Bússola

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

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CAPÍTULO II - BÚSSOLA

- Você realmente não se lembrou de nada de ontem para hoje? – Pergunta o homem de óculos de sol amarelos, cavanhaque no rosto e olhares atentos sobre mim. Tony Stark, como havia me informado.

Nego, voltando a encarar a bússola que estava em minhas mãos. Ouço o homem suspirar desanimado, enquanto continuava sentado ao meu lado, com os cotovelos apoiados sobre os joelhos e o queixo sobre as mãos. Havia algo naquele estranho objeto que atraía.

Eu não me lembrava de nada do meu passado. Não me lembrava como era minha família, amigos nem tampouco dos momentos que passei ao lado deles. Não me lembrava das minhas comidas e cores favoritas. Do que eu gosto ou do que eu não gosto. Não sei onde eu moro, nem como cheguei ao hospital e nem o motivo de não conseguir me separar da bússola que possuía a foto de uma mulher muito bonita escondida em sua tampa.

Era frustrante não conseguir responder as perguntas que as pessoas faziam sobre mim ou meu passado. Ao mesmo tempo, minha mente se embaralhava em conhecimento inútil como palavras em idiomas estrangeiros ou que a bússola significa proteção e orientação, pois indica um caminho e as direções corretas para se chegar em algum lugar almejado, ou então a uma meta, de modo a se chegar a um destino esperado de forma segura.

A bússola também pode simbolizar o vínculo com o lugar de origem, como o lar, a família, ou qualquer outra coisa que pode ser considerada como raízes. Ou seja, um local para onde se tem o desejo de voltar. Devido a isto, a bússola é um símbolo amplamente utilizado por marinheiros e viajantes. Ela também é tida como um instrumento de sorte, pois representa a possibilidade real de se alcançar um destino desejado. Então, eu me perguntava quem era a moça na bússola e porque eu me sentia tão apegado a esse objeto estranho se Tony tinha me garantido que eu não era um marinheiro e nem um navegador.

- Você está bem? – A pergunta de Tony me pega de surpresa. Fecho a bússola e o encaro. Ele já havia os óculos de sol e me observava atentamente. – Há algo que queira perguntar?

- Eu... estou bem. – Afirmo, dando um fraco sorriso. – Eu só... não sei o que deveria fazer. Ainda que me diga que me chamo Steve Rogers, que eu tenho trinta e cinco anos e que sou um agente especial da CIA, eu sinto como se você estivesse falando sobre outra pessoa e não sobre mim. Eu... não sei explicar. Só é estranho e frustrante.

- Bem, você sofreu um golpe e tanto na cabeça e perdeu suas memórias. Acho que é normal se sentir perdido e confuso. Não dá para esperar que você recupere tudo de uma vez. Mas talvez, Peggy possa ser a solução. – Responde Tony e eu o encaro interessado.

Aquele nome havia sido citado mais de uma vez pelo homem e todas as vezes fazia meu coração se acelerar. Eu ainda não havia me encontrado com Peggy, ainda que seu nome fosse sempre dito por Tony como se ela fosse a chave para todos os meus problemas.

- Quando irei conhecer essa Peggy? – Pergunto e ele ri, encarando-me com um olhar malicioso. Sinto-me desconcertado.

- Ainda que tenha perdido as memórias, seus sentimentos por ela ainda são intensos. – Comenta Tony, levantando-se da cadeira ao lado de minha cama. – Ela já deve estar para aparecer junto com os seus três filhos.

- Filhos? Eu tenho filhos? – Pergunto, apavorado. – Por que não me disse isso antes? Peggy é a mãe deles? Eu e ela somos casados?

- Sim. Você tem três lindos filhos. Uma garota de quinze anos chamada Kayla, um menino de nove anos chamado Alex e uma bebê de dez meses que se chama Liz. Você e sua esposa Peggy formam uma linda família feliz. – Responde Tony e essas informações me deixam, de certa forma, eufórico.

Memórias de NovembroOnde histórias criam vida. Descubra agora