13. BAR DE BRUXOS

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O SOL estava se pondo, e chegaram na frente do muro oriental.

— A Enyo não está mais na Academia.— murmurou Daniel.

— O que vai fazer então?

— Vou atrás dela, claro.

Os olhos azuis de Arthur se arregalaram.

— Uau. Parece que alguém vai fugir da escola.— ele deu um tapa nas costas de Daniel.— Vamos lá, então! Você precisa de alguém pra ajudar a tira-lo daqui e lá está ela.

Daniel se virou seguindo o olhar do amigo, curioso, e reconheceu a garota que trabalhava na cozinha. Estava com fones de ouvido e uma bolsa pendurada no ombro. Estava sem o uniforme e vestia uma saia jeans que batia na metade da coxa, uma camiseta sem manga e chinelo de dedo.

— Júlia?

— É, cara. A Júlia. Vem.

Arthur empurrou o braço de Daniel incentivando-o a caminhar junto com ele em direção dela. Percebendo a aproximação deles, Júlia sorriu e tirou os fones de ouvido.

— Oi, bonitão.— ela cumprimentou quando Arthur deu um beijo em seu rosto.— O que está aprontando agora?

Arthur imitou um aperto no coração, como um soldado ferido.

— Eu sou um anjo. Não me ofenda. Só preciso que você ajude o meu amigo aqui.— ele puxou Daniel para mais perto.— Ele tem que fugir da Academia.

Júlia riu, cruzou os braços sobre o peito.

— Cadê a vassoura de vocês feiticeiros? Eles as trancam no armário?— Daniel queria saber de onde os humanos tinham tirado a ideia de que eles usavam vassouras como meio de transporte, sendo que as utilizações dela haviam sido suspensa nas grandes cidades depois da era "caça as bruxas".— Tudo bem. Eu ajudo.— ela começou a brincar com a bainha da saia com as unhas pintadas de azul com pontas brancas.— Mas eu também quero um favor seu Arthur.

— O que?

— Quero que saia com minha amiga Vanessa.

Arthur grunhiu e apoiou a cabeça no antebraço.

— Ora, vamos lá, Arthur!— incentivou Júlia.— Ela é uma gracinha! E está caidinha por você!

Alguns minutos depois estavam mergulhados no transito, dentro do carro de Júlia, rápido demais. Ela dirigia como louca, fazendo ultrapassagens, fechando outros carros. Ao menos, ele não precisou pensar em preencher o silencio com alguma conversa fiada, pois não houve silencio. Júlia aumentou o volume do som, alto, cantando junto com a musica do Def Leppard. E cantou musica após musica, algumas ela até mexia os ombros.

— Pra onde você precisa ir, gato?— ela perguntou de repente, diminuindo o volume do som.

— Onde isso me mandar.— Daniel abriu a mão mostrando o saco de veludo brilhando.

— É um feitiço de localização?

— Sim. Minha familiar sumiu.— ele suspirou.— O problema é que esse feitiço não especifica o lugar onde ela pode estar. Apenas me leva até lá.

— Eu conheço um local onde tem pessoas que podem rastreá-la. Um bar apenas para feiticeiros.

— Achei que você fosse humana.

— Eu sou. Mas sou bartender de lá. A única humana que frequenta aquele lugar.

Ele a olhou, impressionado.

— Trabalha de dia na cozinha de uma escola e a noite faz drinks pra bruxos?

— Dinheiro nunca é demais e, acredite em mim, feiticeiros pagam melhor que humanos.— respondeu.

As crônicas Darwich. Chave de CobreOnde histórias criam vida. Descubra agora