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— Serena, está tudo bem — Dizia Gustavo suas mãos pouco delicadas escorrendo pelas costas da namorada, tentando sem resultado consolá-la.

Sua voz estava embaraçada com o choro, odiava como tinha facilidade para fazer cair uma lágrima "fraca" era como seu pai a chamava. Talvez realmente fosse.

— Não amor, isso não está — Ela respirou fundo, segurando com força as mãos do namorado, as pessoas começavam a chegar ao colégio, grupos já se formando — Eu te amo Gustavo, você sabe disso! Isso não pode estragar a gente.

— Não sei — Foi a única coisa que ele respondeu e por um momento a menina imaginou se tremia por fora como tremia por dentro.

— O que? — Ela funga, céus como tinha chorado, fraca — Amor?

— Eu não quero saber de você conversando com o príncipe, com qualquer garoto! Poxa Serena, você é minha!

— Eu sou sua Gustavo — Ela se aproxima, seus peitos se encostando — Toda e somente sua.

— Mas você estará lá, e o principezinho de merda vai poder fazer o que quiser com você — Sua fala saiu em um grunhido animalesco.

Não conseguia manter a mão quieta, sentia todos os olhos a encarando, era como se até a grande bandeira de tons vermelhos e azuis da escola tivesse parado de balançar para dar lugar a seu choro. Ouviu quando as meninas ali perto apontavam e riam, não se importou, não conhecia ninguém ali, sempre foi a menina magrela e sem cor.

Se encolheu mais dentro de si. Gustavo, Gustavo era a única coisa que a segurava.

— Isso vai acabar rápido, eu voltarei — Serena queria transmitir confiança na voz, mas as lágrimas não ajudavam — Não se preocupe...

Ele ri, soltando as mãos.

— E você quer que eu fique aqui sentado esperando enquanto você transa com o principezinho? Caramba mulher! Você é um vadia de merda Serena!

— Gustavo — Ela tentou impedir que ele se levantasse, mas o braço dele já estava distante — Eu não vou deixar que ele me toque.

— Ah não vai — Ele a olhou, vendo como as lágrimas já voltavam a cair, seus olhos de um cinzento sem vida agora estavam vermelhos e seu nariz pegava o mesmo tom. Suspirou — Vamos ir embora Serena.

Ela o olhou. Seu rosto brilhou. Esperança.

— Para onde? Nós nem temos dinheiro.

— Que roubemos! O rei fez isso conosco, roubou tudo que queria! Podemos ir embora e ninguém nunca vai nos incomodar mais, eu e você.

Não conseguiu conter quando o sorriso venho. Era como se o frio deixasse seu corpo, como se a gravidade a tornasse mais leve.

— Eu te amo Serena — Ele disse, completando as palavras com o beijo apaixonado e quente — Eu não vou te deixar entrar naquele castelo. Vamos achar um lugar para nós.

— Um lugar para nós — Repetiu.

O sino tocou, todos os rostos cansados se viraram, mas os dois continuaram ali, o olhar nunca quebrando. Também, não importava, nunca ensinavam nada nas aulas, Serena não saberia responder se já tinha lido um livro inteiro, parte pela dificuldade com as palavras e a outra por nem um estar inteiro.

Não importava. Nada importava, nem se sua cantora favorita aparecesse e a chamasse para cantar com ela, embora tenha ensaios para isso sua vida inteira. Sabia que a cantora Halsey Blue tinha uma vida ocupada com pessoas que podiam pagar mais.

— Quando vamos? — Pediu para o menino que parecia perdido pontuando as sardas de seu rosto com o dedo.

— Hoje a noite, eu te pego na sua casa. Esteja pronta a meia noite. Não se preocupe, eu já estava pensando nesse plano a semanas — Ela sorri, Gustavo sonhava com fugir com ela.

Eu serei a Rainha | ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora