✓✓Saiko✓✓

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———> capítulo feito pela dona do Personagem<————

Eu nunca conheci meus pais. Desde que me conheço, sempre morei em uma vila de humanos, vivia por conta própria, buscava meu alimento, geralmente roubava, e as crianças de lá, viviam me zoando por ser branca. Na vila, as únicas pessoas que eu realmente confiava era na Tia Júlia e na minha melhor amiga Vitória. Pelo menos uma vez por semana, a Tia sempre me levava pra casa dela pra eu tomar um banho. Aqueles banhos eram tão bons…
Naquela época, eu era muito quieta e ficava na minha, mas a Vitória sempre me juntava na rodinha de amigos. Eu a admirava, uma garota alegre, animada, sempre sorrindo e sempre me ajudava.
Quando ela não estava por perto, os garotos começavam a me espancar, falando que era uma brincadeira legal que eles gostavam, e que não era para contar para a Vitória, e eu como boba, aceitava. Quando chegava para meu banho semanal, a Tia Júlia sempre perguntava como eu tinha ficado daquele estado, cheia de marcas roxas na cara e com alguns cortes. Eu sempre mentia e falava que eu me ralava quando eu brincava, então ela acabou cedendo e "aceitando".
No começo, eu conseguia ficar escondida entre os humanos, já que minhas orelhas de elfo ainda não haviam crescido o bastante para eu me chamar de elfo, inclusive eu não sabia que eu era uma elfa.
Quando comecei a ficar mais velha, minhas orelhas começaram a crescer, mostrando o meu lado elfico, eu não me importava com aquilo, mas a Tia acabou notando e pediu pra eu cobrir elas. Eu sempre perguntava o motivo, mas ela sempre mudava de assunto, mas no final acabei cedendo e comecei a usar capuz.
No meu aniversário de 12 anos, Vitória queria fazer uma surpresa pra mim, então foi me entregar um bolinho. Ela foi me encontrar no beco que sempre tava e eu tinha chegado primeiro, então tirei o capuz pois aquele capuz me incomodava. Vitória chegou no momento e viu a cena, entrou em choque e acabou deixando o bolinho cair, ouvi o barulho e olhei pra ela, ficando nós duas em choque. Eu não sabia o que fazer então como reflexo eu taquei um jato de água nela, fazendo a mesma desmaiar. Nesse momento, eu entrei em pânico, achava que era um monstro e que havia acabado de matar a minha única amiga. Quando eu percebi, havia uma multidão em volta de nós duas e vários olhares assustados e de desgostos olhando pra mim. Então alguém gritou: "PEGUEM ELA! ELA MATOU A GAROTA! ELA É UM MONSTRO!". Nesse momento, o desespero me consumiu, minhas pernas tremiam e lágrimas saiam do meu rosto, com todos aqueles olharem fuzilando em minha direção. Quando percebi, minhas pernas me controlaram e eu comecei a correr desesperadamente chorando. Quando olhei para trás, vi metade da multidão correndo atrás de mim e a outra em volta da Vitória, tentando ajuda-la. Eu corri tanto que nem sabia por quanto tempo tinha corrido, mas quando percebi, estava na frente da casa da minha tia. Ela abriu a porta e eu corri pros braços dela chorando, ela tentava me acalmar perguntando o que tinha acontecido, mas meus olhos estavam em lágrimas, estava chorando de desespero, eu tentava falar, mas as palavras não saiam da minha boca. Ela entendeu isso e me deitou no colo dela, fazendo um cafuné aconchegante e cantando uma canção, que lembro da letra até hoje, não sei como ja que eu estava consumida no desespero. Quando percebi, já havia dormido
Acordei com gritos vindo da sala. Não sei como, mas estava dormindo na cama, então fui em direção aos gritos. Acho que esse foi o momento mais aterrorizante da minha vida. Eu vi a Victória gritando: "É AQUI QUE AQUELA MONSTRA MORA COM A TIA DELA, ELA QUASE ME MATOU!" e a minha tia tentando acalmar a multidão que estava com armas e tochas em frente da casa. Algum dos homens gritaram "ALI! ELA ESTÁ ALI!" enquanto apontava para mim. Minhas pernas começaram a tremer e eu não conseguia fazer nada além de ficar parada naquele local. No momento em que aquela multidão me viu, começaram a invadir a casa e a segurar minha tia, batendo nela, enquanto uma parte corria em minha direção e a outra acalmando a Victória que estava chorando. Eu não sabia o que fazer e quando percebi, minhas pernas tomaram conta do meu corpo novamente. Pulei da janela e comecei a correr desesperadamente pra saída da vila. Não conseguia ver nada, além da escuridão da noite e das lágrimas nos meus olhos.
