Capítulo 8

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Verônica Exousia 🌙

Eu estou perdida e confusa, quero lutar. Parte de mim quer tentar fazer dar certo, mas eu sei que posso me machucar ainda mais, outra parte de mim quer esconder, lamentar e esperar a hora que alguém me matará, porém, eu também quero simplesmente não ligar e ser a assassina fria criada para ser, sem sentimentos culpa ou arrependimento. Posso ser útil nos exércitos, vou ser uma máquina de matar.

Quero um amor impossível, que escapou entre meus dedos no momento em que eu matei a primeira pessoa, no minuto em que o sangue inocente manchou meus pelos, no instante em que minhas garras dilaceraram a primeira artéria.

Almejo sumir, desintegrar diante do crepúsculo e me tornar apenas a lembrança de um mal que se foi,  e que em breve será esquecido de pelo tempo, ou talvez me torne uma figura maléfica das histórias que as mães contam para as crianças, para impedir que elas vão sozinhas na floresta.

Porém, primeiro meu desejo mais profundo é nunca ter nascido, nunca ter feito nada, nenhuma atrocidade, nada que eu me arrependo, simplesmente não existir, como um vão no tempo, apagado.

O quarto parece pequeno, não consegue comportar meus devaneios, não posso mais ficar aqui, não mereço esse atendimento, vou esperar a rejeição e deixar de viver.

Eu saio pela janela no hospital, rezando para passar despercebida pelo supremo, não quero encará-lo agora, mas sei que em algum momento eu vou ter que fazer isso.

Encontrei novamente a quele médico, que assim que notou minha presença correu em minha direção, e eu me transformei mais uma vez, assustada e fraca.

— Ei, calma não vou machucar você, não pode ir em bora agora seu tratamento ainda não está completo. — Ele disse suavemente com voz preocupada.

— Não se preocupe, eu já me recuperei de coisa bem pior, e todas às vezes sai viva. — Disse voltando a forma humana e tentando me afastar cautelosamente.

— Por favor, vamos conversar e pensar com calma certo? Vamos para meu consultório, ninguém vai interferir lá.

Mesmo com grande receio eu aceitei, é necessário se ter aliados se quiser vencer uma batalha.

— Certo.

Ele esboçou um sorriso reconfortante e começou a andar, pelo longo corredor. O piso era liso, talvez seja meu costume de andar sobre o chão áspero da arena, a colocação nos corredores difere, todas as partes bem iluminadas por poderosas lâmpadas.

Ao entrar em sua sala, ele fez sinal para que me sentasse em uma pequena poltrona marrom, que estava em um canto da sala, era tudo bem organizado e limpo, colorido com cores de amarelo e verde, tudo muito alegre e sinceramente combina com ele.

— Aqui, tenho uma coisa para você.

Ele me estendeu uma caixa dourada, com um pequeno laço em sua superfície e eu a abri, desconfiada do que poderia ser, e realmente eu quase caio da cadeira. Era chocolate, chocolate e morangos o mesmo cheiro de meu companheiro, e a mesma coisa que Lucca, me oferecia quando podia, na quela cela apertada, enquanto usufruía de seu dom para curar minhas profundas feridas.

Senti meus olhos aderem, mas me contente em comer saboreando cada mordida, contemplando a mistura dos sabores e o espetáculo que se implantava em minha língua.

— Não precisa comer se não quiser, mas comer chorando não deve ser bom. — Disse com um frágil riso no final da frase.

— Lucca, era um curandeiro da fortaleza, quando minhas feridas eram muito profundas e ele teria que ficar horas para me curar, me presenteava com chocolate e morango, somente um pedaço já que não era acessível para queles que não fazem parte do reinado de Samel. — Disse e parei, assim que vi o semblante do médico ir de compreensivo e calmo para espantado e surpreso.

— Você disse Lucca? Por acaso sabe o sobrenome? — Sua voz perderá o vigor de alguns instantes atrás, mas me PIS a responder sua pergunta rapidamente.

— Se não me engano, em uma das sessões de cura ele citou sua família, o nome era Farmako.

Vi seus olhos transbordaram, e uma lágrima solitária se aventurou por sua bochecha.

— Ele está vivo? — Sorriu — A 12 anos atrás, uma pequena aldeia perto de Orion, foi atacada por um grupo desconhecido, eu vim de lá, mas meu irmão não teve a mesma sorte que eu. Meu nome é Mateo Farmako, e Lucca é meu irmão.

Continua...


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