Death Came

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POV. Louis

O desespero tomou conta de mim, ouvi o barulho da porta ser fechada e pressionei os olhos, com certeza era o padre mas não quis olha-lo, eu estava tentando me controlar com a notícia, minha mãe estava desesperada do outro lado da linha, meu padrasto me deu a notícia de um jeito frio e calculista, obviamente minha mãe não estava nem conseguindo falar, eu ainda não estava acreditando como aquele ser pequeno que tanto amamos agora não estava mais entre nós, eu sempre soube que a morte chegaria um dia para todos mas não dessa forma, para uma pessoa que ainda nem conhecia as coisas mais maravilhosas que a vida tinha, eu não aceitava de forma alguma, sentia minhas bochechas queimarem e as lágrimas quentes escorrerem por meu rosto, não consegui falar nada apenas fiquei ouvindo os choros de minha mãe que estavam me deixando cada vez mais abalado e ainda tentando entender aquilo, como e por quê? eu queria uma resposta concreta para aquilo, um motivo pelo qual Deus a tivesse levado, o sofrimento vem para todos mesmo que não queiramos, Deus sempre faz as coisas certas e nos momentos certos mas ainda sim eu queria o motivo, eu queria a resposta, eu queria saber o que a levou a morte, era só uma criança cheia de saúde, com certeza o motivo dos sorrisos mais verdadeiros da família, um ano, só um ano, não teve a oportunidade de explorar o mundo, eu não tive a oportunidade de mostrar o mundo á ela de todas as formas, ela se foi antes de saber que a vida não era apenas aquela imensa casa branca, que a natureza ia além daquilo e que o mundo lhe aguardava coisas inacreditáveis.

Coloquei o telefone de volta no gancho e me sentei no sofá que havia na diretoria completamente estasiado, não me sentia mais como antes, um pedaço de mim havia ido embora e mesmo que não parecesse eu a amava, eu a amo, eu a amo muito.

"Kehtlen, Kehtlen você pode me ouvir?

eu amo você, eu sempre vou amar você,

nossos momentos mesmo poucos serão eternos

e sempre ficarão guardados em minha mente,

eu nunca esquecerei seus pequenos sorrisos

e eu sempre vou te amar, a cada vez que eu

caminhar, pela imensidão das ruas eu vou

me lembrar, e eu sempre vou te amar"

- Você foi liberado nessa madrugada e poderá passar o final de semana com sua família, eu sinto muito, pode arrumar suas coisas que o motorista irá te levar. - o padre falava me observando como se sentisse pena, nunca me imaginei tão vulnerável daquela forma, a dor da perda é incomparável a qualquer outra, isso sempre seria a minha maior dor e meus pensamentos sempre seriam ligados a ela, mesmo em pouco tempo tínhamos um laço muito forte, nunca me imaginei vivendo essa desgraça.

Saí da sala sem dar qualquer resposta ao padre ainda deixando as lágrimas caírem pelo rosto sem me preocupar em limpá-las fui em direção ao quarto com as pernas bambas, sentia meu corpo fraquejar e as imagens que eu tinha dela feliz e sorrindo passavam por minha mente, não sabia o que tinha acontecido mas eu não estava lá, eu não pude impedir, eu não pude nem me despedir, não pude dar um último adeus, isso foi a pior coisa que aconteceu na minha vida, pela primeira vez eu senti na pele o quanto dói perder alguém que se ama, o quanto dói saber que uma pessoa foi para nunca mais voltar, o quanto dói saber que era o fim, que dali em diante seria diferente e ela não estaria mais ali, as vezes em nossas vidas imaginamos ser imunes a qualquer desgraça ou tragédia, tudo não passa de notícias da tv que nunca vão acontecer com você, mas é tudo ao contrário do que você pensa, a vida prega peças que você pensa não fazer partes do seu quebra-cabeça mas quando você percebe elas se encaixam perfeitamente e você é só mais um no mundo como todos os outros, as coisas acontecem com você igual como acontecem com qualquer um, sempre pensamos em ser as famílias felizes dos filmes que nunca passam por tristezas mas as vezes as coisas acontecem para mostrar que o mundo não foi feito somente pra nós.

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