Eu serei a Rainha | ✅

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Aurora bateu em sua porta, mas ela não parecia querer recebê-la. Serena tinha lhe visto com Samuel, tinha visto ela depois de tantos encontros que escondeu, tentando que isso não alcançasse a amiga. Foram quase todas as noites. Eles se encontravam pelas sete, e ficavam até as dez, o novo horário que trancavam as portas.

Não deviam ter de exposto tanto, sabiam que era um lugar que pessoas passavam, que poderiam acabar falando e chegando a Serena, fazia já uma semana que foi liberada a presença do príncipe, mas era como se ainda fosse o mesmo de antes.

Ele foi doce com ela, ele ria e a ouvia, falavam de vestidos a ternos, de lendas a histórias. Falaram de mudar o mundo, e isso a encheu de esperança. Talvez o futuro de Rayser estivesse em boas mãos.

Bateu novamente na porta. Não foi atendida.

— Serena — Chamou — Por favor. Me deixa entrar.

Silêncio. Bateu novamente.

— Serena! 

Esperou, nada. Uma mulher se aproximou, era baixinho e rechonchuda, ela foi até a porta com um sorriso e quando viu que estava trancada pegou sua própria chave.

— Penélope — Disse Serena não viu a mulher. Era sua criada — Não era para abrir — Sua voz era embaçada, ela estava chorando.

— Serena, eu posso explicar — Aurora entrava no cômodo. Nunca entendeu por que ela tinha um apenas para ela. Mas entrou e saiu sobre a cama abraçada so travesseiro.

— Aurora, eu vi! Não sou cega nem burra! Eu vi! — Suspirou fundo.

Deu mais um passo.

— Não! — Interveio Serena — Sai daqui. Sai do meu quarto! Agora!

Estava tremendo, as duas tremiam, Penélope apareceu novamente, ela correu para fora do cômodo sabendo que era uma na hora. Podia sair dali, seria tão fácil, mas sua amiga chorava e não podía, não podía deixá-la assim.

— Serena — Implorou — Por favor. Você mesmo saiu com ele!

— Sim. Porra Aurora! Você acha que eu tô assim por causa de um menino? — Olhou para as lágrimas que mancharam todo seu rosto, destruindo cada resquício de maquiagem — Você não entende! Por que não entra nada na sua cabeça que não seja a porra de um garoto!

— Ele que me beijou!

— Foda-se!

— Para de ser idiota Serena! Qual o problema de eu querer sair com ele? Você disse que não queria ganhar! Por que eu não posso!?

— É sempre sobre ganhar. Vocês sempre se importam com o que podem ganhar. Mas esquecem o que perdem!

— O que eu perdi Serena? — Não conseguia controlar o tom seco, estava com sono, estressada e nervosa.

A garota na cama suspirou, como se fosse sair fogo pro suas narinas.

— Você me perdeu!

Então um choque passou por seu corpo. Ela olhou para a menina na sua frente. A que conversou durante os últimos meses, que conheceu tão bem quanto conhecia Bett e Henrique, seus melhores amigos.

Tinham algo em comum, uma ligação, um fio que conectava uma garota a outra, que as tornava um laço, fazia dias que queria falar, falar o quanto Serena era importante para ela, como a tinha segurado em meio aquela competição. Foram apenas semanas, mas uma conexão não precisa de tempo.

— Não — Um pedido, um desejo, uma súplica. Aurora caiu de joelhos. As lágrimas enfim viram — Você o ama? Eu pensei...

— Porra! Não! Você não entende? Eu estava com você, estávamos juntas, você era tudo que eu tinha, não só aqui, em tudo! Eu nunca tive alguém Aurora, meu namorado era um idiota e minha família não se importa com a minha presença! Você não vê? Enquanto você esteve sempre cheia de pessoas eu nunca tive ninguém! Eu só tive você — Sua voz falhou, um soluço pelo choro — E você mentiu para mim, me tirou de uma importante parte da sua vida, me deixou, ou logo iria me deixar... por ele.