8. MORTE

45 20 85
                                    

DE REPENTE Daniel estava acordando e, de alguma forma, percebeu que estava na enfermaria da Academia. A cabeça doía um pouco. Não abriu os olhos imediatamente, preferindo ter certeza de que estava consciente mesmo. Tentou mexer as mãos e não havia agulhas ali, o que era bom sinal.

Abriu os olhos.

O lugar era todo branco e havia várias fileiras de camas. Ele não viu ninguém de imediato, além da salamandra em seu peito, enrolada como um cachorro. Virou a cabeça para o lado e então viu o homem jovem. Era bonito, os traços bem definidos marcados, maçãs do rosto salientes, um queixo forte, olhos castanhos claros. Cabelos ondulados e castanhos cortado rente ao crânio.

Ele encarava Daniel com os olhos expressivos e inteligentes, os lábios curvados em um leve sorriso. O raiju estava parado ao seu lado.

— Estava começando a achar que não iria mais acordar.— o homem procurou alguma coisa no bolso e tirou de lá três pacotes de batatas, que com toda a certeza não deveriam caber ali dentro.— Estava prestes a jogar agua gelada em você.

— Quem é você, em primeiro lugar?— ele perguntou, desconfiado.— E por que me atacou?

— Sou Marcus. — ele abriu seu pacote de batatas e jogou uma na boca. Daniel notou as tatuagens nas articulações dos seus dedos.— E aquele ataque foi um teste.

— O que... Como... O que você...— ele sentou-se na cama, tirando Enyo de seu peito e a colocando ao seu lado na cama, ouvindo-a soltar uns sons que pareceram reclamação.— Eu podia ter morrido.

— Mas não morreu, moleque.— ele desviou o olhar de Daniel, focando-se em seu saco de batatas.— Algo que seria fácil de providenciar, se não fosse sua salamandra.

Antes que Daniel pudesse entender o que ele estava falando ou perguntar mais sobre o assunto, Marcus indagou:

— Está sentindo alguma coisa?

Daniel apalpou o peito, sem encontrar ferimentos.

— O ataque do Léo foi aplacado por causa da sua familiar. Já o meu ataque o acertou na mosca. Nada fatal, é claro.

Daniel acariciou a cabeça de Enyo e olhou para o raiju. Léo. De perto o animal era maior do que um lobo comum. Depois voltou a olhar para Marcus.

— Vou adivinhar e dizer que você é meu mestre.

Ele suspirou e mordeu uma batata.

— E você minha punição. É a única explicação que me vem a mente para a reitora ter me dado um aprendiz que não sabe nem se defender.— acrescentou, vendo o espanto nos olhos de Daniel.— Ruim paro o diabo.

Mestre Mascus se levantou.

— Agora, levante a bunda daí e vamos treinar.

Descendo as escadas, Daniel saiu do prédio e, com a salamandra agarrada ao peito, acompanhou Mestre Marcus a alguns passos de distancia. Ele não perguntou que horas eram ou se poderia estar ali após o toque de recolher. Claramente os Mestres tinham autonomia para quebrar aquela regra e guia-lo pelo bosque com um raiju na frente.

A luz vinha da lua infiltrando-se pelas brechas das arvores e do fogo brilhando na palma de Marcus e na de Daniel - o Mestre era feiticeiro elemental.

— Você sabe que salamandras são imunes ao fogo, não é?— perguntou Mestre Marcus de repente.

— Sei.

— Pois muito bem, o dono de uma salamandra se torna imune ao fogo devido sua conexão com seu familiar. Agora, você sabia que sua salamandra pode produzir campos elétricos de energia?

As crônicas Darwich. Chave de CobreOnde histórias criam vida. Descubra agora