Trabalho

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

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CAPÍTULO VIII - TRABALHO

Assim como no dia anterior, acordo cedo com o choro desesperado de Liz por comida. No entanto, ao contrário do que aconteceu pela manhã de ontem, minha esposa de mentirinha não estava ao meu lado. Encaro o celular que estava ao lado da cama e vejo que já estava na hora de levantar. Jarvis passaria às seis e meia para me buscar e eu precisava preparar o café da manhã e o almoço de minha família.

Procuro por Peggy no banheiro do quarto, mas não a encontro. Sigo para o quarto de Liz e a garotinha já estava de pé, chorando alto, em um pedido claro de comida. Sorrio e a pego no colo quando ela me oferece os braços, manhosa e ainda sonolenta pelo horário.

- Onde será que está a sua mamãe, hein? – Questiono a menina, dando um beijo estralado em sua bochecha. Ela resmunga, mas ao menos para de chorar. – Será que ela já está na cozinha preparando a sua mamadeira?

Liz faz alguns sons incompreensíveis e leva a mão na boca, ainda resmungando de fome. Acaricio seus cabelos ondulados e saio do quarto. A casa estava silenciosa pelo horário, mas me surpreendo ao ver a porta do quarto de Kayla aberta. Aproximo-me com curiosidade e meu coração se aquece com a cena que vejo na entrada do quarto.

Peggy dormia abraçada a Kayla, acomodadas de uma forma bastante desconfortável na cama de solteiro. A menina tinha o rosto pressionado contra o peito de Peggy e pelas manchas em seu rosto e o nariz vermelho, ela havia chorado com intensidade.

- Lala! Lala! Lala! – Liz começa a chamar pela irmã, estendendo os braços.

No mesmo instante, Peggy acorda assustada e me encara confusa. Ao sentir o peso em seu peito, ela encara Kayla e parece se lembrar do que aconteceu, dando um sorriso fraco. Com cuidado, a mulher tira os braços da adolescente de cima dela e quando finalmente escapa do abraço – com Kayla se movendo ao procurar uma posição mais confortável -, ela se levanta de uma vez. Posso ver que ela perde um pouco do equilíbrio, mas quando o recupera, cobre a garota com o coberto e vem em minha direção.

- Lala! Lala! – Liz continua a chamar, mas é Peggy quem a pega no colo.

- Bom dia, princesinha. – Sussurra Peggy, dando um beijo estalado na bochecha de Liz. - Lala está dormindo, então vamos lá para baixo preparar uma grande mamadeira para você, que eu tenho certeza de que está com muita fome. – Ela então se vira para mim e sorri com doçura. – Bom dia.

- Bom dia. Está tudo bem? – Pergunto e ela assente, concordando.

- Sim. Vamos conversar na cozinha. Lá eu explico para você o que aconteceu enquanto você roncava madrugada adentro. – Responde Peggy com a voz carregada de humor.

- Eu vou apenas lavar o rosto. Você se incomoda? – Indago, um pouco envergonhado. Ela ri e nega, enquanto deixamos o quarto de Kayla. Fecho a porta com cuidado e me viro para ela. – Será rápido. Eu prometo.

- Pode ir. Enquanto isso, eu vou adiantando a mamadeira da bebê. Pelo menos alguma coisa na cozinha eu sei fazer. – Responde a mulher com um sorriso bem-humorado. Ela então faz cócegas na barriga de Liz, que gargalha e joga o corpo contra o de Peggy. A garotinha realmente estava se apegando a mulher.

Observo Peggy descer as escadas conversando em um quase monólogo com Liz até que as duas desapareçam do meu campo de vista. Rio e decido me apressar. A hora estava passando e eu não tinha muito tempo até conseguir me arrumar, fazer a comida e ir para o trabalho.

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