21. O FIM*

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TUDO COMEÇOU com o inverno. Não apenas um inverno, mas três invernos, um atrás do outro sem que houvesse verões, primaveras ou outonos entre eles. Dia e noite a neve caia sem parar, congelando rios e mares.

— Inverno seguido de inverno e mais inveno, Odin.— disse Frigga ao marido, coberta de casacos de pele.— Você sabe o que isso significa, não é?

— Coloque mais roupas de frio e sossegue.— respondeu o marido.— É apenas um inverno bastante longo, só isso.

Ele e Frigga possuíam o dom da profecia e embora não quisessem confessar em voz alta, Odin sabia que o inverno marcava o começo do Ragnarok. Ele passara a vida toda se preparando para aquele momento. Os rumores de que Loki, agora em liberdade, se preparava para uma guerra contra os deuses corriam pelos mundos e os anões trabalhavam, dia e noite, produzindo milhares de espadas, escudos, lanças e outras armas.

Inquieto, o deus, pegando sua lança Gungnir, foi até o seu trono mágico, de onde podia observar tudo quanto se passava nos nove mundos. E o que ele viu foi aterrorizante: o grande lobo Fenrir, livre de sua prisão, caminhando em direção a ponte Bifrost; a serpente Jormungund cuspindo veneno pelos ares e causando enchentes enquanto navegava pelos mares em direção a Asgard; e Loki comandando um exercito de monstros.

— Thor!— gritou o deus.— Mande reunir todos os deuses. Chegou a hora de nossos exércitos se prepararem para nossa última batalha.

E foram todos se preparar para a batalha.

Então Heimdall soprou uma trombeta avisando os deuses, que estavam em assembleia, da aproximação do inimigo. Odin liderou seu exercito de asgardianos e valquírias, com Thor cavalgando ao seu lado.

Dividida entre o lado dos asgardianos, comandados por Odin e Loki, o outro lado, liderando monstros e criaturas que desejavam a destruição dos deuses, as batalhas foram furiosas.

Odin combateu o grande lobo Fenrir e acabou morto. Seu filho Vidar, o deus da vingança, vendo o pai morrer, avançou e lutou contra o lobo, o matando. Por sua vez, Thor confrontou a gigantesca serpente Jormungund o que resultou na morte do deus do trovão e do monstro. No caso de Loki, Heimedall, que nunca deu confiança ao deus da trapaça, partiu para confronta-lo pessoalmente.

Quase todos os deuses morreram e Asgard foi destruída.

E este foi o fim.

Mas houve também o depois do fim. O nascimento de uma nova realidade.


*  Narração tirada dos contos nórdicos 

Odin: o deus maior da mitologia nórdica e governante de Asgard. Ele está associado a sabedoria, a cura, a morte, a batalha e possuído do conhecimento de todas as magias.

Frigga: esposa de Odin, mãe de Balder e Hodr e madrasta de Thor, Vali, Vidar, Bragi e Mili. Era a deusa da fertilidade, do matrimonio e da maternidade.

Gungnir: presente de Loki e certa vez roubada por ele, é uma arma que nunca erra o alvo e todos os juramentos feitos sobre ela são inquebráveis.

Bifrost: uma ponte em forma de arco-íris vigiada pelo deus Heimdall. Ela ligava Asgard a Midgard.

Jormungund e o lobo Fenrir foram filhos de Loki e de uma giganta da montanha. Após descobrir sua a existência deles, Odin providenciou para Jormungund ser jogada nas profundezas do mar e Fenrir foi acorrentado.

Thor: deus do trovão, relâmpagos, tempestades, carvalhos e força da mitologia nórdica. Ele era o mais forte de todos os deuses e conhecido por ter um temperamento forte, mas não o mais inteligente. Era, contudo, um grande guerreiro contra os principais inimigos dos deuses, os gigantes.

Heimdall: deus da luz, guardião da ponte Bifrost, possui os sentido altamente apurados, podendo ver até cem milhas de dia e de noite, ouvir a relva crescer e o único que via claramente as artimanhas e tramas de Loki, o que e o tornou inimigo do deus da trapaça. 

As crônicas Darwich. Chave de CobreOnde histórias criam vida. Descubra agora