Cativante

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

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CAPÍTULO XIV – CATIVANTE

- E agora, vamos a pose do beijo. Eu irei fotografar o momento em que seus olhos se encontram e pouco a pouco vocês se aproximam e se beijam. Está bem? Quero ver as expressões apaixonadas.

O fotógrafo nos encara com expectativas. Desde o começo da sessão inesperada de fotos ele havia nos dito que éramos como um casal de revista, bonitos e bastante fotogênicos, então ele aproveitaria ao máximo a nossa presença na festa. No início, nós estávamos tímidos, mas Peggy pareceu se divertir ao ser alvo da câmera de Jamie e eu acabei indo na onda. No entanto, seu atual pedido nos pega desprevenidos.

Por um lado, eu me sentia feliz. Sendo sincero, a atual situação em que estamos, eu não sei se teria coragem de tomar a iniciativa para beijá-la e isso é algo que eu desejo fazer desde a primeira vez que eu a vi entrar por aquela porta do quarto do hospital, exalando toda aquele alto astral e aconchego que somente Peggy parece ter.

Por outro lado, o medo de acabar estragando nosso relacionamento, que todos sempre deixaram claro ser praticamente trinta anos de apenas amizade, ou ser rejeitado de uma forma dolorosa a ponto de não ser capaz de encará-la novamente me impediam de dar o primeiro passo. O que eu faria se eu acabasse me deixando levar pelos meus sentimentos e acabasse sendo odiado por Peggy ao confundir toda a situação que teoricamente não se passa de uma atuação.

Quer dizer, Connor e Ashley são casados e têm três filhos. Não Steve e Peggy. Apesar de vivermos como uma família, eu tento não me iludir. Mas é difícil quando eu não poderia estar mais feliz pelo companheirismo e sintonia que criamos em tão pouco tempo. Peggy é uma mãe incrível e sempre parece saber o que fazer para me animar, mesmo quando estou deprimido por não conseguir me lembrar de meu passado.

Ela é mulher mais linda e determinada que eu conheço. A forma como ela sempre parece pronta para enfrentar qualquer pessoa para defender o que acredita é admirável. Peggy também é sempre muito racional e calma. Ela sempre parece ter a solução para qualquer problema que apareça. Confiável e gentil, é impossível não se apaixonar por ela.

- Pose do beijo? – Questiona Peggy, dando um riso nervoso. Ela me encara com os olhos levemente arregalados e eu podia ver um brilho de desespero neles. Talvez não soubesse o que fazer. – Acho... acho melhor não. Eu sou tímida demais para isso.

- Ah, vamos lá! Vocês são um casal lindo e tem uma química difícil de encontrar. Os olhares que vocês trocam trazem paixão a foto. Eu só quero mostrar ao mundo como vocês são um casal incrível mesmo depois de quinze anos de casado e com três filhos. – Comenta Jamie, animado.

- Como sabe que somos casados há quinze anos e que temos três filhos? – Pergunto, desconfiado. Ele parece surpreso com a pergunta, mas não demora a dá uma risada divertida.

- E quem não sabe? Beaufort é uma cidade pequena. Como é difícil ter alguém de fora e quase nada de novo acontece por aqui, o pessoal adora falar sobre a vida dos outros. Além disso, meu tio trabalha com você na obra do sr. Jarvis e minha filha estuda com o seu filho Tommy. – Responde Jamie, dando de ombros. No entanto, não demora muito para que sua animação retornasse. – E então? Vocês irão fazer a pose? Tenho certeza de que ficará uma foto linda para vocês fazerem um pôster.

- Nós... – Hesito, porque por mais que eu quisesse, não poderia forçar Peggy. Encaro-a e vejo que ela está pensativa. Por fim, Peggy sorri e respira fundo, como se estivesse tentando se acalmar.

Memórias de NovembroOnde histórias criam vida. Descubra agora