4. NOTÍCIAS ANTES DO INICIO DAS AULAS

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DEPOIS QUE saíram do refeitório, Daniel, Regina e Isadora seguiram até o saguão de entrada por entre os grupos que conversavam e aproximaram-se de uma das paredes onde estavam os cartazes com as aulas de cada turma.

— "Faltam vinte e cinco minutos para a primeira aula do ano!"— a voz de Arthur soou de um auto-falante preso no topo de umas colunas.— "Lembrete aos esquecidinhos e aviso aos novatos namoradeiros de plantão: é proibido beijos dentro e fora das salas de aulas. Que isso sirva de alerta para meu amigo Dan Amorim: amassos não cai nos testes!."

— "CAMARGO!"— uma segunda feminina repreendeu.

— "E atenção, atenção! Para quem quiser saber, temos um aluno celebridade este ano: Jonas Kato, minha gente!"

Um burburinho soou pelo saguão. Daniel tentou evocar uma imagem dele na sua cabeça. Ele provavelmente tinha visto uma foto desse Jonas Kato em algum lugar, algum jornal ou na televisão, mas não conseguia se lembrar de como ele era, por mais que se esforçasse. Pois geralmente não prestava atenção a essas coisas.

— "Falando em celebridade minha amiga Regina Guerra foi um dos poucos alunos a permanecer no ranking Papão todo ano passado. Acho que ela merece palmas por isso. Além de ótima aluna é bonita, também. Um beijo pra você, lindona!"

— "Camargo, estou avisando...!"— ralhou a voz feminina.

— " E uma última notícia para os novatos. Temos toque de recolher! Não pode haver nenhum aluno fora do dormitório depois das 8 da noite! Ano passado eu fui pego fora do dormitório depois das 8, o que pode acontecer com qualquer um, tenho certeza. Não pude voltar pra casa naquele final de semana. Resumindo, novato, SE POSSÍVEL, não passeie fora do dormitório depois do horário."

— "NÃO É para aluno estar fora do dormitório DEPOIS DO HORÁRIO!"— corrigiu a voz feminina.

— "Aqui é Arthur Apolinário de Camargo dizendo ABAIXO a opressão aos meios de comunicação estudantil e até a próxima!"

— "Camargo, pra diretoria já!"

Arthur sabia o caminho da diretoria de cor. Ele era mestre em fazer aquele tipo de coisa, o que muitos chamariam de dar tiro no pé, as vezes para tornar a vida mais interessante. E os professores continuavam a gostar dele. Ele podia ficar devendo no quesito físico, mas lia bastante e tirava apenas notas altas nas provas.

Daniel, Regina e Isadora saíram do saguão e subiram a escadaria passando por um feiticeiro gorducho na base da escada que indicava às garotas a porta do seu dormitório e, aos meninos, a porta do deles.

Já se afastando, Isadora gritou:

— Vejo você na sala de aula, Daniel!

Deixando Daniel para trás, Regina seguiu a mesma direção. Ela havia perdido na luta de polegar e dado desculpas para Isadora, mas sem nenhum tom gentil na voz, pelo contrario.

Daniel andou diretamente para uma porta pintada na parede e um segundo depois entrava numa área que parecia uma combinação de sala de estar com espaço de estudos. Alguns garotos conversavam jogados nos vários sofás muito confortáveis, outros nos tapetes grossos e almofadas gigantes que recobriam o chão de madeira encerada. Um corredor comprido se esticava cheio de portas.

Daniel encontrou suas bagagens juntos as de outros, muito bem acomodadas em canto. Ele pegou seus pertences e seguiu o corredor. Os primeiros quartos já não estavam vazios. Abriu a porta de um mais para o fundo e se deparou com um quarto luxuoso com televisão e uma cama de casal cortinada dando um toque medieval ao cômodo. Próximo à parede havia guarda-roupa, poltronas grandes ao redor de um tapete e o computador sobre uma mesa redonda de três lugares. Uma porta que ficava na parede oposta da de entrada dava para o banheiro era exageradamente grande.

As crônicas Darwich. Chave de CobreOnde histórias criam vida. Descubra agora