Lados Opostos.

Capítulo 21

Rosana.

Acordei no quarto do Lucas, provavelmente a gente se empolgou ontem, mas ele não estava lá, e infelizmente não ter ele do meu lado por causa dessa situação, tem sido comum. Depois do Lucas ter me explicado o porque de tudo aquilo, as coisas foram se encaixando aos poucos, o que aconteceu quando éramos adolescentes e o que sobrou de tudo isso, e olha pra nós hoje, estamos exatamente na mesma situação de alguns anos atrás. Mas o maior problema disso tudo é que nunca resolvi as coisas com o Thomas, e isso é uma coisa que não dá pra ser deixada pra trás. Pego meu celular e vou no contato do dele, queria ser direta para deixar as coisas certas, afinal ele me fez feliz e esteve do meu lado durante um bom tempo, estragar isso de repente seria estranho demais, então o melhor a fazer é ligar.

— oi — ele atende quando a chamada está prestes a cair.

— ah, oi Thomas.

— Rosie? — sua voz é surpresa e animada ao mesmo tempo — você sumiu completamente, por onde anda?

— é meio complicado. Podemos nos ver pra conversar... Ah, sobre nós? — digo rapidamente para mudar de assunto.

— ainda existe um "nós"?

— então, é sobre exatamente isso que quero falar.

— onde você está? Se mudou? Me fala que eu passo ai. — fico nervosa e com medo de falar, eu sei que não posso, mas eu não vejo maldade nenhuma no Thomy, na verdade ele era um bom rapaz, mimado pelos pais que suponho não ter relação com um mundo mais cruel que esse que estou vivendo, mas mesmo assim eu ainda tinha que tomar cuidado.

— é na casa de uma tia, melhor a gente marcar um lugar, eu apareço lá, ok?

— me manda o endereço por mensagem e a gente se encontra, beijos!

Desligo o celular percebendo no erro que acabei de cometer. Lucas não iria gostar disso, mas eu preciso resolver minha vida e ele tinha que entender que eu precisava sair. Ele entrou no quarto de toalha e eu só fiquei mais nervosa.

— estava falando com quem, amor? — ele sorriu ao falar amor de um jeito doce, retribui.

— eu vou precisar sair um pouco.

— mas já saímos ontem... — ele olha confuso.

— olha Luke, eu entendo essa superproteção que você quer me oferecer, mas ninguém consegue viver preso do jeito que estou vivendo, mesmo com todas essas circunstâncias, eu preciso de ar, sair de casa um pouco, nem trabalhar eu estou conseguindo, meu limite têm sido esse muro. Nessa grande mansão eu me sinto sozinha e isolada. — comecei a me lembrar do quanto eu sentia falta da minha mãe — Amanhã vou ao mercado do centro. — imediatamente ele muda toda sua fisionomia.

— Rosie, por favor, entenda que é perigoso demais pra você.

— me desculpe, mas você precisa compreender isso — me levanto irritada para ir ao meu quarto — e não peça para o Álvaro ficar me vigiando igual ele fez no bar aquele dia. E, aliás, ele foi péssimo em se disfarçar de mim.

Lucas sabia que no fundo eu tinha razão, e não contar a parte que envolve o Thomas seria melhor.

[...]

Era 15h da tarde, com certeza Luke já não estava mais em casa. Estava feliz por ele entender que eu precisava daquele espaço. Tinha mandado o endereço e o horário para Thomas no dia anterior. Tinha pedido o carro do Josh emprestado, já que ele não precisava mais porque só andava com o Luke para todos esses lugares misteriosos.

Quando cheguei no parque que era praticamente em frente ao mercado, estacionei o carro e logo avistei, ele estava lá. Respirei fundo, não sabendo bem o que dizer, mas consciente do que eu queria.

— Rosie! — ele me olha tranquilo me dano um abraço, como se nada estivesse acontecido nas ultimas semanas.

— oi Thomas.