14 - 👑 Orgulho ferido 👑

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Fitei-o, enquanto beijava o dorso da minha mão. Minha mente naquele momento foi inundada por vários pensamentos, várias coisas que eu queria dizer-lhe. Porém, a dama não deve ceder aos seus impulsos. Sendo assim, eu concentrei-me, para ser o mais graciosa possível para o momento.

— Porque razão importunar-me com galanteios insignificantes? — ele fitou-me com um olhar diferente.

— Não sabia que eras rancorosa.

— Rancorosa? Eu? De modo algum, pergunte para a ponta da minha espada.

— Se permitir irei provar-te o quanto eu aprecio-te.

— Permitirei que participes, só para eu ter a honra de dispensar-te.

— Que mulher insolente! — rosnou um dos condes de Aldória. — como permites que uma mulher te trate dessa maneira? Deveria mesmo participar dessa bobagem que o rei Felipo propôs, e ao casar-se, mostrar a ela como se deve tratar um homem. Que desrespeito! Não sou obrigado a aturar tamanha desonra.

Naquele momento não fui capaz de agir como uma dama. Tamanha indignação tomou conta do meu ser, que acabei cedendo aos meus impulsos sombrios.

— Conde Alencar, eu batalhei para conquistar o meu direito nesse concílio. Se não conseguires aceitar-me, sugiro que saia — apontei para a porta, com meu dedo indicador — Ou então, teremos um duelo na arena, se estiver de bom tamanho para ti. O príncipe Vitório sabe o sabor de lutar comigo. Sou a princesa de Myrabel e exijo que respeitem-me.

Houve silêncio no Concílio. Senti meu rosto enrubescer ao perceber a maneira que agi. Não acredito que permiti que meus ânimos se elevassem tanto. Não vou desculpar-me. Eles precisavam respeitar-me, agirei como se não estivesse com a consciência pesada.

Logo o príncipe Edgar iniciou outro assunto, que segundo ele, deveria ser tratado de imediato. Sei que ele fez isso para acabar com o silêncio perturbador.

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Enfim, a reunião teve fim. Fui a
primeira sair do local. Já fui direto para os meus aposentos. Sentia-me envergonhada pela maneira que agi no Concílio. Teria eu envergonhado o meu pai?!
Resolvi refugiar-me no Altíssimo. Derramei-me, perante ele em oração.

— Senhor, sei que eu acabei dizendo o que não deveria, não deixe que a minha indignação transforme-me em uma pessoa amarga e desrespeitosa...

Meu momento de oração foi interrompido bruscamente por algumas batidas na porta. Com certeza era a Guilhermina. Abri a porta e deparei-me com o Edgar. Assustei-me, pois não esperava por ele, e acabei fazendo algo pior ainda. Fechei a porta rapidamente. Só depois de ter fechado percebi que a minha última ação tornou-se pior do que a primeira.

— Esmeralda, abra por gentileza. Preciso falar contigo — disse-me ele.

Eu podia sentir que ele estava rindo de mim.

— Não irei abrir. Irás zombar de mim.

— Não irei. Asseguro que não farei isso. Só abra, por gentileza.

Eu fiz da fraqueza a força e abri a porta. Tamanha era minha vergonha que parecia que minha alma tinha até deixado meu corpo. Nem consegui disfarçar.

— Perdoe-me por isso. Estava envergonhada pelo modo que agi no Concílio. Achei que era a Guilhermina que havia batido na porta, quando notei que não era ela, eu acabei fechando a porta na vossa face. Tornado assim, o meu último ato ainda pior que o primeiro. Queira perdoar-me. Agora, se me permite, irei ficar em meus aposentos até amanhã. Quem sabe até lá conseguirei encarar-te.

Entre o Amor e o DeverOnde histórias criam vida. Descubra agora