VINTE E UM

3 3 3
                                        

— Enfermeira Signe. Reunião urgente na minha sala, agora.

A jovem enfermeira sentia um aperto em seu coração, sabia o motivo da reunião. Seu medo de perder tudo o que sonhou desde pequena era real, e ela se culpava por tudo.
Caminhando cabisbaixa e com um olhar triste ela entrou na sala do diretor do hospital.

— Signe. O que passou em sua cabeça? Como pôde fazer isso? Olha... Sinceramente não sei o que fazer.

— Me desculpe Sr. Bjørg, mas eu só quis ajudar.

— Ajudar? Meu Deus, mas o que você tem na cabeça Signe? Você conhece as regras, todo funcionário conhece as regras, e o que vou falar para a família agora? — Seu rosto estava totalmente vermelho, e ele puxava seu bigode demonstrando muito nervoso.

— Olha... Se quiser posso fazer algo a respeito. — Sua voz trêmula demonstrava seu total descontrole emocional

— Você acha que sou idiota? — Falou gritando. —  Acha que deixarei você foder tudo, duas vezes?

— Entendo seu lado, mas não precisa gritar assim comigo. Está sendo muito estúpido. — Seus olhos estavam vermelhos e com lágrimas.

— Signe, um paciente se matou. Tomando remédios controlados que você sem permissão lhes deu, então realmente estou sendo estúpido?

— Me desculpe. Juro, não foi minha intenção. Eu só quis ajudar...

— De boas intenções o inferno está cheio. Bom. Vá para casa, tenho que pensar muito no que fazer com você amanhã. Você merecia ser demitida hoje, mas não quero tomar decisões de cabeça quente, isso é tudo.

Signe saiu da sala destruída. Seu sentimento era um só. Seria demitida. E caso isso se confirmasse seria a pior derrota de sua vida.

Todo seu esforço para se tornar uma profissional respeitável estava escapando de suas mãos como areia.
Sua meta de se formar em psiquiatria, de ser a melhor e mais respeitada na área.

Ela sabia dos procedimentos internos do hospital. Mas deixou os sentimentos se misturarem com o profissional. Enquanto caminhava pensativa até seu carro, se repetia um filme a todo momento em sua cabeça.

Um jovem paciente depressivo com tendências suicidas, que lembrava seu irmão mais novo morto.
Desde a primeira vez que o viu, a fez sentir algo especial, via no garoto a chance de salvá-lo, fazer algo por ele, dar a chance de ajuda que o seu irmão nunca teve.

Ficaram próximos, o garoto então contou sua história para ela. Signe da mesma forma compartilhou a sua com o garoto. Signe o considerava como um irmão.

Toda medicação direcionada para ele era controlada, cabia a Signe cuidar para que tomasse a dosagem certa.
Porém um dia o jovem tecebeu a notícia de que sua mãe, a única pessoa que ele tinha na vida, havia falecido.

Transtornado, o jovem suplicou para Signe que deixasse ele tomar um comprimido de calmante, pois ele não iria conseguir dormir por causa da morte da mãe.

Signe, com o coração totalmente partido, entendia o que ele sentia e então no intuito de ajudar lhe deu um único comprimido paracwue pudesse dormir a noite.

Mas, as vezes a vida nos prega peças, e então sem perceber Signe deixou cair o frasco cheio com os comprimidos e o jovem Floki achou e os escondeu.

Para algumas pessoas, noites podem ser longas e dolorosas. Adicionando a perda da mãe a essa equação, fez com que o psicológico dela fosse afetado.

Floki não conseguiu suportar a dor que sentia, então enquanto todos dormiam, ele pegou o frasco e tomou todos os comprimidos.
O garoto morreu dormindo, teve finalmente a paz que tanto procurou.

O JARDIM DE AKEROnde histórias criam vida. Descubra agora