1 - 👑Contando uma história 👑

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O rei bondoso sofria com tamanha tristeza! Não só por não ser agraciado com um herdeiro. Tinha também o fato consequente de presenciar a perca do sorriso de sua bela esposa. Ela tivera algumas ideias, levada pelo desespero, e angústia que agora eram seus companheiros íntimos.

— Oh meu esposo! Sinto-me tão inútil! — disse a esposa com melancolia. — quisera eu que as histórias dos livros fossem reais. Sem hesitar, eu usaria a feitiçaria de uma bruxa e daria minha vida! Em troca ela me agraciaria com um filho.

— Minha amada, não te perturbes com esses  pensamentos. No tempo certo os Céus nos abençoará com um herdeiro.

— Minha fé se esvanece a cada nascer do sol. Temo que não viverei pra apreciar muitas primaveras. Acho que seria de bom tamanho, se tivesse um herdeiro com outra mulher.

— Nem em meus piores pesadelos cogitarei algo tão descabido.

A rainha não fazia por mal. Porém, o desespero a fazia pronunciar as palavras sem muita sabedoria. Afinal de contas, nenhuma esposa em sã consciência pensaria em algo tão escandaloso. 
No Concilio, os outros homens importunavam o rei bondoso. Segundo eles a intenção era ajudar.

— Majestade, isso que sua esposa lhe propôs não é algo descabido, se ela não pode gerar um filho não pode negar o direito de um herdeiro, o reino precisa de um. Se ela não tem capacidade pra fazer o seu papel, outra fará por ela — disse um dos condes, depois deu uma gargalhada.

Gargalhada e palavras das quais se arrependera amargamente.

O rei em um momento de fúria, levantou-se, empunhou a sua espada e chamou o conde para briga.

— Como ousa insultar minha rainha com palavras tão degradantes?

Graças aos Céus o conde humilhou-se perante o rei, e não iniciaram um duelo.

Eles no entanto, continuaram a insistir no mesmo assunto. Como se fosse algo que os afetaria de alguma forma.

— O problema ainda persiste, Majestade — disse o Olavio, rei de Árago. — Não quero importunar-te, só preocupo-me contigo. Que os Céus não permita, mas e se algo grave lhe acontecer? Seu povo, seu reino ficarão desprovidos de proteção.

— Agradeço demasiadamente suas palavras, rei Olávio! Sinto-me honrado com sua preocupação. Ah, acabaste de dar-me uma ideia grandiosa! Chame um escrivão.

Todos o observavam sem entender do que se tratara aquela tal ideia grandiosa.

Em instantes o escrivão se apresentou. O rei bondoso começou a ditar o que era para registrar.

— Fica registrado que apartir de hoje, dia 25 de Agosto do ano de 1.800, que na minha morte, ou se por algum motivo eu não for mais qualificado e ainda não tiver alguém que herde o meu trono, a minha esposa, rainha Theodora assumirá o trono. Assim o digo e assim será.

Ouve um certo tumulto entre os homens. Um deles foi mais corajoso e pronunciou:

— Isso não pode acontecer, seria um ato de escândalo! As tradições não podem ser quebradas — o conselheiro do rei bondoso disse com muita reverência.

— Ela não consegue dar-te herdeiro, e ainda assim, tem a ousadia de deixar de seguir a tradição? — disse o conde Romero do reino de Árago.

— Conde, quem garante que o problema não está comigo?

— De modo algum creio em algo tão descabido. Somos homens, somos superiores. Os Céus jamais nos castigaria com tamanha humilhação! — disse o rei Fausto, famoso por sua crueldade.

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