Paul vestia um terno marrom claro por cima de uma camisa social, ele estava sentado no banco do passageiro de pernas cruzadas observando as ruas pela janela entreaberta. O silêncio desconfortante pairava sobre o carro, mas Paul não parecia nem um pouco incomodado, ele estava em outro mundo, tinha sido levado por uma onda de pensamentos, sua expressão entregava, ele estava preocupado.
- O senhor ainda não disse onde devo deixá-lo.
- Me chame apenas de Paul, temos praticamente a mesma idade. - De fato tínhamos pouca diferença de idade, Paul com seus 22 anos e eu com 20.
- Você pode me deixar no pub da esquina, na próxima quadra. O amarelo, conhece?
- Sim, o Gordon's ? - Paul apenas afirmou com a cabeça. - Está cedo, talvez não esteja aberto.
- Ele abrirá para nós.
Estacionei o carro em frente ao pub e como esperava estava fechado. Paul por sua vez não se abalou, enquanto caminhava até a porta gritava a plenos pulmões chamando por Andy. Eu estive algumas vezes no pub com amigas, Andy era um dos garçons, muito simpático e sempre de prontidão. Logo a porta foi aberta por um Andy sorridente, ele e Paul trocaram comprimentos e adentraram o pub.
- Brown, não vai me acompanhar? - Paul voltou até a porta para me chamar, até aquele momento tinha ficado na porta feito uma pateta, decidindo se esperaria ou daria o fora dali.
- Está um pouco cedo para beber, não ?
- Talvez, mas você não precisa beber se não quiser, apenas me faça companhia. - Paul agora parecia um tanto suplicante, ele estava visivelmente preocupado e parecia querer conversar.
- Tudo bem, vamos nessa.
Algumas doses de uísque e Paul já estava enrolando a língua para falar. Ele tinha praticamente vomitado em cima de mim todos os seus problemas; o agito do próximo álbum, as datas dos próximos shows, a namorada que estava sempre viajando. Eu apenas o escutava, sempre fui uma boa ouvinte, de qualquer forma Paul não me dava brechas para falar. Era impressionante o quão rápido sua língua se movimentava, formando palavras em cima de palavras. Fiquei tão distraída com a boca daquele baixista que não percebi quando sua mão pousou por cima da minha.
- Sei que estou te enchendo com essas coisas, você provavelmente estaria descansando agora, depois daquela reunião insignificante.
- Não é incômodo nenhum, eu não tinha nada importante pra fazer.
De repente fiquei com um leve receio de não ter usado as palavras certas, Paul olhava suavemente para mim, até que soltou um meio sorriso.
- Então podemos fazer coisas nada importantes na minha casa? Esse pub está muito chato hoje.
Não posso negar que corei com as palavras dele, incrível como eu me portava feito uma garotinha perto desses caras.
- Ainda está muito cedo, certamente você não esperava que o pub estivesse lotado as 15h.
- De qualquer forma vamos sair daqui, eu tenho um Bourbon em casa, me acompanha ?
- Ainda está um pouco cedo pra eu beber, mas se você tiver algo pra comer eu aceito. Não vou mentir, estou com muita fome, vocês sempre trabalham na hora do almoço?
- 8 dias por semana, docinho.
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Amanhã tem mais ❤️
Espero que gostem.
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g i r l .
Hayran Kurgu"E no fundo o amor que você dá, é o amor que você quer receber." Paul McCartney