Acerto de Contas

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

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CAPÍTULO XXVIII - ACERTO DE CONTAS

Minha cabeça está latejando, quando começo a abrir os olhos lentamente. Minha boca e garganta estavam secas, como se houvesse semanas desde que havia ingerido algum líquido. Tento me mexer, mas meus braços e pernas estão presos. Olho para os lados, tentando reconhecer onde eu estava e entender o que estava acontecendo. Minha mente estava uma bagunça. Aos poucos, minhas lembranças vão se reorganizando, até que eu me lembre por completo o que havia acontecido.

Sinto algo pressionando minha boca e não demoro a perceber que também havia sido amordaçada. Tento me soltar, mas tudo que consigo é machucar ainda mais a minha pele já sensível. Procuro reconhecer o lugar onde estou presa, buscando uma forma de escapar de meu cárcere, mas tudo que vejo são paredes malcuidadas, panos espalhados por todos os lugares, provavelmente protegendo alguns móveis ou máquinas, poeira, inúmeros toneis enferrujados e pouca iluminação.

Eu não faço ideia de quanto tempo eu estou apagada e tampouco consigo identificar a minha localização. Os tímidos raios solares que entravam por uma pequena janela engradada no ponto mais alto da parede não me ajudavam em nada a descobrir as horas, mas supondo que o céu parecia claro, o dia já havia amanhecido a algum tempo.

Sozinha e atordoada, tudo que consigo pensar é em Steve. Os malditos comparsas de Schmidt haviam o machucado? Será que ele e Leonard estavam bem? O que aconteceu depois que eu apaguei? E meus amados filhos? Será que estavam bem? Sara havia conseguido os proteger? Schmidt os encontrou? Será que estão assustados? Inúmeras perguntas passam em minha mente e a falta de respostas passam a me deixar cada vez mais aflita.

A porta do lugar onde estou é aberta, iluminando fracamente a grande sala suja. Fecho meus olhos e abaixo minha cabeça, incomodada, acostumada demais com a escuridão que me cercava anteriormente. Passos secos ecoam e sinto que estou sendo observada. Permaneço quieta, fingindo estar dormindo por precaução. Eu não faço ideia do que se passa na cabeça doente de Schmidt, mas sendo um assassino perigoso da HYDRA, eu posso esperar qualquer coisa.

E assim que a pessoa para de frente para mim, gelo é jogado brutalmente sobre meu corpo. Afago, em busca de ar, assustada com o ataque repentino. Abro meus olhos e encaro Schmidt em fúria. Ele joga o balde que segurava antes em um canto qualquer da sala e me encara com um sorriso desafiante. Começo a me debater contra a cadeira onde estou presa, tentando me soltar mais uma vez. O assassino ri e parece se divertir com a dor que o gelo causava ao queimar minha pele já ferida.

- Parece que a Bela Adormecida acordou. - Comenta o maldito Schmidt, sorrindo perigosamente. Tento proferir todos os tipos de maldições e xingamentos, mas a mordaça em minha boca permite apenas que murmúrios e sons indecifráveis abandonem minha boca. – O que disse? Eu não estou te entendendo. Espero que você esteja se sentindo confortável em meu humilde esconderijo. Você parece com frio. Eu deveria trazer uma sopa quente para te esquentar?

A ironia em suas palavras me deixa ainda mais preocupada. Debato-me mais um pouco e finalmente consigo tirar um pouco do gelo que me machucava. Schmidt pega uma cadeira e se senta de frente para mim, com os braços e queixo apoiado sobre o encosto da cadeira. Ele me analisa com um sorriso discreto nos lábios e o olhar distante.

- Sabe, srta. Carter, eu confesso que fiquei chateado. Não me leve a mal, mas matar pessoas é o que eu faço de melhor, mas graças a você e ao seu marido de mentira, eu não consegui cumprir a minha missão. E ainda por cima, vocês mudaram para muito longe. Tem noção do quão difícil foi encontrar vocês? Mas agora que tenho você aqui e que aquele irritante agente da S.H.I.E.L.D está lidando com o nosso líder, eu finalmente terei a minha vingança. Como você se sente? Depressiva? Desesperada? Preocupada? Humilhada? Com medo? Melhor ainda, você se sente no fundo do poço, sem ter para onde ir? – Questiona Schmidt, animando-se cada vez mais com a possibilidade de me ver destruída emocionalmente. – Na verdade, isso não importa muito. Em breve, você e o agente Rogers estarão mortos. E então será a vez daquelas crianças irritantes. Bom, na verdade, a essa hora, talvez seu amado já esteja morto.

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