SETE

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Signe estava faminta. Quando chegou na cozinha viu um cesto com pães sobre a mesa. Fuçou a geladeira ficando feliz por ter encontrado algumas salsichas, pegou junto o ketchup e a mostarda e colocou na pia.
Depois abriu os armários em busca de uma panela pegando a primeira que veio a vista. Encheu com água e colocou no fogo.
Inicialmente sua ideia era fazer um *lompe, mas estava com preguiça de fazer a massa pois daria trabalho.
Teve que adaptar simplificando para um tradicional hotdog.
Após saciar sua fome ficou em dúvida entre se arriscar sozinha procurando o tal Jardim de Aker ou ir para seu quarto e esperar Sigurd voltar de sua caça. Por questões de coragem e preguiça acabou escolhendo a segunda opção e assim a fez.
Em seu quarto trocou de roupa colocando algo mais confortável deitando em seguida na cama.
Com seu celular na mão leu algumas coisas na internet e entrou em alguns joguinhos, como não tinha redes sociais não demorou muito para deixar de lado e sem perceber acabou fechando os olhos por cansaço e dormiu.
Alguns minutos depois Signe estava completamente desacordada.
Não podia evitar os pesadelos e esses novamente vieram para assombra-la.
O mesmo homem na sombra segurando uma arma, o grito de uma garota e o som de um tiro.
A sensação de ser baleada na barriga e o sangue ensopar sua blusa.
O mesmo pesadelo, as mesmas sensações e o mesmo susto ao acordar com suas mãos na barriga.
Isso tinha que ter um significado não havia outra alternativa, mas ela sabia que mesmo se tratando de apenas um pesadelo, de alguma forma isso estava mexendo com sua cabeça.
Ironicamente a pessoa que sempre ajudou estava precisando de ajuda.
Mas Signe era orgulhosa demais e ainda não estava pronta para confiar ajuda a alguém.
Signe estava toda banhada de suor, acordar assim assustada e sem entender era difícil, precisava de um banho.
Não sabia se Sigurd já havia voltado ou não, então coçou a cabeça prendeu os cabelos e entrou no chuveiro.
Foi um banho rápido, se enxugou e se vestiu e resolveu descer para ver se ele já havia voltado.
Já no corredor pela primeira vez tinha notado os quadros que ficavam na parede, certamente eram do pai e dos avós de Sigurd.
A mulher sentiu uma vontade imensa de bisbilhotar os outros cômodos, mas seu medo de ser pega por Sigurd era maior.
Quando ia descer as escadas foi surpreendida com Sigurd fazendo o caminho contrário. O anfitrião pareceu surpreso ao ver a mulher descendo e então ficou parado na parte de baixo enquanto Signe estava imóvel na parte de cima.

— Oi! – Sigurd parecia cansado.

— Oi. Como foi a caça?

— Não muito produtiva. E o seu dia como foi?

— Acho que produzi bastante dormindo. Estou até perdida com o horario — Signe dava uma risada bem descontraída.

— Dormir seria uma boa afinal passei a tarde toda na floresta. Já passam das 19 horas.

— Nossa!! Realmente dormi muito, só espero não passar a madrugada acordada.

— Isso não seria problema, eu poderia lhe fazer companhia. — Nesse momento o sorriso convidativo de Sigurd deixou Signe sem graça e a mesma desviou o olhar para o chão mudando de assunto.

— Está frio hoje, parece que mais frio que os outros dias.

— Sim. Estamos nos aproximando do inverno, logo começa a nevar por aqui.
Vamos ficar aqui na escada ou iremos nos sentar como duas pessoas normais? – Sigurd sorria novamente, só que dessa vez menos invasivo.

— Tem razão.

— Venha, vou colocar lenha na lareira, podemos conversar um pouco enquanto nós aquecemos.

— Você tem lareira aqui? É que não percebi ela na sala e... — Sigurd cortou a doutora e respondeu:

— Tenho sim. Mas não está na sala. Eu pedi para construírem no meu escritório, afinal passo mais tempo lá do que em outro lugar.

O JARDIM DE AKEROnde histórias criam vida. Descubra agora