14

21 3 0
                                    

— Você disse que nunca andou de cavalo, quando para mim isso era como andar com as próprias pernas. Não parei de pensar nisso.

Samuel a olhava, suas calças iguais a dela e um sorriso, rico de uma verdade, que era estampado em seu rosto.

— Isso é contra as regras — Sussurrou olhando para todos ao seu redor.

Penélope já tinha ido embora, sobrando ali apenas o homem que devia cuidar dos estábulos e os dois.

— Adams foi meu professor de corrida, ele tem a minha confiança — Ele estende seu braço — Venha, vou te ajudar a montam.

Serena olhou para a oferta, para tudo que ela significava, olhou para a grama em seus pés e para o céu azul claro que começava a aparecer em meio a aurora.

Não era justo, não era certo com as outras... Mas queria.

— Não posso — Não soube por que, mas doeu falar, ela via os enormes animais se mexendo dentro da construção, com suas patas de ferro e seus focinhos — Não devia ter me chamado.

O sorriso dele se desmanchou. Seu braço caiu e até o homem dos cavalos desviou o olhar, se afastando.

— Eu pensei que...

— Eu quero! — Sim, queria, queria andar a cavalos, queria conversar com ele, mas sua liberdade estava nas mãos de outra pessoa, se o rei soubesse, seria desclassificada, seria presa — Mas não posso... É muito arriscado... se o rei vir...

— Eu te defenderei! É só uma cavalgada — Então fez aquelas caras de heróis de filme. Serena não pode não rir.

— Eu não... — Sua garganta fechou, como se se negasse a dizer aquilo, não era errado, simplesmente não queria dizer é seu corpo atendeu a esse pedido.

— Então posso pelo menos te levar a seu quarto? Eu... eu queria te levar cavalgar, queria que visse como é, como eu vi, eu não te conheço Serena — E ele lembrava seu nome, ele chamou por ela — Mas eu quero conhecer.

— Você não pode. Não agora.

Ele desdenhou, se virando.

— Eu sei. As dez finalistas e bla bla bla. Eu devia poder conhecer todas! Uma de vocês é a mulher que vou casar, meus pais escolheram as vinte, eu devia poder escolher entre elas, mas eu tenho que esperar os interesses deles as eliminarem até que só restar as que eles querem.

Ficou em silêncio, era exatamente isso que acontecia, não era uma competição de quem conseguia o coração do príncipe, era quem conseguia a atenção do rei. E Serena tinha sido acusada de assassinato, não duraria ali.

— Duas escaladas morreram — Contou a ele, o rosto dele empalideceu. Não sabia — E eu deveria ser a última pessoa a poder ficar a sós com o príncipe.

— Por que a última? — Ele se virou, seus olhos verdes analisando cada traço de seu rosto — Como morreram? As escaladas.

Não ia responder a primeira pergunta, mesmo que não fosse culpada, aquela resposta exigia muita confiança.

— Envenenadas.

— Como sabe? — Sua voz era dura. Acusatória.

— Ouvi as meninas contando — Mentiu, sabia que era veneno no momento que viu que as gargantas delas ficaram vermelhas — Foi rápido e ninguém sabe quem fez isso, nem como.

Uma pedra, dura e implacável, era isso que ele representava ali. Samuel era o futuro rei, tinha os mesmos traços do pai, o mesmo olhar, o mesmo sorriso. O que mudava era o peso e os músculos, a idade e a cor dos cabelos.

Eu serei a Rainha | ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora