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‍‍‍   Não sei o que me deu na cabeça ao trazer essa garota pra o vestiário masculino, mas simplesmente não me sinto bem em deixá-la imunda daquele jeito e com a testa machucada. O cabelo tinha restos de arroz e mingau, que escorria por todo uniforme empapando-o. Por baixo dos fios de cabelo colado no rosto, existia um olhar magoado e repleto de dor. Ou talvez seja a forma com que apertava a mochila puída conta o peito que me deixou com pena, mas seja lá o que tenha sido, ela em hipótese alguma merecia ser tratada daquela forma.

—Entra no chuveiro.— resmungo olhando para um ponto fixo atrás dela.

—Anh?— ela inclina a cabeça para o lado e franze levemente as sobrancelhas escuras.

—Você está imunda, Estrangeira.— aponto para seu uniforme sujo, a mochila amarela que ela segurava com força cai no chão com um baque abafado, empurro-a pelos ombros para dentro da cabine de banho atrás dela.

    A idiota ainda me olhava confusa, e quase se afoga quando abro a torneira atrás de sua cabeça. Jatos de água cai sobre os seus cabelos e umidece seu uniforme sujo.

—Maluco! E-eu não sei nadar!—  a garota funga se debatendo embaixo da água livrando o rosto de debaixo do chuveiro, espalhando água por toda a cabine minúscula incluindo a mim.

Yah! Você está embaixo do chuveiro, não em uma pisina.— rebato reprimindo um sorriso.— Termine de tirar essa sujeira toda de seus cabelos, vou ver se encontro alguma roupa no armário, tire tambem esse uniforme .

   Deixo aquela criaturinha resmunguenta  ali embaixo do chuveiro e vou atrás de algum shampoo e toalhas limpas no meu armário ou talvez em algum dos garotos. Por sorte encontro um dos meus uniformes limpos  de Educação fisica cuidadosamente dobrados junto à produtos de higiene. Caminho de volta à cabine aberta encontro-a  com o uniforme ensopado encolhida à um canto com a cabeça embaixo do chuveiro, a água lavava seus cabelos, que por incrivel que  pareça, tinham reduzido de volume.

  A garota para o que estava fazendo e empurra os fios molhados para trás, seu olhar assustado pousa nos meus, fios crespos grudados em sua bochecha deixando-a com a aparência de um gato ensopado.

—Esquisita...— entrego o meu shampoo o qual ela segura com as mãos trêmulas, a expressão de confusão presente em seu rosto.— Vou está logo ali naquele banco esperando por você, termine isso logo.

— O-obrigada...

   Bufo de impaciência, penduro meu uniforme limpo e a toalha na porta da cabine. Fecho a mesma em seguida, para dar um pouco de  privacida a tonta. O barulho da ducha ligada não impedia que o som de um choro abafado chegasse até mim, ninguém merecia ter um dia desse jeito. Ser excluída, humilhada ou tratada como lixo. Cerro os dentes e corro os meus dedos entre os tufos de cabelo por pura frustração, com passadas largas me afasto daquela cabine de banho. Me estico sobre o banco de madeira  em frente aos armários, minha mochila era um tanto dura mas serviria como travesseiro.

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  Algo frio cutuca-me levemente a bochecha esquerda. Resmungo um xingamento baixinho e viro meu corpo para o lado oposto. Outro cutucão, um pouco mais forte que o primeiro, obriga-me abrir os olhos e dar de cara com as orbes escuras dela me encarando à poucos centimetros do meu rosto. A garota se afasta assustada para trás. Ergo bruscamente meu corpo dolorido e me sento no banco, mãos apoiadas sobre a superfície escura.

—Desculpa por te acordar...— sua voz soa hesitante, o que a faz se atrapalha um pouco na pronúncia.

—HongJoong...meu nome é esse...— respondo analisando-a. Minhas roupas largas de Educação física haviam ficado tão folgadas em seu corpo cheio, os cabelos úmidos do banho recém tomado  estão penteados em duas trança que pendiam por seus ombros. O pequeno ferimento em sua testa tinha uma aparência arroxeada e feia, mas não sangrava mais.

—Obrigada HongJoong.—um sorriso doce brinca em seus lábios cheios, meu nome soa terrivelmente adorável em seu sotaque diferente. Como uma carícia.

—Sua testa, precisa ir à enfermaria cuidar disso.

—Eu vou sobreviver. Eu sempre sobrevivo, certo?— ela diz colocando o uniforme sujo em uma sacola plástica, logo após enfia a mesma em sua mochila amarela.

   Aceno uma afirmação, afinal não era da minha conta, recolho minha mochila sobre o banco e ambos saímos do vestiário masculino. Guio a Allegra pelos cotovelos para fora da escola.

—Evite problemas.— aviso antes de dar as costas e seguir meu caminho para o estacionamento.

    Xingo-me mentalmente por ter esquecido de perguntar se ela queria que eu a acompanhasse até sua casa, chuto as pedrinhas na calçada. Foda-se, a novata não era problema meu.

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☀️Miss. Sunshine🌻 • HongJoongOnde histórias criam vida. Descubra agora