A noite de sono havia sido agitada como sempre para Signe, o mesmo pesadelo ainda a perseguia. Era o terceiro dia no hospital e apesar de não se lembrar da concordância de ficar na casa do doutor Wedel, não achava a ideia de toda ruim.
Afinal era melhor que qualquer hotel que pudesse encontrar na cidade e fora que bastava andar alguns metros e já estava no hospital. Aos poucos ela foi conhecendo outros pacientes além de Ingmar. Bjørg mantinha as aparências na frente do doutor Wedel, no entanto a cada oportunidade sozinho com Signe, arrumava um jeito de atacá-la.
Signe desconfiava que o motivo para o comportamento dúbio do médico era sua competência. Bjørg não conseguia digerir o fato que o próprio dono do hospital havia julgado ele incapaz de curar Ingmar. Para ele, Signe não passava de uma subestimada doutora vinda de outra cidade que havia roubado um de seus pacientes mais desafiadores.
Em seus anos de carreira, nunca havia tido uma oportunidade como essa, mas viu esvair de suas mãos. Signe havia conseguido ganhar uma certa confiança de Ingmar. Esse, ao perceber que isso afetava Bjørg, propositadamente fingia avanços, principalmente na presença de Wedel.
— Doutora Dahl, venho percebendo que você tem tido pequenos avanços com o paciente Ingmar. Há tempos que ele não tem nenhum comportamento agressivo e apesar daquele incidente parece ter sido uma exceção, com você ele parece estar lúcido a maior parte do tempo. Meus parabéns. Não acha o mesmo Dr. Misunnea? — perguntou Wedel.
— Ah sim, claro. A Dra. Dahl é muito competente. Parece que tudo que foi dito, seus precedentes são verdadeiros. — Bjørg engolia seco as palavras, mas não podia expressar o que realmente pensava, não na frente de Wedel.
— Obrigada senhor Wedel. Isso me deixa muito feliz, apesar de que ainda não fiz muito. Só tentei ganhar a confiança dele, criar um laço com o paciente é o primeiro caminho para poder compreendê-lo.
— Só queria fazer uma colocação que acho adequada. Foi a primeira coisa que fiz Dra. Dahl, assim que ele chegou aqui usei essa técnica. — Bjørg tentava se gabar na frente de Wedel, mostrando que tinha a mesma capacidade que a mulher.
— Sim. Eu me lembro, doutor misunnea. Porém me recordo também que não deu muito certo ou estou enganado?
Bjørg puxava seus bigodes de raiva. Seu sangue fervia e tentava ao máximo manter a frieza e calma aparente na frente do diretor. Apesar das palavras de Wedel, ele sabia, tinha a certeza que a única culpada por tudo aquilo era Signe. Mentalmente prometia a si mesmo que iria fazê-la pagar por toda a humilhação sofrida, iria dar a volta por cima e voltaria a ser a referência no hospital Aker.
— Preciso ir, Dr. Wedel. Doutora Dahl, com licença. — Bjørg fez uma pequena reverência com a cabeça saindo em seguida com passos apressados.
Bjørg entrou em sua sala ainda muito nervoso, e numa tentativa de se acalmar ficou repetindo para si mesmo várias vezes enquanto ajeitava seus óculos pretos:
"Eu sou Bjørg Misunnea"
"Eu sou Bjørg Misunnea"
"Eu sou Bjørg Misunnea formado na Universidade de Oslo".Como diz a terceira lei de Newton.
Toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto. A força é resultado da interação entre os corpos, ou seja, um corpo produz a força e outro corpo a recebe. Durante seus estudos, Isaac Newton percebeu que a toda ação corresponde uma reação.
O que Newton não sabia era que as ações de Bjørg iriam criar reações contrárias que afetariam profundamente o futuro dele próprio.
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O JARDIM DE AKER
Gizem / GerilimSigne Dahl é uma jovem psiquiatra de sucesso. Ela recebe um convite para trabalhar no hospital da família que foi a patriarca da psicologia no país. O hospital de Aker. Ela aceita o convite, pois além do desafio profissional havia um sonho de conhec...