Mudanças

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO XI – MEMÓRIAS DE NOVEMBRO

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CAPÍTULO III - MUDANÇAS

Depois que Steve, as crianças e eu deixamos o hospital acompanhados de Tony e Hillary, nós fomos levados a uma das bases secretas da CIA, onde todos passaram por transformações em nossas aparências. Tudo para garantir que não fossemos facilmente reconhecidos. Durante todo o tempo em que tivemos aos cuidados da equipe do programa de proteção à testemunha, Steve permanecia calado e completamente alheio ao que ocorria a sua volta, algo completamente novo para mim, que estava acostumada com sua tagarelice.

Era como se ele tivesse voltado a ser o garoto tímido e quieto que ele foi até os seus quinze anos de idade. Parando para pensar, sua personalidade mudou bruscamente na época em que ele se tornou o agente da CIA. Usando seu término complicado com minha prima de consideração, Sharon, ele se tornou um playboy cada vez mais envolvido em festas e a vida boêmia. Hoje posso ver que essa foi a forma que ele encontrou para sair em missões sem que eu percebesse e eu me sinto uma idiota por nunca ter notado algo tão simples.

Suspiro, encarando o vai e vem de pessoas no aeroporto de Hawkins. Em alguns minutos, nós embarcaríamos rumo a Beaufort e eu não sabia muito bem o que esperar. Ouço algumas risadas de Steve e acabo me virando para ver o que acontecia. Sorrio ao ver que ele se divertia com um Alex animado, que parecia estar narrando algum jogo de baseball. O garoto era mesmo apaixonado pelo esporte. Desde que Steve tocou no assunto, ele não parou mais de falar, completamente ao contrário da irmã mais velha.

Kayla permanecia mais afastada de nós, ainda que seus olhos se mantivessem fixos em Alex. Ela brincava com as delicadas mãozinhas de Liz, que parecia encantada com a movimentação do aeroporto. Ao ver que ainda demoraria alguns minutos para embarcarmos, aproximo-me da adolescente que me encara inexpressiva até que eu me sentasse ao seu lado. Um fato que eu havia notado no pouco contato que tive com a garota era que ela é o tipo de pessoa que não confia em ninguém. E isso me levava a questionar o quanto ela já devia ter sofrido em sua tão pouca idade.

- Oi. – Cumprimento Kayla, enquanto observo Hillary e Tony se aproximarem de Steve e Alex.

- Oi. – Responde baixo, acariciando os cabelos ondulados e castanhos de Liz. A bebê passa a balbuciar alguma coisa e dá uma daquelas risadas gostosas que nos contagia.

- Quando você vai me deixar segurá-la? – Pergunto e posso ver o corpo de Kayla ficar tenso. Desde que chegou, Kayla não permitia que ninguém além dela e de Alex segurassem Liz. Natasha e Hillary também haviam confirmado que a garota não deixava brecha para que ninguém da equipe da CIA cuidasse da bebê além dela.

- Ela... não gosta de estranhos. – Responde Kayla, afastando-se de mim, enquanto apertava a irmã contra si.

- Bom, ela precisa se acostumar comigo. Por tempo indeterminado, eu serei a mãe dela. Precisa me deixar assumir o meu papel. – Comento e vejo uma expressão desgostosa passar pelo seu rosto. A respiração de Kayla se torna mais pesada. – Kayla, confie em mim. Eu não vou machucar a Liz.

Kayla continua segurando Liz com firmeza, como se temesse que eu a tomasse dela. Permaneço em silêncio, esperando o momento dela. Eu não sabia o que se passava em sua mente. Liz continuava a ri e brincar com as mãos da irmã mais velha, mordendo e babando com intensidade. Provavelmente os dentes já começavam a incomodar.

- Kayla, eu quero ir ao banheiro. – Pede Alex, aparecendo de repente ao lado de Steve, Tony e Hillary.

- Eu levo você, Alex. – Oferece Steve, mas Kayla se levanta imediatamente com Liz em seu colo.

Memórias de NovembroOnde histórias criam vida. Descubra agora