Nem sei o porquê de tanto espanto, da parte do doutor! É apenas um pequeno corte.
- Princesa - disse o doutor pesaroso-, estás sangrando demasiadamente. Terei que cauterizar sua ferida, o contrário disso morrerás de hemorragia. Acho melhor procurarmos um lugar mais reservado.
- Faça o que for necessário, doutor. No entanto, prefiro continuar aqui.
Eu queria que aqueles jovens presenciasse. Pena que estarei em uma terrível dor, não dará para observar as reações deles.
- Sabes como funciona a cauterização, princesa?
- Sei sim. Irás colocar um objetivo metálico no fogo, e quando estiver extremamente quente, colocará na minha ferida. Sei que passarei por uma dor quase insuportável. Se algum de vós, desejar retirar-se, fiquem a vontade. Não julgarei - olhei para os jovens, que cercavam-me.
Todos disseram que permaneceriam ali. Só esperava que nenhum deles desmaiasse , o doutor estaria ocupado.
Distrai-me um pouco, observando o doutor fazer os preparativos. Então, notei alguém tocando minha mão.
Olhei rápido, para ver de quem se tratava.
- Não acho que seja um boa idéia, príncipe Duílem. Sentirei uma enorme dor, não terei controle das minhas ações, poderei machucar a sua mão.
- De modo alguma princesa. Não preocupe-se. A culpa é minha por ter que passar por isso, o mínimo que posso fazer é oferecer-lhe, a minha mão.
- Quer que eu chame os seus pais, princesa? - perguntou um dos condes.
- Não será necessário, ele não poderá ajudar-me. Agradeço-te pela prontidão.
A medida que aquele metal aquecia-se, meu coração disparava. Então, elevei meus pensamentos ao Altíssimo Deus. Precisava do consolo e do conforto Dele.
O Beto estava sem lugar. Andava de um lado para o outro, sem parar. Ele aproximou-se de mim e, entregou-me um pedaço de tecido.
- Creio que morder isso irá ajudar-te, pelo menos um pouquinho - disse franzindo o cenho, com pesar nos olhos. - não se preocupes, o tecido está limpo - tentou animar-me, com um gracejo.
Eu apenas sorri sem graça. Eu estava demasiadamente apavorada.
- Estás preparada, princesa? - perguntou-me, o médico.
- Na verdade não, doutor. Mas, sei que não tenho escolha.
Ele aproximou-se se do meu braço com aquele metal quente. Fechei os olhos com muita força.
Quando ele tocou aquilo em minha ferida, eu mordi o tecido, e apertei muito forte a mão do príncipe Duílem.
Senti meu corpo amolecer e, de repente tudo ficou escuro.
Quando abri meus olhos, eu estava deitada no leito, em meus aposentos.
- Beto? - chamei com a voz fraca.
- Oi minha princesa - respondeu com a voz suave.
Ele estava sentado uma cadeira, na beirada do meu leito.
- Como eu cheguei aqui? - perguntei já corando a face.
- A dor foi demasiadamente grande. Desmaiastes e, eu carreguei-a em meus braços, até aqui.
Aí sim, senti minha face queimar! A vergonha que eu sentia naquele momento era muito grande.
- Porque enrubescestes, princesa?
- Não tenho o hábito de ser carregada.
- Não se envergonhe, sou só eu! - deu um sorriso sincero. - Irei chamar o médico. Ah, os seus pretendentes estão ávidos para vê-la.
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Entre o Amor e o Dever
RandomEntre colinas, vales, riachos, florestas e jardins. Ficava o reino Myrabel. O rei Felipo Gregório ll e a sua esposa, rainha Theodora, tinham um grande dever com o povo de Myrabel! Ter um herdeiro. Nos ombros dessa criança herdeira, repousaria as ex...