10. COMO EM UM FILME

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SEM PERDER tempo, Daniel levantou-se avaliando a cena de relance. Alguns alunos, de repente ficaram de pé aparentemente de uma vez, e começaram a atirar rajadas de fogo, bolas de vento e relâmpagos, sem pontaria, pelo ar. Os familiares tinham se juntado a luta. O ambiente estava se transformando em uma baderna.

Dois garotos e seus familiares lobos, investiram contra Daniel lançando bolas de fogo e rajada de neve. Mas Daniel estava preparado. Agitou a mão e formou um escudo de fogo suficientemente amplo para proteger ele e sua familiar. Os ataques se chocaram contra o escudo e foram dissolvidos.

— Pega eles, Enyo.

A salamandra aumentou de tamanho, adquirindo a dimensão de um pônei. Como ele tinha aprendido misturar o fluxo de energia dele ao de Enyo através da meditação, Daniel podia ver através dos olhos dela. Com o mínimo de esforço, ele enxergou a posição dos donos dos lobos no momento em que a salamandra atravessou o escudo de fogo para se atracar violentamente aos dois familiares lobos. Então, antes que os dois garotos pudessem reagir, o rapaz lançou duas bolas de fogo no ar em uma trajetória arqueada para que explodissem no peito deles, jogando-os para trás.

De repente a conexão dele e de Enyo foi interrompida subitamente quando o rapaz sentiu que se aproximavam por trás dele e, se virou, na hora que um gato obeso pulou em cima dele derrubando-o na areia. O animal ergueu a pata com as unhas afiadas em vista e começou a abaixa-la para baixo, na direção do rosto dele. Daniel se concentrou e sentiu uma corrente tênue nas mãos ao recolher um pouco do campo elétrico de Enyo com um puxão. Pouco antes do gato rasgar seu rosto, Daniel criou um clarão de energia elétrica na mão, cegando o familiar com a luz. No mesmo instante, o gato deu um tremendo miado assustado e pulou de cima dele, apavorado.

Livre, Daniel se pôs de pé. À frente dele Enyo tinha pegado um dos lobos pelas patas e arrastava o animal inconsciente pela areia. O outro lobo jazia ferido no chão, se debatendo como se estivesse em convulsão.

— Chega, Enyo! Os dois já estão fora!— Daniel gritou e a salamandra se deteve no mesmo momento.

Ao redor dele estava caótico, não apenas pelas bolas de vento e de fogo cruzando em todas as direções, mas também por que Victoria e Claudia haviam se juntando para eliminar os outros. Ele viu um familiar pegar outro por trás e arremessa-lo contra a porta de aço. E o mesmo familiar que arremessou foi agarrado por outro e foi jogado. Do outro lado, ele viu uma garota atacando outras meninas pelas costas. Um garoto estava deitado de cara na areia. Outros também estavam no chão cheios de contusões e arranhões. Alguns familiares estavam vindo em sua direção.

Uma fração de segundos depois, alguns buracos se abriram na areia engolindo alguns alunos. Por aquilo nenhum deles esperavam.

Victoria e Claudia começaram a flutuar. Outros hesitaram, paralisados. Ao redor de Daniel, vários buracos apareceram. Ele recuou para fora do alcance imediato das aberturas, sabendo que não seria rápido o suficiente para evitar todos que surgissem.

Como ele não tinha o elemento vento, não podia voar, então pensou em uma estratégia alternativa. Mentalizou seu pensamento com força na mente de Enyo para que ela se transformasse em um grande gavião. Ele respirou fundo e subiu a porta de aço utilizando o wall run, somente com um impulso do pé contra o aço, um milissegundo antes que um buraco pudesse engoli-lo. Ligeiro, agarrou Enyo pela pata.

— Rá!— ele vibrou. Nunca pensou que teria que usar o pouco do parkour apreendido com Marcus, ali.

Estar pendurado enquanto segurava a pata de Enyo era como estar segurando balões com gás.

Arthur, Regina, Alex, Sabrina e outros alunos na plateia aplaudiram e gritaram animados olhando, como Daniel percebeu, para Victoria, Claudia e principalmente para ele. A respiração de Daniel estava acelerada, ainda agarrado a pata de Enyo, observando os demais alunos sendo engolido pela areia, inclusive os gatos da irmã e da colega.

As crônicas Darwich. Chave de CobreOnde histórias criam vida. Descubra agora