11. UM NOVO PROBLEMA COMEÇA

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– POR QUE? Estou encrencado?

Daniel estava de testa franzida, nervoso.

— Talvez.— Marcus colocou a mão no ombro dele como se quisesse conforta-lo com aquele gesto. Aquilo não deixou Daniel mais tranquilo.— Vamos.— Marcus abriu a mão revelando uma pedra opaca cinzenta em formato oval. Era uma pedra- portal. Tinha sido assim que Marcus apareceu ali. Aquela pedra fornecia um portal, permitindo o feiticeiro viajar para lugares onde ele já houvesse ido. O nível de dificuldade em cria-la era tanta quanto a de uma pedra filosofal ou uma Pedra-Servidão.

Daniel deixou seu Livro do Espelho com Arthur. Com certeza ninguém iria se importar por ele não estar apresentável com aquela camiseta e a calça de pijama. Esticou a mão e tocou a pedra e não demora muito e ele e Marcus não estão mais no dormitório masculino. Eles estavam em uma sala que Daniel nunca tinha estado antes. Era uma sala majestosa, sem janelas e escura, iluminada apenas por um lustre enorme pendurado no teto. Pinturas de dragões decoravam as paredes, com expressões ferozes e selvagens. A reitora Samantha, os Mestres, os professores e Tiago Viana estavam sentados ao redor de uma mesa redonda cravejada com os brasões das Casas de Feiticeiros que regia as ordens magica. Eles observaram Daniel com olhares sombrios. Definitivamente, a atmosfera não poderia ser mais tensa.

— Daniel Amorim, sente-se, por favor.— disse Samantha apontando um dos bancos para ele.

Ele obedeceu. Marcus sentou-se ao seu lado e Léo ficou aos pés do dono. Daniel olhou em volta, para as faces tensas dos adultos. Alguns eram familiares, como seus professores.

— Muito bem.— começou Samantha, visivelmente preocupada.— O professor Hugo vai tomar nota de tudo que será dito aqui.— ela olhou de esguelha para um homem baixo e barbudo.— Amorim, isto é um inquérito formal sobre os dois assassinatos que aconteceram aqui na Academia.

Daniel tentou controlar os nervos. Seria melhor se falassem logo o que queriam, sem rodeios, indo ao ponto principal. Mas não foi o que aconteceu. Fez-se um breve silêncio, e Tiago Viana, um feiticeiro alto e moreno com uma cobra tatuada no pescoço, colocou uma pedra sobre a mesa, diante de Daniel. Era uma pedra hexagonal em tom preto.

— Sabe o que é isto?

— Uma Pedra-Servidão.— respondeu sem hesitação. Ela tinha sido criada na época da Caça as bruxas. Quando implantada em alguém, a pedra fazia com que a vitima realizasse qualquer coisa que o feiticeiro ou a feiticeira que a colocou ordenasse. Uma vez implantada, só o feiticeiro que a colocou poderia tira-la - a não ser que a vitima morresse. Entretanto a proibição do uso e da fabricação de uma Pedra da Servidão estava na mesma Constituição vitalícia assinada pelo Conselho onde feiticeiros não poderiam usar magia contra os humanos. Seu mestre alquimista nunca o revelou como criar uma daquelas pedras.

— Esta pedra foi encontrada atrás do coração de Isadora Albuquerque, durante a autopsia do seu corpo.— disse Tiago enfaticamente observando Daniel arregalar os olhos.— Essa informação foi noticiada apenas para a família de Isadora. A FBF não queria causar pânico dentro da Academia por acreditarmos de se tratar de um caso isolado. A pedra poderia muito bem ter sido implantada antes da chegada de a Vórtice.

Uma chama de raiva ardeu em Daniel. A conclusão obvia era que Isadora não tinha cometido suicido. Alguém havia ordenado que ela se matasse.

— Nossa teoria inicial era de um cérebro anormal, obra de algum louco.— prosseguiu Tiago Viana com calma.— Há vários desse tipo soltos pela cidade, com suas esquisitices, portanto, a imprensa não noticiou porque não queríamos um escândalo e também queríamos investigar sem alertar o assassino. Vários feiticeiros foram consultados, a fim de informarem quem, dentre no mundo da magia, tem a formula para fabricar uma Pedra-Servidão e descobrimos que existe apenas três alquimistas com essa capacidade em nossa geração. Um deles vive aqui em São Paulo e foi aprendiz direto do próprio Nicolas Flamel. O seu mestre alquimista da Darwich Industries, dr. Marmaduke.

As crônicas Darwich. Chave de CobreOnde histórias criam vida. Descubra agora