boa, dr. Gilberto era simpático e pareceu genuinamente interessado com o caso de papai.
Ele logo notou os tremores que ficaram um pouco piores nesses últimos 2 dias, assim como o cansaço que papai dizia sentir. Ele nunca dormia de tarde e logo liguei os pontos do que havia acontecido hoje e comentei com o médico que ele parecia um pouco confuso.
No final da consulta, fiz o que Rafaella pediu e dei seu contato para ele, pedindo por favor que entrasse em contato. O homem concordou.
Saímos de lá e deixei meu pai em casa pois ainda tinha que voltar para o trabalho. Assim que cheguei no Tribunal mandei mensagem para Rafa, confirmando nosso jantar hoje. E abri um sorriso quando ela confirmou.

Cheguei em casa quase 19:00, eu juro, algumas audiências parecem não ter fim. Estava exausta, meus pés doíam e por mais que eu estivesse afim de jantar com Rafa, eu não ia conseguir sair de casa hoje. Resolvi ligar pra ela...

- Olá, meretíssima. Ela estava com a mania de me chamar assim agora e eu preciso adimitir que estava adorando esse apelido carinhoso.
- Oi doutora.
- A reserva ta marcada pras 20:00, quer que eu passe na sua casa pra te buscar?
- Então, Rafa, eu acabei de chegar do trabalho, eu to acabada...
- Ah... a gente marca outro dia então...
Senti um leve tom de decepção na sua voz e aquilo fez eu sorrir. Quer dizer que ela realmente tava esperando por esse encontro tanto quanto eu.
- A gente pode fazer isso... Oooou você pode vir pra cá e a gente pede comida, o que acha?
- Acho ótimo

Mandei a localização para Rafa, não sabia se ela ainda se lembrava do meu endereço e falei que assim que saísse do banho mandava um ok pra ela vir.
O dilema foi: o que vestir? Eu estava em casa, então tinha que ser algo confortável, mas não confortável-desarrumada. Optei por uma calça de moleton cinza, mas não tão larga e uma blusa salmão soltinha com decote em V e mangas curtas.

Alguns minutos depois, Rafa chegou.
- Ei, que monte de sacolas são essas? – olhei surpresa pra mulher que parecia ter comprado metade do supermercado.
- Eu sei que você falou em pedir comida, mas eu achei melhor cozinhar algo pra você. Não vai ser tão bom quanto o seu rocambole mas prometo que vai gostar.

A ajudei com as sacolas e logo fomos para a cozinha. Ela estava linda com um vestidinho solto branco que ficava perfeito contra sua pele ainda bronzeada da praia.

Sentei no banco que ficava do outro lado do balcão enquanto ela retirava as coisas das sacolas.

- Então, qual será o cardápio, doutora?
- Espero que goste de peixe meretíssima, pois essa noite, teremos como prato principal tilápia assada no forno com parmesão. – ela disse fazendo uma voz super formal
- Ora, ora... já estou ansiosa.
O clima estava ótimo, parecia que nunca faltava assunto entre nós. Decidimos tratar dos assuntos sérios só depois e curtir o nosso jantar primeiro.

Recomeço - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora