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Verão voltou para seu quarto, Marina a acompanhou até a porta como insistiu em fazer. Pensou em toda a conversa de antes. Sobre o amor que Marina já teve, sentiu tanta vontade de perguntar, queria saber, poder ajudar ela, ou apenas consola-la. Mas não perguntou, era uma covarde e no fundo era nisso que se segurava.

Não queria perguntar por que em uma semana tinha conhecido uma menina que era inteira e completa e que a fazia em muitas partes se sentir assim. Só que tinha algo... talvez se soubesse que ouve outro antes... talvez isso a destruiria. E ela já estava se sentindo quebrada demais.

Então não fez a pergunta, deixando que ela desse boa noite e seguisse até seu quarto, aquele momento constrangedor que se é apagado pro uma pergunta se manteve em silêncio. Aquela lacuna, aquela inspiração que mostrava que algo ainda precisava ser falado.

Foi dormir pensando nisso. Pensar era o que mais fazia quando tinha tempo. Aquela semana ela pensou em tudo. Desde a natureza distraída, a coroa e até como Marina ficava linda naquela vestido que usava.

Não teve sonhos. Nem pesadelos. Se tivesse, pouco importava, as vezes a vida real poderia ser pior que noites ruins.

Acordou com Sarah entrando no quarto. Furtiva como uma ladra, como Verão fazia quando queria entrar em um lugar sem ser notada, mas seus ouvidos eram aguçados demais, ela ouviu seus passos, o giro da maçaneta. E quanto ela entrou e correu para o banheiro. Ouviu casa movimento.

Ela estava nervosa, cansada e ofegante. E foi dormir apenas após tomar um banho. Depois disso Verão não lembrava, pois o próprio cansaço a pegou desprevenida.

O café da manhã foi silencioso, quase como mortal, o rei não olhou para ninguém, lembrava de o ver conversando com Serena no almoço, como parecia animado e normal, ali ele parecia como o via em suas transmissões.

— A noite passada foi uma vergonha — Ele falou, olhando para ninguém em específico — Eu me senti envergonhado. Esse reino tem uma imagem, tem respeito, o que fizeram ontem foi gravado e passado em todas as televisão de meu país — "Meu país" — Eu não me importo com seus dramas de menininhas — Ele nunca tinha sido tão direto — Não me envergonhem como aconteceu ontem.

É isso foi tudo. Tudo que precisava para fazer Rafaela voltar a chorar. Elize se segurava, estava na sua fileira, via como apertava o vestido.

Ele a olhou, nojo percorrendo seu rosto. A rainha nada disse.

Rafaela não estava mais no castelo a tarde.

Embora tudo tenha sido uma tragédia, não podiam se arriscar em sua noite, tudo dependia no seu desempenho. E precisava continuar ali, precisava se destacar naquela noite, mostrar que podia continuar, mesmo que no fundo fosse mentira e precisava sobreviver até o baile de inverno. Tinham muitos guardas na noite passada, dali um mês já terão achado o assassino. Se não achassem, ela o acharia.

A tarde passaram no salão, como no dia anterior tinha sido feito com o outro grupo, não gostava dali, quase não podia conversar e querendo ou não era apenas isso que preenchia seus dias cercados pelo tédio.

Marina não tinha aparecido ainda no salão, mas Serena estava do seu lado, pintando as unhas em preto, a menina a seguiu nos últimos dias, não sabia o que ela pensava, se eram amigas ou o que, mas parecia que ela era a única pessoa que não se incomodava com sua presença, e era verdade, Serena era estranha, em muitas horas ela se olhava para o espelho, como se buscasse algo diferente no reflexo. As vezes torcia o lábio e outras sorria.

— Você tem um cabelo lindo para ser uma princesa — Elogiou, Verão.

— Ele é ser cor — Foi tudo que disse.

Eu serei a Rainha | ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora