Ao voltarmos do jardim, deparei-me com algo descabido.
A Jovina e o Alberto se encontravam na sala. Estavam distraídos, então pude ver toda a cena. Ouvi ela dizendo:
— Não sou tão difícil quanto a minha prima. — disse ela se aproximando do Alberto, mais do que deveria.
— Lady Jovina, não faça iss... — falou Alberto, em um tom baixo.
Antes que ele terminasse de falar, ela se jogou em seus braços. Sua intenção era beijar seus lábios, mas notei que ele desviou o rosto. Sendo assim, o beijo foi em sua face, bem próximo de seus lábios.
Senti o meu sangue ferver! Soltei-me dos braços dos príncipes e, adentrei a sala com ímpeto furor! Aquilo já era de mais para mim.
— O que acham que estão fazendo? Ousam fazer algo de tamanha desonra?
— Prima, ainda bem que chegastes! — ela veio desolada, abraçando-me. — o Alberto quis forçar-me. Alegro-me pois chegastes a tempo, antes que ele ferisse a minha honra.
— Minha princesa — chamou-me o Alberto—, sabes que jamais faria isso! Nunca tocaria em uma mulher desse jeito, antes de me unir a ela em um casamento.
— Alberto, como ousa insinuar que estou mentindo? — a Jovina colocou as duas mãos na cintura, muito irritada. — só espero que não prefira acreditar nele, ao invés de acreditar em mim, sua prima. — ela fitou-me, com olhos suplicantes.
O Alberto manteve-se calado. Não parecia preocupado.
— Não precisa se preocupar, prima Jovina. Asseguro-lhe que já sei em quem acreditar. — seus lábios curvaram-se em um sorriso. — O Alberto nunca, nunca mentiu pra mim ou tentou manipular-me. E além do mais, eu vi tudo o que aconteceu. Só queria ver até onde teria coragem de ir com seu fingimento, mentira e manipulação.
— Prima...
— Não me venha com “prima” e, com essa voz chorosa! — falei com autoridade. — Já aprontastes demasiadamente. Ah, eu já sei sobre suas visitas noturnas, aos aposentos dos rapazes!
— Outra mentira descabida!
— Oh, esperava que disse isso. Edgar, Cleomar — chamei os dois príncipes, que estavam um pouco afastados. — podem dizer novamente, o que disseram-me nos jardins do palácio?
— Decerto que sim, princesa — respondeu o Edgar prontamente. — ela foi em nossas aposentos, com intenções bem claras.
Ela percebeu que havia sido descoberta. Sendo assim, por um milagre, manteve-se em silêncio.
— Jovina, sei claramente qual sua intenção aqui. Tentar conquistar um dos meus pretendentes. Eu notei isso de imediato, porém não importei-me, até agora. Ponha isso em sua cabeça. É a minha vez de escolher! Quer algo de bom na vida, lute! Não fiques tentando ir de carona na vitória dos outros. És uma jovem linda Jovina, sugiro que aja como uma dama e, logo será cortejada por um bom rapaz. — respirei fundo, pois estava ficando com pena dela, porém ainda haviam algumas verdades à serem ditas. — Um guarda a vigiará. Não terá permissão para juntar-se a mim, ou aos meus pretendentes. Eu lhe asseguro, no dia em que desobedecerdes será obrigada a voltar de onde veio.
Quando terminei de falar, os três rapazes fitavam-me. Creio eu, que assustaram-se, com a minha dureza. Ela sempre conseguiu o que queria comigo, mas já basta, não daquela vez.
A Jovina foi conduzida por um guarda, para longe de meus olhos.
— Princesa — chamou-me o Cleomar, enquanto nos aproximávamos dos outros jovens—, achei deveras interessante, três príncipes disseram-lhe sobre as visitas da Lady Jovina e, isso não pareceu incomodá-la, porém, quando ela tentou aproximar-se do Alberto, virastes uma leoa indomável!
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Entre o Amor e o Dever
SonstigesEntre colinas, vales, riachos, florestas e jardins. Ficava o reino Myrabel. O rei Felipo Gregório ll e a sua esposa, rainha Theodora, tinham um grande dever com o povo de Myrabel! Ter um herdeiro. Nos ombros dessa criança herdeira, repousaria as ex...