Quando cheguei na saída, estava ofegante, recuperando o fôlego, nunca havia corrido tanto. Olhei para trás e vi a situação da vila, estavam vários homens com tochas na mão a minha procura, deixando a vila parecendo que era o inferno, era uma visão aterrorizante e de caos. Eu nunca pensaria que eu havia vivido com aquelas pessoas a minha vida toda e agora elas querem me matar. Eu não sabia o que fazer: "E agora? Pra onde eu vou? O que eu faço? Eu vou morrer?". Esses eram meus pensamentos naquele momento. Vi uma carroça por perto, então fui naquela direção e subi na malas e me escondi entre os fenos, chorando até dormir.
Quando acordei, estava em um lugar completamente diferente. Estava em uma nova vila, cheia de pessoas novas, de raças diferentes. Não eram só humanos como eu sempre havia visto, tinham nekos, híbridos, kitsunes, dragões, fadas andando pela cidade livremente. Eu achei aquela visão maravilhosa, era uma visão que eu nunca tinha imaginado, aquele era meu sonho, a partir dali resolvi recomeçar minha vida do zero, tentar esquecer de tudo.
Sai daquela carroça toda cheia de feno e tentei me limpar, o que não deu certo. Comecei a andar pela vila para saber mais ou menos como era. Algumas pessoas me olhavam com dó e as vezes até ouvia "coitada da menina, vivendo sozinha" ou um "uma menina tão linda andando por ai sozinha e suja, que dó", mas continuava a andar com a cabeça baixa.
Continuei a andar até que alguns homens me puxaram para um beco, fiquei com muito medo. "O que uma garotinha tão bonita faz andando sozinha? Que tal a gente te dar um banho?" Um deles dizia. Então foi ai que eles começaram a me assediar, pegando no meu corpo, aqueles toques…eram aterrorizantes. Eu tentava gritar, mas eles haviam enfaixado minha boca. Eu comecei a chorar desesperadamente e estava prestes a ser estuprada, quando uma Kitsune chegou em direção ao beco e viu a cena. Os homens olharam em sua direção e me soltaram, saindo correndo.
Eu estava lá, largada no chão, toda suja chorando e com uma garota vendo a situação. Ela chegou perto de mim e se ajoelhou no meu lado perguntando meu nome.
- Me-meu nome é Saiko… - disse
- Prazer Saiko, meu nome é Elizabeth. - ela diz sorrindo amigavelmente
- O que aqueles monstros fizeram com você? Você está bem? Está toda suja… acho que tenho um paninho aqui, espere um momento… cadê?… - Elizabeth falava procupadamente, enquanto só olhava para seu rosto. Ela parecia a luz no fim do túnel, minha ultima esperança. Depois desse momento, não lembro de muita coisa, só lembro de estar na casa dela enquanto ela me dava um banho.
Ela me deu uma roupa e me vesti, me sentia outra pessoa. Ela me colocou em uma mesa de jantar e me deu muita comida, eu estava babando, mas fiquei com vergonha de comer na frente dela, por mais que a minha barriga estivesse roncando. Ela disse que não se importava, mas mesmo assim comi só um pouquinho.
"O que um elfo faz por essa região?"- ela me perguntou meio curiosa
"Elfo?"- respondi.
