Após alguns segundos eu e Vanya conseguimos entender o acontecido.
Aparentemente, Alisson achou uma fita que supostamente prova que Grace teria envenenado Reginald e o mostrou a Luther. Ambos querem desativar Grace agora, mas Diego opõe a isso. E pela briga que os dois tiveram agora, parece que Diego achou o monóculo com ela, pegou e jogou fora secretamente, o que deixou Luther irado.
- Eu sei que se você achasse o monóculo com ela ia surtar, assim como está fazendo agora!- Diego gritou. Ele tentava não demonstrar, mas pude sentir o desespero em seu olhar.
- Você não tinha esse direito! Era o monóculo do papai! E se estava com ela, com certeza ela teve algo a ver com isso. Pare e pense, Diego. A mamãe anda estranha nós últimos dias, pode ter sido algum problema no Hardware. Devemos desligá-la! - Luther falou, tentando convencer a todos.
- Você é sempre tão insensível assim? Você não pondera sentimentos nem nada? Ela foi a mulher que te criou, ela sempre cuidou de todos vocês. Seria no mínimo injusto desligar Grace só por que você quer. Ela não é só uma máquina! - Eu disse. Eu sei, não é a minha família, mas eu não podia ver essa injustiça acontecer com Grace. Ela sempre cuidou muito bem de todos, inclusive Luther, para apenas ser desligada assim.
- Vê? A Thessa tem razão! - Diego falou, triunfante. Todos na sala pareceram pensar sobre.- Não vamos desligar a mamãe!
- Nós não estamos falando de morte, Diego! - Luther gritou.
- Ela tem sentimentos! Eu já vi! Não vou deixar que façam isso! - Diego gritou, indo pra cima de Luther.
Prontamente eu entrei no meio, para parar Diego, ainda sendo atingida pelo peso de seu corpo. O número 2 recuou, me encarando.
- Eu creio que vocês deveriam votar. Afinal, é a mãe de vocês. E todos dividem opiniões aqui.
- Pensei que você não iria falar nada útil. Finalmente se meteu no assunto de família para o bem. - Luther falou e Diego o ameaçou com o olhar.
Ignorando totalmente o brutamontes, dei início ao voto.
- Luther quer desligar, Diego não. E o resto?
- Eu estou com Luther. - Alisson anunciou. Bela novidade.
- Nossa, e ninguém imaginava... - Diego disse.
- Klaus? - Perguntei.
- Agora me querem de volta? Klaus, saia da van. Não, Klaus! Volte para a van! - Todos encararam sem entender. - Estou com Diego, por que vai se fuder, Luther. E Ben também estaria.
- Vanya? - Perguntei.
- Ela nem devia votar - Diego fala.
- Cala a boca, babaca. Pode dizer, Vanya. - Respondi.
- Obrigada... Eu ia dizer que tô com o Diego. - Ela diz o olhando de canto de olho.
- Então ela vota, sim. - Diego falou.
- Ok, temos os votos e-
- Ainda não, falta o Cinco. - Alisson falou, me cortando.- Vamos esperar, em respeito a ele.
E assim ninguém fez nada. Apenas decidimos esperar.
Diego caminhou em direção à Grace, que estava do outro lado da sala. Vanya foi junto. Decidi sentar no bar e tomar um pouco de Whisky. Infelizmente não ouvi a conversa dos três.
Eu entendo a dor de perder uma mãe. E entendo duas vezes, aliás. Aqui e no Brasil. Eu também tinha uma mãe como Grace, contratada pelo meu pai pra cuidar de mim. A diferença é que, biologicamente falando, Madalena era humana. E cuidava de mim e de meus irmãos com todo o amor do mundo. Infelizmente eu a vi partir, e nunca deixaria de me culpar por aquele dia. Mas mesmo assim, mesmo com essa diferença biológica, eu via esse cuidado de mãe na Grace. E mesmo que tenha sido intencionalmente posto nela... Não é assim que funciona com a gente também? Certo e errado, amor e ódio, alegra e tristeza. Apesar de serem sentimentos inerentes a nós, só aprendemos a lidar e expressar por que alguém nos ensinou. Alguém colocou isso na gente.
Vi Diego subir as escadas, e não pude deixar de notar sua frustração. Decidi encher o meu e outro copo de Whisky e levá-los comigo enquanto seguia o número 2 escada acima, sem fazer barulho. Decidi esperar um pouco, então apareci na porta do seu quarto de infância. Diego estava deitado na cama, atirando dardos no alvo que tinha colado no teto.
