Clues

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POV. Louis

Meu rosto já estava inchado e eu me sentia acabado, deitado em uma cama chorando como um derrotado.

Na minha cabeça nada passava a não ser as lembranças de tudo que vivemos, de tudo que passamos juntos que mesmo sendo poucos momentos eu me lembrava perfeitamente, eu não deveria me sentir culpado ou sentir que agi errado, mas ele tentou se desculpar, ele me procurou e disse que estava arrependido, mas pra quê? pra fazer a mesma coisa 18 anos depois? estava tudo tão recente e confuso que eu mal conseguia raciocinar direito sobre as coisas que estavam acontecendo mas mesmo assim eu me sentia culpado, eu não deveria ter o negado, eu deveria ter perdoado, afinal quem era eu para julgar alguma coisa? mas não...Eu não o perdoei, eu o deixei partir sem ouvir um "eu te amo" ou "eu te perdoo", ele errou tanto, ele não foi um marido ou um pai suficiente mas de qualquer jeito era meu pai e mesmo que não merecesse eu o amava tanto e só hoje eu percebi isso...Tarde demais.

Decidi me levantar e lavar o rosto esperando que toda essa mágoa descesse pelo ralo junto com a água, meus olhos estavam inchados e meu rosto muito vermelho, poucas lágrimas escorriam de meu rosto já que eu nem tinha mais o que chorar, minha pele estava branca muito diferente do normal e estava refletindo ainda mais o vermelho do meu rosto, eu estava fraco mal conseguia suportar meu peso, estava literalmente derrotado, morrendo aos poucos por alguém que eu nunca imaginei chorar, nunca imaginei viver uma desgraça como essa.

Tentei recuperar a força que eu tinha perdido e mesmo não conseguindo, me desencostei da parede onde estava o espelho e fui até o banheiro, lavei meu rosto com a água gelada e fiquei respirando por alguns segundos ainda com o rosto molhado e ainda sentindo algumas lágrimas quentes se misturarem com a água fria, a noite estava escura demais e o tempo estava muito frio, o que parecia contribuir para que eu sofresse ainda mais.

E então na escuridão da noite eu chorei, tudo que tinha para chorar, tudo que nunca imaginei sentir estava sentindo agora, nunca imaginei estar me lamentando tanto mas isso estava doendo, é como se tivessem levado uma parte de você e em seguida quando você está suportando a dor levam a outra parte mas uma parte que ainda resta tenta ter forças para viver por alguém que ainda está aqui e que essa sim vale a pena, onde eu encontraria forças porque sinceramente tudo isso é uma verdadeira droga, eu nunca me importei com o que os outros pensam ou dizem em relação aos meus problemas, minha família sempre foi a mais problemática e graças ao meu pai tudo isso era pior, mas será que ele tinha um motivo e na verdade ninguém sabia? eu sempre achei tão simples meter os pés pelas mãos e descarregar em cima dele tudo aquilo que eu sentia, mas e como ele se sentia? por que eu nunca liguei? talvez a única sensação que ele sentia é a mesma que eu sinto agora, chorando nesse quarto escuro como um derrotado sentindo que ninguém me ama.

Bateram na porta. Quis ficar em silêncio mas com certeza não era um aluno a essa hora e se fosse o padre iria entrar de qualquer jeito.

- E-entra. - engoli o choro e limpei as lágrimas rapidamente, tentei não vacilar na voz mas não tinha como, qualquer um que enxergasse perceberia meu estado a quilômetros de distância, eu estava deplorável, um estado que nem eu mesmo nunca teria me imaginado estar.

Em menos de dois segundos, o padre entrou.

- Louis? - ele estava tenso e cauteloso como se estivesse tomando cuidado nas palavras e esperasse me encontrar quebrando o quarto inteiro mas quando viu meu estado seus olhos se arregalaram e seu rosto agora mostrava pena, uma das coisas que eu mais odiava que sentissem de mim, era pena.

- Estou aqui. - dei um sorriso irônico e forçado. - Estou aqui imaginando se eu deveria me jogar pela janela agora ou esperar o dia amanhecer. - olhei a janela e no momento era minha única vontade, subir naquela grade e acabar com tudo isso.

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