"Sim, elfo. Você é uma elfa, você não sabia?"
"Não muito bem… minhas orelhas começaram a crescer um pouco, achava que era raro entre os humanos, então as escondia…"- falei timidamente e um pouquinho baixo.
"Você pelo menos sabe do seu elemento?"
"Elemento?"- questionei a garota.
"Então você também não sabe… bom, elemento é basicamente uma magia que nasce em você, existem vários elementos, como fogo, ar, raio, terra, planta, luz, escuridão, ocultismo, gelo, runas e água, que é o meu elemento"- quando Elizabeth acaba de falar a  frase, a mesma faz uma bolha de água em sua mão.
Naquele momento fiquei impressionada, vi aquela bolha na mão e tentei imitar, e acabei conseguindo, não uma tão grande quanto a dela, mas foi uma bolhinha.
"Então você também é do elemento água, interessante… Bom, se você quiser eu posso se ajudar com isso. Posso lhe ajudar a dominar seus poderes, você parece ter potencial, além do mais, sempre quis ter uma aprendiz."- ela diz sorridente
“S-Seria uma honra, m-mas não sei como lhe pagar….”
“Minha cara, pagamento não é um problema, você ser minha aprendiz já é meu pagamento. Agora vamos para o quintal que eu vou te ensinar o básico.”- ela disse levantando e se dirigindo a direção da porta que leva ao quintal.
Depois disso, minha vida começou a se dar bem. Todos os dias de manhã, Elizabeth me treinava para usar magia de água. As tardes, ia para a rua pegar alguns trocados,  ajudando senhoras a atravessar a rua, ajudava pessoas a carregar suas coisas, admito que as vezes até roubava só por diversão. No meu tempo livre, gostava de animar as crianças da cidade, tocando o piano que tinha no centro da praça, fazendo animais de água para brincar com elas, dançava com elas, brincava de amarelinha, fazia de tudo pra deixar elas ainda mais felizes.
A noite, servia como garçonete na taverna mais famosa da região, então você me pergunta “Como uma garota de 12 anos trabalhava como garçonete em uma taverna para maiores de idade?”, e eu lhe respondo: “Eu até hoje não sei.”. A única coisa que eu sei é que eu fui aceita no trabalho. Bom, eu servia os clientes, separava brigas de bar e as vezes até era convidada pra beber um pouquinho, e ficava muito bêbada, um gole de vodka já servia pra eu ficar doidona.
Bom, essa foi minha rotina por 5 anos, fazia as mesmas coisas todo dia. A essa altura, ja conhecia todos da vila, todos me conheciam e nesse tempo, acabei virando outra pessoa, não exatamente… eu havia pegado a personalidade da pessoa que agora me odeia, da pessoa que eu admirava, a Vitória. Eu simplesmente adquiri a personalidade de uma pessoa para sobreviver, aquela não era realmente eu, era uma farsa, minha personalidade real era tímida, covarde e medrosa.
Aos meus 17 anos, comecei a questionar meus pais, quem eram, o que faziam, por que me largaram em uma vila de humanos. Essas questões não saiam da minha cabeça, até que perguntei pra Elizabeth o que deveria fazer.
“Você pode ir para o Reino de Troyan, lá tem as respostas pra tudo.”
“Mas e aqui? E-Eu vou ter que largar tudo? E-Eu tenho amigos, eu tenho você…”- uma lágrima sai do meu olho.
“Se acalme, nós todos vamos ficar bem…”- ela fala enxugando minha lágrima “Vamos pegar uma passagem pra Troyan!”
Então assim fomos para o porto da vila, comprei uma passagem pro Porto de Troyan, e fui fazer a despedida pros meus amigos…
Foi uma despedida longa e chorosa, eu chorei, meus amigos choraram, a Elizabeth chorou, foi o caos das lagrimas… Mas até hoje não me arrependo.
Cheguei em Troyan, vi suas belas paisagens, era tudo tão lindo… Agora começava a minha nova aventura, a aventura em que descobriria a verdadeira história de meus pais.

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