8

21 4 0
                                    

Aurora ficou triste por não poder fazer uma mala, Leo, seu assistente, tinha lhe contado que não precisaria, levaria apenas o vestido, ele ficava para dar boa sorte.

Sorte, sua mãe não ganhou a vida por sorte, nem seu pai perdeu a dele por falta dela. Aurora não precisa de sorte, ela tinha nascido para ser da realeza.

Tomou um banho demorado, a água quente a reconfortou da ansiedade que esmagava seu corpo. Em algumas horas o carro chegaria a levando até o aeroporto. Pegaria um avião até a capital e chegaria ao castelo. Já esteve na capital antes, lembrava como ela ficava linda noite, iluminada e vibrante, talvez um dia morasse lá.

Talvez.

Terminou o banho e se vestiu, não conseguiu se olhar no espelho pois ele estava embaçado, mas fez o melhor que pode com o cabelo. Então desceu as escadas até o segundo andar. Deusa sapatilhas apertavam o calcanhar e o vestido que usava ia até o joelho.

O príncipe não a veria, nem o rei, iria ser arrumada e aprontada é apresentada durante o jantar. Ansiava por isso, talvez pudesse se sentar perto do príncipe, seria a única vez que o teria ali, após isso ele seria afastado e o único contato que haveria seria com as meninas e o rei e a rainha.

Se sentou na mesa, Tina tinha feito um verdadeiro banquete, tinha leite, café, sucos, pães, bolos, biscoitos, manteigas e geleias.

— Você precisa comer bem! — Falava enquanto limpava a mão — Não pode viajar de estômago vazio.

— Você vai ter que comer comigo! — Disse apontam para as dezenas de opções — Senão eu vou vomitar tudo no avião indo pra lá.

— Tu não fica enjoada em viagens — Era verdade, já tinha experimentado, aviões, três, ônibus, barcos e carros, não se sentia enjoada.

Puxos os dedos da mão, como sempre fazia quando estava ansiosa, Betina a conhecia bem o bastante para saber disso.

— Aurora, você é linda, uma doce garota, não se preocupe, você vai encantar o rei, e depois o príncipe — Ela se aproxima, pegando nas mãos dela — Agora coma que Antony já está esperando para te levar, já mandei que levassem seu vestido para o carro. Mas antes — Ela solta as mãos e vai até o bolso do avental azul claro que sempre usava quando cozinhava — Eu quero te dar isso, para nunca esquecer de sua casa.

Ela lhe entregou, era pequeno e liso, uma pedra azul, forte e brilhante.

— Eu não sei o que é isso — Admitiu, passando o objeto entre os dedos.

— Azul, você é uma Blue, não importa se for rainha ou filha de uma popstar, aqui é seu lugar — Lágrimas começavam a brotar no canto de seus olhos, como Tina parecia jovem, sua pele era lisa e macia, ela era filha da antiga cozinheira, ela morreu de uma doença, Betina não quis ir embora, aqui foi onde cresceu, brincando com Aurora e ajudando a cuidar dela, apenas cinco anos mais velha — Eu vou sentir sua falta Aurora. Aqui nunca será o mesmo sem você, sem sua cor e a vida que você da a esse lugar.

— Tina... — Não devia chorar, mesmo que não tivesse passado muita maquiagem — Poxa — Não segurou, os soluços vieram — Nunca pense que em algum momento eu posso esquecer vocês, muito menos você, tu é minha irmã poxa, minha melhor amiga... — Tina a abraça tirando seu fôlego, aperta mais forte, segurando o calor da mulher.

Não disseram mais nada, por que isso era algo que não precisavam fazer, se conheciam a anos, eram mais que família, não era o sangue que as seguravam não era uma coisa física, era algo dentro delas, um fio que amarrava uma a outra. Aurora podia não conhecer sua mãe direito, mas conhecia a menina ao seu lado, conhecia ela como conhecia a si mesma, sabia sobre a antiga mania que ela tinha de roer as unhas, sobre como seu cabelos rosa, quando pintou escondida, sobre como usava uma camiseta de um menino da sua escola para dormir. Eram melhores amigas, como Bett e Henrique. Aquilo era mais que sangue.

Eu serei a Rainha | ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora