Situação

53 8 7
                                    

ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

📅

CAPÍTULO XIX - SITUAÇÃO

Eu havia conhecido os meus pais. Quer dizer, eu já os conhecia, como os filmes e as fotos que Peggy havia me mostrado deixou bem claro. No entanto, para a minha frustração, eu continuava a não me lembrar dos momentos em que passei com a minha família. Ainda assim, eu me sentia frustrado e com o coração quebrado depois de ter visto como era o meu relacionamento com meus pais.

Eles eram pessoas incríveis. Amorosos, gentis e bondosos, os dois eram excelentes pais. Eu me perguntava quantas memórias eu esqueci de momentos importantes que passei ao lado deles. Quantas abraços, beijos e palavras de apoio se perderam em minha mente que poderiam fazer toda a diferença em minha vida nesse momento se eu não tivesse me esquecido?

Mas mais do que isso, eu me questionava o que eles pensariam sobre mim se estivessem vivos. Será que ficariam orgulhosos de quem me tornei? Será que teriam permitido que eu entrasse na CIA assim como eles? Será se eles apoiariam o meu namoro com Peggy? Será se eles ficariam felizes em serem avós de três crianças incríveis como Kayla, Alex e Liz?

Depois de assistir aos vídeos de meus pais, eu sabia que com certeza eles aprovariam meu namoro com Peggy. Meus pais a adoravam e a tinham como uma filha. Não seria difícil ter a bênção deles. Isso se eles não fossem o tipo de pais que empurram os filhos para se relacionarem com as pessoas que eles gostam. Definitivamente, os dois seriam avós corujas que viveriam o tempo todo paparicando os netos. E era quase certeza de que eles nunca permitiriam que eu fizesse parte da CIA.

Bom, ao menos era o que eu imaginava. Tudo baseado em alguns poucos momentos que vi de filmagens antigas e histórias contadas por Peggy. A verdade é que eu nunca saberia o que eles realmente fariam ou me diriam. Eles estavam mortos e me dar conta disso agora me destruía. Porque eu não tinha nem mesmo memórias para me consolar ou me orientar.

- Connor. Connor. Connor. – Ouço alguém me chamar ao longe, então tenho para certeza de que estou sonhando. – Steve! – O grito e a mão em meu ombro de Jarvis me faz despertar dos meus pensamentos dolorosos. Encaro o homem, perdido sobre o que acontecia ao meu redor. – O que tem de errado com você hoje? Eu estou falando com você há horas e você parece estar em outro universo.

Suspiro, passando as mãos pelo rosto. Estávamos a caminho do trabalho e eu não conseguia me concentrar em nada. Por algum motivo, minha mente continuava a voltar nos vídeos que assisti no dia anterior e o forte desejo de recuperar as minhas memórias, sentindo aquela raiva e decepção por nenhuma das minhas tentativas de superar a amnésia dar certo.

- Eu só... ontem, Ashley me mostrou alguns vídeos e fotos dos meus pais na tentativa de me fazer recuperar as memórias. – Explico a Jarvis, que me encara com curiosidade.

- Você se lembrou? – Pergunta Jarvis, esperançoso. Suspiro e nego, balançando a cabeça com uma expressão frustrada em meu rosto. – Droga. Por um instante, eu tive a esperança de que tudo seria resolvido, mas você continuar com amnésia complica as coisas.

- O que quer dizer com isso? – Pergunto, preocupado. Jarvis permanece em silêncio por alguns instantes com os olhos fixos na pista. Eram seis e meia da manhã, o dia ainda não havia amanhecido e a neve caia intensamente pela cidade. – Jarvis?

- Era o que eu estava tentando te dizer, enquanto você continuava a me ignorar. – Responde Jarvis, suspirando cansado. Encaro-o com um sorriso sem graça. Ele apenas da de ombros e me olha brevemente antes de voltar sua atenção para a pista. – Algumas testemunhas afirmaram ter visto Schimdt em Port Royal, uma cidade que fica a um pouco mais de dez quilômetros daqui de Beaufort.

Memórias de NovembroOnde histórias criam vida. Descubra agora