Noite

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

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CAPÍTULO VI - NOITE

Eu não sabia que você cozinhava tão bem. Isso aqui está uma delícia. - Peggy elogia, suspirando ao comer mais um pouco da macarronada que eu havia preparado.

A verdade é que nem mesmo eu tinha conhecimento sobre os meus dotes culinários. Não que isso fosse uma novidade, tendo em vista que eu continuava sem saber muitas coisas sobre mim e as pessoas a minha volta. No entanto, no momento em que Peggy se mostrou uma pessoa um pouco perigosa demais para permanecer na cozinha, quando queimou uma panela e quase incendiou a casa, minha mente simplesmente começou a trabalhar em uma solução para o problema e quando eu vi, estava cozinhando uma macarronada.

- Obrigado. - Agradeço, sorrindo orgulhoso do meu bom trabalho.

- Está muito gostoso, papai. - Afirma Alex, comendo euforicamente. Acabo rindo ao ver seu rosto todo melado de molho de tomate.

- Obrigado, filho. - Respondo e seu sorriso se alarga ainda mais.

Encaro a mesa e vejo Liz toda lambuzada ao brincar com a macarronada, enquanto Peggy vez ou outra tentava dar comida para a menina. Ela parecia realmente feliz em brincar com o molho. Kayla era a única que não havia dito nada desde que chegou à mesa. Comia calada e pensativa. A forma calma com a qual ela pegava a comida e nos observava dava a impressão de que estava com medo de cometer algum erro.

- Hailey. – Chamo, tentando me acostumar com o fato de que a partir de agora, esse era o seu nome. Ela levanta o olhar e de seu prato e me encara com timidez. – Está tudo bem?

- Sim. – Responde, movendo os lábios em um mínimo sorriso.

- Você está tão quieta. Por acaso não gostou de alguma coisa? Quer que eu faça outro prato para você? – Pergunto, preocupado com o abatimento de Kayla. Ela arregala os olhos e nega freneticamente, balançando a cabeça.

- Não! De forma alguma. Está tudo muito delicioso. – Afirma, parecendo um pouco mais animada. – Eu apenas estou cansada pela longa viagem.

- Certeza? – Insisto e ela assente, dando um fraco sorriso. Troco olhares com Peggy, incertos sobre o que deveríamos fazer.

Não que Kayla desse trabalho ou algo assim. Ela estava cumprindo sua promessa em nos permitir cuidar dos irmãos e era bastante educada. Nunca reclamava ou era rebelde. Ela estava agindo como a filha perfeita. Ainda assim, Kayla raramente sorri e nunca fala sobre seus sentimentos. Depois de ter sido perseguida por um assassino e ver a morte de uma pessoa importante para ela, é normal que ela se sinta melancólica, mas eu me sentia péssimo por não saber como lidar com a garota.

- Está animada para ir à escola pela primeira vez? – Peggy tenta mais uma vez, sorrindo com interesse.

- Sim. – Responde Kayla, sorrindo nervosa. E nesse momento, posso ver seus olhos brilhando com intensidade. Surpreendo-me ao notar que havia um assunto que parecia despertar algum tipo de felicidade na garota. – Espero conseguir acompanhar a turma.

- Tia May disse que o sobrinho dela estudará com você e vai te ajudar a entender o conteúdo que já foi passado, então acho que não precisa se preocupar tanto assim. – Respondo e ela assente, incerta. – Mas se mesmo depois da explicação dele você continuar sentindo dúvidas ou achar que não consegue acompanhar seus colegas de classe, é só nos avisar, que nós procuramos algum professor de reforço.

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