Beaufort

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

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CAPÍTULO IV - BEAUFORT

- Papai, eu terminei. – Avisa Alex, terminando de vestir o short que usava.

Ainda era estranho ser chamado de "papai", mas não era um estranho ruim. Todas as vezes que Alex me encarava com aqueles grandes olhos azuis brilhantes, animado pela ideia de ter um pai, eu sentia meu coração se aquecer. Alex parecia realmente acreditar que eu havia assumido o papel paterno em sua vida. Era incrível como uma simples palavra dita com tanta doçura e inocência poderia me deixar tão feliz.

- Tudo bem. Vamos lavar as mãos e voltar para a sua irmã, antes que ela resolver invadir esse banheiro para garantir que você está bem. – Brinco, guiando Alex até a pia, que ri e lava as mãos com curiosidade sobre a torneira que funcionava por sensor.

Assim que terminamos de lavar as mãos, seguimos para a saída do banheiro. No entanto, antes que eu alcançasse a porta, Alex puxa a minha mão e me encara com seriedade. Ao ver que a nossa presença atrapalhava a entrada e saída, puxo Alex para o lado e me abaixo para ficar em sua altura, assim como Kayla havia feito anteriormente.

- O que foi, amigão? – Pergunto com preocupação, enquanto coloco as mãos sobre os seus ombros.

- Se você não é o meu papai, você não vai poder jogar baseball comigo? – Pergunta a criança com curiosidade e um resquício de tristeza em seus olhos.

- É claro que eu vou jogar com você, Alex. Mesmo quando eu não for mais o seu papai, eu ainda vou brincar e jogar baseball com você. – Respondo e ele me encara em desconfiança.

- Você promete? – Ele pergunta, erguendo o dedo mindinho. Rio e assinto, cruzando o meu dedo no dele.

- Eu prometo. – Respondo e Alex abre um grande sorriso. Acaricio os cabelos macios do garoto e me levanto, estendendo minha mão a ele. – Agora vamos. Sua irmã está esperando por nós.

Alex assente animado e segura minha mão com firmeza. Minha resposta havia trago de volta toda a sua animação natural. Acabo rindo mais um pouco comigo mesmo, pensando em como apenas a possibilidade de jogarmos baseball juntos parecia ser um grande acontecimento para a criança. E assim, deixamos o banheiro masculino e nos aproximamos de Kayla, que encarava Liz e Peggy à distância.

- Kayla! – Alex chama e ela o encara com atenção, como se estivesse verificando que ele estava bem. – Papai prometeu que vai jogar baseball comigo mesmo quando não for mais nosso papai.

- É mesmo? – Kayla me encara por alguns instantes, estudando minha expressão. Provavelmente queria ter a certeza de que eu falava a verdade. Permaneço firme e devolvo o olhar com intensidade. Ela então suspira e dá um pequeno sorriso. – Bom, espero que não se esqueça de que promessa é dívida. Espero realmente cumpra com o que falou.

- Eu vou cumprir. – Garanto e ela assente, parecendo mais convencida de que eu falava a verdade. – Agora nós precisamos voltar. Acho que está quase na hora de embarcarmos.

Kayla assente e Alex me puxa em direção a Peggy, Tony e Hillary, que conversavam calmamente, enquanto Liz parecia lutar contra o sono com a cabeça apoiada no ombro de Peggy e um dedo na boca. Ao notarem nossa presença, meus amigos sorriem e pelo canto do olho posso ver a surpresa de Kayla ao ver que depois dela relutar tanto em entregar Liz a sua futura mãe de mentirinha, a irmã caçula parecia tão à vontade em seu colo.

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