- Você sabe que é jogo sujo controlar os dardos até o centro, né? Whisky?- Falei, oferecendo o copo. Se ele aceitasse eu entrava pra entregar, se não eu poderia descer e beber os dois.
- Eu aprendi que isso não é trapaça, é adaptação. - Diego falou, sentando na cama e fazendo sinal de pegar o copo, sorrindo de canto. Apesar da piadinha, era um sorriso triste.
Me sentei ao seu lado, entreguei sua bebida e bati os dois copos de leve, assemelhando a um brinde.
- Sabe, eu achei muito corajosa a forma como você defendeu Grace. Sei que não sou da família, mas eu também não deixaria que aquilo acontecesse com ela. - eu falei, sorrindo pra ele.
- Eu não teria conseguido sozinho, ainda bem que você sugeriu o voto antes que eu quebrasse ele. Não entendo como ele consegue ser tão frio! Grace era nossa mãe, cuidou da gente até o fim. Eu não sei o que seria de mim sem ela...
Diego me contou sobre como Grace sempre cuidou dele, e sobre como ela foi a pessoa mas importante do mundo para ele. Também contou sobre como sua gagueira era muito pior na infância, e sobre como ela o ajudou.
- "É só imaginar a palavra", ela dizia. E eu sempre me acalmava quando ela estava ao meu lado, e foi assim até que consegui controlar um pouco melhor. Eu amo Grace como se ama uma mãe. - Diego falou, e seus olhos encheram de água. - P- por que é i-isso q-que... que e-ela é... p-pra mim... - Diego disse, deixando uma lágrima escapar.
De certa forma eu não acreditava no que estava vendo. O Diego que eu conhecia era cretino demais pra chorar dessa forma. Foi aí que comecei a entender o quanto ele foi uma criança quebrada, e se tornou um adulto quebrado também. Que ele usava uma capa de canalha sem sentimentos só pra evitar sua fragilidade. Mas por que ele se abria tanto comigo?
Inevitavelmente, minha primeira reação foi puxar Diego para deitar a cabeça em meu colo, fazendo carinho no seu cabelo. Sinceramente? Essa era a última coisa que eu me imaginaria fazendo na minha vida. Mas até que eu gostava disso. Não da sua tristeza, isso me causava uma certa dor. Mas dessa proximidade com ele. Depois de todas aparências que mantínhamos de odiar um ao outro na adolescência, todas as vezes que ele me ignorou e mal falava comigo na adolescência, de sermos turrões um com o outro e mal trocarmos palavras a não ser quando eu implicava com ele por ter voltado de manhã diretamente da delegacia por ter sido pego pela Eudora... E depois de termos passado os últimos meses completamente afastados... Finalmente eu começava a entender e me aproximar dele. E isso era algo novo, e de certa forma bom pra mim. Eu me identificava muito com ele, e só assim não me sentiria tão só. Eu sabia o que precisava dizer.
- Olha, não importa o que você faça, qualquer que seja sua atitude, será feito com muito amor. Então eu confio em você, e você também deveria.
Diego levantou do meu colo, olhando fundo nos meus olhos.
- Obrigada, de verdade.
Levantou sério. Triste, porém decidido, e desceu as escadas. Eu fiquei andando pelo quarto, imaginando o que poderia ser de tão triste que ele iria... Não.
Resolvi seguir Diego para ver aonde ele ia. E foi como imaginei. Ele sentou em frente a Grace e começou a conversar com ela. Ela realmente parecia estar dando erro naquele momento. Diego apenas soube o que fazer. E fez. Ao sair da ala do carregador de Grace, Diego encontrou meus olhos o olhando, e veio em minha direção.
Sem dizer nada, apenas me abraçou e começou a chorar, até que ouvimos passos e barulhos de armas sendo destravadas no hall. Alguma coisa estava acontecendo.
Pois é... Grace não escapou nem aqui... Mas fiquem ligadinhos, próximo capítulo tem mais!
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I Am Fire / Diego Hargreeves / The Umbrella Academy
FanfictionApós o consternado luto pelo Sr. Hargreeves, os cinco irmãos precisam lidar com um estranho fenômeno que traz o apocalipse e, consigo, um pequeno grande conhecido. Ela foi criada nas ruas do Brasil, mas por um motivo que não consegue compreender fo...