Baile

69 9 31
                                    

ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

📅

CAPÍTULO XIII - BAILE

- Obrigada por ficar com as crianças, Debbie. – Agradeço a mulher, enquanto Liz chorava desesperada e se jogava em minha direção. Sinto meu coração se apertar e o desejo de pegá-la de voltar parece falar ainda mais alto. Ameaço estender meus braços, mas Debbie se afasta. – Eu...

- Ela vai ficar bem. Eu sei que dói vê-la chorando desesperada, mas como uma velha que já viveu muitos anos a mais que você, eu posso de garantir que ela vai sobreviver e você e seu marido precisam de um tempo só para vocês. – Afirma Debbie, balançando Liz. – Se a pegar no colo, vocês não vão conseguir sair. Confie em mim. Toda mãe passa por isso e você sabe que eu estou dizendo a verdade. E pela forma como parece que você vai chorar junto com ela e estragar a maquiagem, eu tenho certeza de que você não sai sozinha com o seu marido desde que a ganhou.

- Eu sei. Mas odeio vê-la chorando assim. Ela passou três dias tendo febre alta e, mesmo estando melhor, ela ainda está um pouco gripada. Tenho medo que acabe piorando enquanto eu estiver fora. – Confesso e Debbie ri, parecendo entender o que eu sentia.

- Ela vai ficar bem, querida. Emma só está assustada porque ela sabe que você vai sair sem ela e essa provavelmente é a primeira vez que ela passa por isso. Vocês duas apenas precisam de um tempinho para se acostumar com essa nova ideia. – Garante a idosa de cabelos grisalhos que aparenta ter quase oitenta anos.

- Vem, Emma. Se continuar chorando desse jeito, nossa mãe não vai conseguir sair. – Fala Kayla, estendendo o braço para pegar a garota, que chorava em desespero e se debatia nos braços de Debbie.

- Não! – Grita Liz, dando um tapa no braço de Kayla, impedindo que a irmã a pegasse. Isso me surpreende. Liz nunca recusava o colo de Kayla. Pelo contrário, ela sempre preferia a irmã mais velha ao invés de Steve e eu. – Mamãe! Mamãe! Mamãe! Mamãe!

Arregalo os olhos e as lágrimas se formam. Preciso me segurar para não chorar, emocionada com o fato de Liz ter me chamado de mamãe pela primeira vez. Isso só me faz ter ainda mais vontade de pegar a garota no colo. Kayla parece notar a minha emoção e intervém, lembrando-me que nós estávamos na frente de Debbie e para ela, eu sou realmente a mãe de Liz, Alex e Kayla.

- Emma! Para com isso. Não pode gritar. Que coisa feia! – Kayla repreende a caçula e o choro de Liz só se torna ainda pior.

- Eu disse que ela ia chorar se tirasse ela do papai. – Resmunga Alex, irritado, enquanto tentava aumentar o volume da televisão, onde passava uma partida de baseball.

- Abaixe o volume dessa televisão, Tommy. Você vai ficar surdo. – Kayla briga com o irmão, lançando um olhar nada satisfeito.

- Então faz a Emma parar de chorar. Eu quero assistir ao jogo de baseball. – Retruca Alex, ignorando o pedido da irmã. Isso só faz Kayla ficar ainda mais irritada. Liz continuava a chorar e Debbie me lançava aquele olhar que dizia que eu não deveria pegar Liz no colo.

- Eu mandei você abaixar o volume da televisão. – Insiste Kayla, encarando o irmão com intensidade. – Deixa de ser teimoso!

- Você não manda em mim! – Alex dá língua para Kayla e volta a prestar atenção no jogo. Arregalo os olhos, surpreso com a atitude inesperada do garoto que sempre é tão obediente.

Kayla anda com passos brutos até o irmão e tenta tomar o controle da mão dele, mas logo uma espécie de cabo de guerra se inicia, com os dois gritando um com o outro e lutando para ver quem teria o controle da televisão. Liz chorava tão alto que soluçava. Debbie tentava acalmar a garota, mas nada parecia surtir efeito. Steve desce as escadas, mas para no meio ao perceber a confusão que ocorria.

Memórias de NovembroOnde histórias criam vida. Descubra agora