seventeen

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Eu encarava a janela enquanto Ada analisava alguns papéis importantes, de longe vi Thomas vindo para a casa com seu cavalo preto.

— Ele vai ficar fazendo isso todos os dias?– perguntei sem parar de olhar para a janela, Polly tirou a atenção do jornal e nos olhou

— Ele passa a noite lá fora desde o funeral. E não quer falar com ninguém.– Ada comenta baixo

— Tommy sempre fazia isso quando era pequeno, dormia ao relento...– Polly diz e sorri fraco

— Mas ele não está dormindo.– digo olhando para ela

— E o que você tem haver com isso?– John pergunta todo nervosinho e enciumado entrando na sala.

Vemos Thomas passar pela sala em passos largos, ele entra no escritório dele e bate a porta com força, acaba nos causando um desconforto. Ada estava hospedada na mansão dele a algumas semanas e hoje aproveitei o fim de semana para vir vê-los depois da morte de Grace e do bebê.

— Ele é seu irmão John, não está preocupado?– pergunto mas fico sem resposta, ele pega um copo de whisky e vira na boca me encarando. — Eu vou ir na cozinha procurar algo para comer.– digo sem paciência e saio da sala, claro sendo seguida pelo meu namorado ciumento.

— Está preocupada com ele?– ele pergunta, não dou atenção e começo a fazer meu sanduíche. — Eu queria mesmo entender esse segredo que você e Thomas tem.

— John não começa.– peço exausta das nossas brigas por causa do assunto

— Não, sempre que começamos a falar disso você desvia o assunto, foge dele como o diabo foge da cruz.– ele grita e segura a cadeira da cozinha com força, mas não me assusta. — Não da pra ter segredos entre um casal que vive a distância Arabella.

— O que quer dizer com isso?– pergunto já sentindo meus olhos marejados — Quer romper nosso compromisso?

— Eu não quero, mas parece que você quer.– ele me aponta e não digo nada então ele joga o copo contra a parede fazendo ele se estilhaçar.

— O que está acontecendo aqui?– Polly pergunta sendo autoritária

— Eu preciso ir esfriar minha cabeça.– ele diz e sai da cozinha então eu caio no choro e sou abraçada pela Polly.

Eu não poderia mais aguentar guardar esse segredo, agora que ela se foi Thomas tem que me deixar dizer ao John ou vou acabar perdendo ele. Thomas não falava com ninguém que não tivesse horário, então seria difícil falar com ele. John sumiu o dia todo e eu fiquei cuidando de Karl enquanto Ada cuidava de assuntos importantes, só desci para o andar de baixo quando anoiteceu, meu estômago estava roncando então deixei Karl dormindo e desci para a cozinha.

— Precisa de algo senhorita?– uma das empregadas perguntou

— Eu estou com muita fome, só vou preparar algo pra comer.– digo mechendo nos armários mas ela me afasta

— Pode deixar que eu preparo algo, quando estiver pronto te aviso.– ela me despacha para a sala e eu vou até o sofá e me sento, Thomas sai do escritório e me vê, ele se senta no sofá a minha frente e encosta a cabeça fechando os olhos.

— Você está com fome?– pergunto preocupada

— Estou bem.– ele responde com a voz falha

— Eu não queria tocar no assunto...– digo de imediato e ele abre os olhos para me encarar — Preciso dizer ao John, mesmo que isso custe meu emprego ou minha estadia em Londres, não quero perde-lo. – ele se endireitou na poltrona e suspirou

— Você não pode dizer a ele.– ele diz e olha dentro dos meus olhos — Eu te amo, mas se dizer a ele eu te mato. – fico paralisada com a confissão dele.

— Me...me ama?– gaguejo e vejo ele suspirar, ele se levanta e se senta ao meu lado, bem perto.

— Só me martirizo pela morte da minha esposa porque acredito que tenha sido culpa minha, aquela bala era pra mim.– ele continua com a confissão — Mesmo ela sendo uma mulher boa, meu coração já tinha escolhido você.– ele olha pro meu rosto e estava bem perto de mim, poderia sentir sua respiração, eu sabia muito bem o que ele queria.

— Não posso fazer isso.– sussurro perto de sua boca

— Só você pode me fazer bem agora Bella.– ele segura a lateral do meu rosto e me beija devagar, sinto sua tristeza em saber que só um beijo não bastava, eu sabia que Thomas queria mais de mim, eu não poderia dar porque meu coração já era de John, e mesmo assim ele aprofundou nosso beijo, o deixou mais intenso, eu retribui porque queria saber se poderia sentir algo por ele, eu fui uma tola.

— Senhorita seu jantar está pronto.– a empregada avisa e eu me afasto dele, nós dois nos encaramos por segundos até eu praticamente correr da sala.

Webelong    ✨John Shelby✨Onde histórias criam vida. Descubra agora