A semana passou tão rápido que em um piscar de olhos já era sexta-feira, e com com o fim de semana, uma enorme pilha de deveres e trabalhos escolares me manteria ocupada por todo sábado e boa parte do domingo. Se bem que os fins de semana era um inferno pois tia Yolanda e o marido não iam trabalhar, o que resultaria em olhares feios,broncas pra mim e um bocado de afazeres doméstico, já que a LiAh se recusava a limpar o chão.
Cutuco com a colher os grãos de arroz da minha tigela, o silêncio na mesa de jantar era desconfortante. Levanto os olhos da minha refeição dando de cara com titia Yolanda me encarando da outra ponta da mesa com desagrado.
—Tem notícia do estado de saúde da vovó? — sinto oito pares de olhos me encarando.
—Na mesma. — titia Yolanda resmunga. — Quando terminar o seu jantar e lavar a louça, pegue sua mala e ocupe o quartinho ao lado do banheiro. Não suporto esbarrar com você acampada no meio da minha sala.
— Vou dormir na... Despensa? — franzo as sobrancelhas e afasto minha tigela de arroz.
—Onde mais seria? Você achou que iria ficar no mesmo ambiente que a LiAh? — titia lança um meio sorriso amargo em minha direção. — Não seja estúpida.
Afasto a cadeira para trás e me levanto, não vou chorar na frente deles, porque é isso o que esperam que eu faça. Ergo a cabeça e caminho calmamente até a sala, pego a mala atrás do sofá junto com meu material escolar e itens de higiene e sigo até ao quartinho que ficava entre o banheiro e a cozinha.
Por favor, vovó... Acorda logo.
•••
Assim que toda a louça da cozinha termina de ser limpa e organizada em seus devidos lugares, arrasto os pés até o lugar que seria meu dormitório provisório. Era um lugar estreito e sem janelas, com algumas prateleiras a esquerda contendo mantimentos e produtos de limpeza. A iluminação do lugar —proveniente de uma lâmpada no teto—, era o suficiente pra enxergar um colchonete marrom à direita com alguns cobertores dobrados e um travesseiro. Fecho a porta da despensa atrás de mim, alcanço minha mala amarela.
A despensa era melhor que nada, certo? Presciso aguentar só até a Vovó sair do coma.
Visto meu pijama e me acomodo em seguida no colchonete. As lágrimas simplesmente deslizam por minhas bochechas como aconteceu ontem, antes de ontem, por essa semana inteira, o que sempre acontece desde o acidente de Vovó. Limpo o ranho que começava a escorrer na gola do meu pijama, mordo o interior de minha bochecha em mais uma tentativa de não chorar.
Por favor, Deus... Me ajuda... Por favor! É tão difícil suportar... Dá uma luz!Enfio o rosto no travesseiro, e continuaria a fungar um pouco mais se o toque do meu celular não tivesse tocado. Alcanço o aparelho e o nome de HongJoong aparece no visor, em um pedido de chamada de vídeo. Enxugo as lágrimas e deslizo o dedo pela tela.
—HongJoong? — do outro lado da telinha, o vejo embaixo de uma caverninha de edredom.
—Allie-tapada? —ele franze o cenho confuso. — Por que estava chorando? O que aquele babaca JunSik fez? Eu juro que amanhã mesmo faço realinhamento do rosto daquele filho da puta, na base do soco.—Sinto falta da minha avó... — afasto com um sopro alguns cachos que teimavam em cair em meus olhos. — Aconteceu algo?...
—Nah! Só não consigo dormir direito. —ele abre um sorriso enorme. — Como você fala pelos cotovelos, pensei que assim me faria dormir.
—Pelo menos sirvo pra algo, certo?
—Trate de sorrir, Allie-tapada. Sua avó não gostaria de te ver pra baixo. — HongJoong faz uma cara de bravo tão engraçadinho, que é impossível não rir. —Allegra?
—Oi...— vejo que do outro lado da tela, HongJoong ficar sério novamente. —... fiz algo de errado?
—Nunca tinha notado suas covinhas nas bochechas. — ele franze as sobrancelhas com a cabeça levemente inclinadas. —... Isso é extremamente... Adorável... É esquisito.... Adoravelmente esquisita.
Conversamos por mais algum tempo, e pela primeira vez vi um HongJoong sem aquele escudo de rebeldia. Do outro lado da tela, HongJoong dormia com um biquinho adorável nos lábios. Desligo a vídeo chamada, e me acomodo entre os cobertores quentinho.
Eu pedi uma luz a Deus, e ele me enviou mais que isso, HongJoong era como os raios de sol em meio ao inverno congelante ao meu redor. Ele estaria sempre lá por mim, que seguraria minha mão quando tudo começasse a desmoronar.
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☀️Miss. Sunshine🌻 • HongJoong
Fanfiction"Onde tudo se inicia em um corredor, dois jovens e livros caído. " O corredor estava lotado de estudantes de olhos puxados que conversavam em frente de seus armários quando os vejo, de um lado a garota novata de cabelos cacheados e olhos enormes...