QUINZE

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- Como essa vista é linda! Nessas horas percebemos como a natureza é maravilhosa.

- Signe, Você não conhecia Geiranger?

- Sendo bem sincera, nunca havia visto de perto um Fiorde.
Agora posso comprovar o que dizem sobre. - O vento jogava seus cabelos no ar, enquanto ela olhava o vale muitos metros abaixo deles.

- Feche seus olhos Signe.

- Por quê?

- Confie em mim. Feche seus olhos. Você confia? - Ele estica sua mão na direção dela.

- Confio sim Sig. - Ela então fecha seus olhos.

- Agora me escute. - Ele ainda segurava suas mãos. - Minha avó fazia um pequeno jogo comigo quando eu era mais jovem. Sempre que eu viajava para algum lugar, ela dizia para eu fechar os olhos e tentar imaginar na minha cabeça a cena mais bonita que eu tivesse visto.
Então depois ela pedia para eu descrever com os olhos fechados.
Segundo ela, dessa forma eu guardaria nas lembranças e nunca mais esqueceria.
Como ela costumava dizer. "Era uma fotografia da mente".
A partir daquele dia, toda vez que eu via um lugar que eu achava bonito, eu fazia isso.
Pode parecer tolo né? Coisas de criança... Mas eu queria deixar marcado em sua memória algo especial.
Então faça desse momento, algo inesquecível. Descreva de olhos fechados tudo isso que você viu. Consegue fazer Signe?

- Acho que sim. - Signe dá um pequeno sorriso e respira fundo, fechando os olhos. - Sim! Consigo.

- O cenário é todo seu Sig...

- Eu sinto daqui de cima o vento gelado vindo do mar do norte, mesmo estando um dia ensolarado.
Vejo pequenas casas lá embaixo, no fim de um grande precipício cercado pelo verde das plantas.
Vejo o vale formado pela força das águas que durante séculos modelou a beleza única desse local.
Consigo ver um barco que daqui parece tão minúsculo quanto uma canoa.
Daqui de cima consigo sentir a liberdade que poucos aventurados tiveram o privilégio de poder estar.

Signe sentia uma felicidade tão grande que algumas lágrimas começaram a escorrer pelas maçãs de seu rosto.

- Está chorando Signe? Por quê isso?

- Nao é nada, só pensei numa coisa, besteiras minhas...

- Nada que vem de você eu acho besteira, me diga, por quê estava chorando? - Os olhos dela já estavam vermelhos.

- É que... Por alguma razão quando fechei meus olhos, eu pude sentir e ver tudo de uma maneira muito mais ampla do que com eles abertos. - Dizia enquanto enxugava os olhos com a palma das mãos.

- Foi exatamente o que eu disse que aconteceria, por isso pedi para que fizesse.

- Sim, eu sei... Mas não foi só isso o que eu pude ver.

- Como assim? Viu o que, além da paisagem?

- Eu pude ver como você é especial pra mim. E que nunca senti isso por ninguém antes. - Signe segurava as mãos do homem. - Promete sempre me amar?

- Claro Sig. - O homem a abraça e lhe dá um beijo. - Eu te amo. Muito e muito e sempre amarei.

- Eu também te amo! - Os dois se abraçaram enquanto o vento frio batia em seus corpos do alto do Fiorde. - Eu te amo.

Signe acordou repetindo as mesmas 3 palavras.; "Eu te amo".
Elas também ecoavam em sua cabeça, por alguma razão aquilo tudo era muito familiar. A única coisa estranha era que não conseguia se lembrar do rosto do homem.
Enquanto Tentava se lembrar do rosto, ela não percebeu que não estava sozinha. Havia alguém no quarto com ela parado a olhando.

O JARDIM DE AKEROnde histórias criam vida. Descubra agora