Como definir um caráter?
Uma busca rápida na internet lhe dirá que é um conjunto de características e traços relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo ou de um grupo. É um feitio moral. É a firmeza e coerência de atitudes. O conjunto das qualidades e defeitos de uma pessoa é que vão determinar a sua conduta e a sua moralidade, ou seja, seu caráter.
Signe estava prestes a se questionar isso sobre Sigurd, mas ela não imaginava que na realidade, o doutor Wedel a observava de longe, cada movimento e reação da doutora era analisado por ele.
Pra piorar, os últimos acontecimentos só jogavam contra. Mesmo sendo algo involuntário, eram pontos negativos que no fim se tornariam um perfil negativo e pessimista.
Signe estava num momento diferente de sua vida, cansaço e distração haviam se tornado uma tônica e sua saúde parecia não estar tão bem quanto imaginava.
Assim, sem saber ia de encontro para onde pode-se chamar... O dia D de sua vida.
Ela caminhava tão furiosa quanto antes, porém determinada. E essa determinação era seu combustível para que saísse tudo bem ou tudo mal.
Então de frente à sala do diretor fechou os olhos, respirou fundo e abriu a porta.— Queria falar comigo doutor Wedel? — O semblante de Signe era sério.
— Sim! Por favor sente-se. — Ele gesticulava mostrando a cadeira a sua frente. — Você sabe o motivo de tê-la chamado até aqui? — Sigurd usava um óculos de grau e lia um papel que estava em suas mãos evitando olhar para ela.
— É uma pergunta um tanto quanto dúbia, não acha?
— Me desculpe. Tentarei ser direto. — Wedel esperava por alguma resposta justificando, porém se surpreende com a falta dela.
— Você deve saber sobre os novos pacientes daqui. O casal de irmãos Lucseen.
— Sim. Inclusive foi determinado que eu os acompanhasse de perto.
— Eu sei. Foi algo decidido por mim.
— Então o que tem? — Signe faz a pergunta mesmo sabendo a resposta, só para provocar Wedel.
— Como também sabe. Conheceu o pai deles, Arwyn Lucseen. — Wedel continuava a olhar a folha em suas mãos. — O que você não sabe, é que o senhor Lucseen é um grande financiador aqui desse Hospital e o modo que você agiu, bem... Não posso perder alguém como ele que ajuda tanto a manter o sonho dessa instituição de pé.
— Não acredito... Realmente estou pasma. — Signe falava com um riso nervoso. — Até você se vendendo por dinheiro? É como dizem mesmo. Todos tem um preço.
— Doutora Dahl, eu peço um pouco de respeito de sua parte. Sei que sou seu anfitrião e que temos certa liberdade, mas aqui estou como seu superior. — Agora ele olhava para ela e seus olhos pareciam ferver de raiva.
— Finalmente tomou coragem em me olhar nos olhos? Não conhecia esse seu lado. Vivendo e se surpreendendo.
— Senhorita Dahl. Eu não devia dar satisfações, mas falarei só para deixar bem claro a você.
— Qualquer hospital ou clínica além de dinheiro precisa de reputação. Uma boa reputação faz a diferença. A alguns anos que vivo sobre a reputação do passado. Só que eu quero mais, quero o presente olhando para o futuro. Trazer você aqui foi um passo nessa direção, o senhor Lucseen tem contatos que eu preciso para dar outros passos.
Nem tudo na vida é feito apenas de dinheiro.— Então... — Diz ela apertando os lábios. — Vai fazer vista grossa para um cara que negligência os próprios filhos por causa de alguns contatos?
— O ponto de partida de qualquer conquista é o desejo. E o meu desejo é ajudar mais e mais pessoas. Infelizmente como sabemos, na vida há alguns percalços. Pedras que temos de desviar do caminho.
As vezes tropeçamos nela e nos ferimos, mas depois levantamos e continuamos a caminhar.
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O JARDIM DE AKER
Misterio / SuspensoSigne Dahl é uma jovem psiquiatra de sucesso. Ela recebe um convite para trabalhar no hospital da família que foi a patriarca da psicologia no país. O hospital de Aker. Ela aceita o convite, pois além do desafio profissional havia um sonho de conhec...