Preparativos

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

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CAPÍTULO XII - PREPARATIVOS

- Tommy, venha comer antes que a sua comida esfrie. – Chamo pelo que deveria ser a quinta vez, mas o garoto continuava com os olhos vidrados na partida de baseball que passava na televisão. Rio da forma como ele parecia completamente alheio ao que ocorria ao seu redor. – Tommy!

Alex parece me ouvir quando falo mais alto e finalmente desvia o olhar da televisão para mim. Cruzo meus braços, mostrando que eu não estava satisfeito com o seu comportamento. O menino se encolhe e corre para a sala de jantar ao mesmo tempo em que a campainha de casa toca.

- Sua comida já está colocada. Lave as mãos antes de comer. Enquanto isso eu vou atender a porta. – Oriento com seriedade, mas o meu tom de voz estava baixo, indicando que eu estava chateado pela demora do garoto em fazer o que eu havia pedido antes. – E fique de olho em Emma. Ela está na cadeirinha, mas não sabemos do que ela pode fazer.

- Sim, papai. – Alex concorda, provavelmente temendo que eu fizesse alguma coisa.

Suspiro e sigo para a porta da sala, desanimado com a possibilidade de Peter estar do outro lado dela, já que Alex e Kayla haviam o chamado para assistir a um filme, enquanto May, Jarvis, Peggy e eu estaríamos no baile de casais. Então meio que seria uma noite de pijamas para as crianças e adolescentes. O que me deixava um pouco mais tranquilo é que eles não ficariam sozinhos e não acho que eles seriam ousados o bastante para fazer algo que pudesse decepcionar a Peggy e eu.

Demoro ainda alguns minutos, ponderando se deveria abrir a porta ou deixar que ele congelasse no frio que fazia do lado de fora. Eu sabia que estava sendo infantil com o meu tratamento com rapaz, mas eu não conseguia evitar esse meu lado pirracento todas as vezes que eu pensava que existe mesmo a possibilidade de o paspalho namorar minha filha. Ainda que ele já tenha se mostrado uma boa pessoa, isso não amenizava o fato de que ele poderia realmente beijar Kayla ou ser um babaca com ela.

Suspiro e abro a porta. Para a minha felicidade, a pessoa do outro lado da porta era Deborah Lancaster, a sogra de Alfred. A mulher baixinha de cabelos grisalhos, óculos redondos e olhar doce, sorri e se encolhe mais ao sentir um vento gélido a atingir. Correspondo ao sorriso e abro mais a porta, dando espaço para que ela entrasse.

- Sra. Lancaster. Obrigado por ter vindo. – Agradeço, vendo-a se virar para mim, ainda tremendo de frio. Acabo me sentindo culpado por ter demorado tanto para atender a porta.

"Maldito, Peter Parker que me faz sair como um vilão da história direta ou indiretamente." – Penso, frustrado pela situação. Eu realmente esperava que a idosa não descobrisse que ela havia passado pelo menos cinco minutos no frio intenso que fazia essa noite, enquanto eu estava do outro lado da porta, sorrindo por imaginar o idiota do melhor amigo de minha filha sofrendo.

- Debbie, querido. Pode me chamar de Debbie. E sou eu quem agradeço. Você não imagina o quanto eu fiquei feliz quando Alfred me disse que um amigo precisava de alguém para cuidar de duas crianças e uma jovenzinha enquanto os pais estariam no baile de casais. A gente envelhece e de repente não é mais necessária para as pessoas. Então é ótimo que eu serei útil de alguma forma. – Responde a idosa, passando a se desmontar. Ela retira a bolsa grande que trouxe do ombro, os dois casacos grossos de frio, as luvas e o cachecol que a envolvia seu pescoço. Ofereço-me para pegar e coloco tudo no cabideiro na entrada da casa. – Hoje está realmente frio.

- Está bem, Debbie. A senho... – A mulher me lança um olhar repreendedor e eu acabo rindo. – Você aceita um pouco de chocolate-quente para se esquentar? Eu acabei de fazer. Está uma delícia. – Ofereço, estendendo o braço para indicar o caminho que deveríamos fazer. – Eu aproveito para apresentar as crianças que irão te fazer companhia essa noite.

Memórias de NovembroOnde histórias criam vida. Descubra agora