Tive que controlar-me, não queria que as pessoas notassem o meu desespero. Resolvi sair disfarçadamente, e procurar mais um pouco por ele.
Lembrei-me de algo deveras interessante, um lugar onde ele costumava esconder-se quando era criança. Sempre que ele não estava bem, retirava-se da presença de todos e escondia.
Respirei fundo e andei até o “lugar secreto”.— Finalmente encontrei-te! — Senti um alívio no coração — Do que se esconde Beto? Fiquei deveras preocupada com o vosso sumiço.
— Minha princesa, perdoe-me, não tive a intenção. — seu olhar era triste e o semblante sério.
— Conte-me, o que tanto lhe perturba? Já que veio refugiar-se no estábulo, igual fazia na infância.
— Estava muito nervoso com vossa luta. Achei mesmo que meu coração saltaria pela minha boca. Ele tinha a intenção de ferir-te, e ficar assistindo sem poder fazer nada, acabou comigo. Depois que tudo ficou bem, eu precisava de um tempo para recompor-me.
— És uma pessoa incrível! Sinto-me imensamente agradecida pela preocupação. Eu estou bem, Beto. — ofereci um sorriso sincero. — Poderia agraciar-me com vossa ilustre companhia na festa?! — Gracejei fazendo uma mesura.
— Como poderia negar um pedido tão pomposo? — sorriu.
Ele estendeu o braço, então eu repousei meu braço no dele e fomos para a festa.
Senti mais uma vez aquele farfalhar no estômago.
— Nunca imaginei que iria encontrar-me, minha princesa.
— Demorou um pouco, mas lembrei-me que sempre escondia-se no estábulo, quando não sentia-se bem.
Ao adentrar o recinto, pude ouvir aquela voz irritante. Que o Altíssimo me perdoe, mas aquela voz me causava náuseas.
— Claro que iria torcer pela princesa Esmeralda, meu irmão. De fato, tinha muito a ganhar — disse o Vitório com a voz desagradável.
— Dispenso o prêmio que ofereceste, o único prêmio que eu almejava já alcancei — ele aproximou-se de mim, pegou minha mão erguendo-a. — A Vitória da princesa Esmeralda! — disse em alto e bom som.
Todos aplaudiram as palavras do príncipe Edgar.
O príncipe Vitório tentava disfarçar, mas sua cara de réu, não negava o seu desprazer. Mas eu nem me importava, para ser sincera.
Não era para menos, uma derrota é sempre ruim, mas no caso dele seria no mínimo 100 vezes pior. Teria que carregar para sempre o peso e a vergonha de ter sido derrotado por uma mulher, e pior ainda, em público.
A festa foi deveras agradabilíssima! Todos nos divertimos muito.
Já era bem tarde quando a festa teve fim. Os convidados foram para seus aposentos.
O Alberto foi acompanhar-me até meus aposentos, como era de costume.
À medida que nos aproximávamos de uma das salas de reuniões podia ouvir uns burburinhos.
Não consegui conter a curiosidade. Fingi que estava passando por acaso por aquela porta. Queria muito saber do que se tratava.
E foi o que eu fiz, minha curiosidade ficou ainda maior quando vi quem estava reunido.Era meu pai, minha mãe, a princesa Tábata e o príncipe Cleomar.
Deu muita vontade de entrar na conversa, mas como uma boa princesa, simplesmente passei direto.— Minha filha — chamou-me meu pai — venha aqui, tivemos uma ideia esplêndida, acho que gostará de saber.
Eu voltei imediatamente, mas controlando-me. Tentei ficar indiferente.
Notei que o Alberto não estava seguindo-me.
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Entre o Amor e o Dever
SonstigesEntre colinas, vales, riachos, florestas e jardins. Ficava o reino Myrabel. O rei Felipo Gregório ll e a sua esposa, rainha Theodora, tinham um grande dever com o povo de Myrabel! Ter um herdeiro. Nos ombros dessa criança herdeira, repousaria as ex...