𝙱𝚎 𝙼𝚒𝚗𝚎 (𝙳𝚛𝚊𝚛𝚛𝚢)

Capitulo 5

Harry olhava pela janela do lado de fora da rua que ele morava, agora vazia; durante o dia todos os adultos saíam para trabalhar no ministério da magia, inclusive os Malfoy.

Enquanto o moreno encarava as pequenas folhas de árvore que voavam na sua janela e no jardim, ele percebeu algo que parecia vir na sua direção, ou pelo menos, em direção à calçada.

    Com a respiração ofegante ele reparou nos olhos cinzas de Draco Malfoy quase o penetrarem mesmo que a vários metros de distância dele; o loiro permaneceu parado com as mãos dentro da calça preta e que fosse do outro lado da rua, Harry sentia como se o loiro estivesse ao seu lado. Ele engoliu seco e fechou os olhos retornando ao flash's que ele tentava não pensar; a temperatura do quarto pareceu subir ainda mais quando ele sentiu a respiração do garoto em sua nuca e balançando a cabeça ele abriu os olhos tentando espantar as lembranças e sorriu se sentindo idiota ao ver que o loiro não estava lá.

"Você tá ficando louco, Harry", repetiu pra si mesmo e dando mais um sorriso, ele se virou para sair do quarto e novamente sua respiração falhou; Draco não estava no outro lado da rua, ele estava atrás de si.

— Me procurando, Potter?! – O deboche na voz do loiro fez Harry se afastar bruscamente e pelo impacto, ele se admirava de não ter quebrado o vidro ou mesmo se machucado.

— Por Merlin, ficou louco!? Como chegou aqui?

— Eu aparatei. – Retrucou com desdém e sentou na cama.

— M-mas nós n-não podemos usar...

— Os Malfoy podem qualquer coisa, Potter. –O loiro sorriu malicioso. — Apenas aceite.

   Harry cerrou o punho.

   Era incrível como Malfoy conseguia mudar seu humor em questão de segundos, Harry ainda mantinha o punho fechado enquanto analisava o loiro a sua frente, com o corpo pendendo para trás apoiado em seus braços, ele sorriu com uma sobrancelha erguida e ficou em silencio por vários minutos.

Harry não sabia o que dizer ou fazer, estava completamente abismado com a presença dele e principalmente depois do que acontecera na noite anterior.

Ele achou que nunca mais o veria de novo.

  Ou pelo menos, não até voltar à Hogwarts.

— O que faz aqui, Malfoy? – O moreno indagou por fim e vendo um sorriso malicioso nos lábios do outro.

— Estava com saudades. – Rebateu de imediato.

— Não fode. – Draco riu da sua expressão e levantou da cama indo na direção dele deixando que seus rostos ficassem a poucos centímetros um do outro.

   Harry sentiu o coração acelerar e uma breve falta de ar tomar conta de si, Malfoy ainda mantinha o sorriso nos lábios mas não com o sarcasmo de sempre, era algo muito diferente e o moreno não sabia como explicar.

   Eles permaneceram naquela posição por vários minutos até Malfoy tossir fraco despertando seu "parceiro" dos próprios pensamentos.

— Por que acha que eu mentiria sobre isso? – Questionou sem se afastar.

— N-não faz sentido algum Malfoy... O que quer aqui? O Sirius saiu mas pode voltar a qualquer momento e eu não quero que ele te veja... – O moreno disse nervoso enquanto olhava pela janela.

— Relaxa, Potter. Seu querido Almofadinhas não vai voltar agora, tenho certeza. – Ele deu mais alguns passos para frente segurando Harry pelo braço outra vez. — Precisamos conversar...

  Harry engoliu seco.

— N-não temos nada pra conversar...– Por mais que tentasse parecer firme, sua voz e suas pernas o estavam traindo descaradamente e ele odiava aquilo.

   Malfoy por outro lado não parecia nem um pouco incomodado com a situação, muito pelo contrário, ainda segurava Potter pelo braço esquerdo sem deixar de observar cada detalhe de seu rosto, o jeito como travava o maxilar nervoso, sua respiração descompassada e pode ter sido impressão mas o loiro jurou ver uma ponta de medo no fundo de seus olhos.

Mas... medo?

— Vai embora Malfoy. – Harry repetiu de forma mais incisiva porém ainda sem sucesso, Draco o soltou, mas deu apenas alguns passos para trás tentando deixar o garoto a sua frente um pouco mais... "confortável". Não estava disposto a obedecer ninguém, principalmente Harry Potter.

— Você ainda me odeia? – Indagou vendo Harry franzir o cenho engolindo seco.

  Ele não respondeu.

— Eu não sei porque vim aqui, não sei o que diabos está acontecendo comigo mas você parece ser o único culpado disso. - Harry riu incrédulo.

— Minha culpa? Você invade minha casa e ainda diz que eu tenho culpa?! Ah por favor, Malfoy...

— Você não sentiu... nada? - Com a voz baixa Draco questionou receoso e respirando fundo Harry mordeu o lábio inferior tentando raciocinar.

— Do que está falando?

— Ora, não se faça de idiota, Potter! Estou falando do beijo.

— Malfoy, por favor... - O moreno quase implorou se aproximando do outro que sorriu malicioso ao ver que as mãos dele apertavam as suas de uma forma quase carinhosa.

  Não viaja, Draco!

— Não podemos falar sobre isso aqui. – o moreno continuou. — Quero dizer, não podemos mais tocar nesse assunto.

— Por que não? – Draco questionou confuso.

— Porque é errado Malfoy, você não vê?!

— Eu vejo que você gostou do beijo...Como eu gostei. – Disse com desdém e sentou na cama outra vez. —Qual é, Potter, não me venha com dramas, já somos bem grandinhos pra esse tipo de coisa.

Harry não disse nada.

   A conversa que tivera com Rony veio à tona e passando a mão no rosto ele bufou sem saber o que fazer. Seu "inimigo" estava ali à sua frente e parecia nem um pouco incomodado com a situação, muito pelo contrário, parecia estar bem seguro de si.

   Ele ainda não havia se resolvido sobre o que fazer com Hermione, e tampouco agora que tinha Malfoy no mesmo cômodo que ele outra vez. Sua mente dava voltas e uma dor latejante surgiu segundos depois, a ideia de Sirius chegando cresceu e dando as costas ele tentou ser firme agora que não fitava o loiro de olhar cinzento.

— Vá embora Malfoy....por favor.

   Na mesma posição, Harry aguardou que seu "acompanhante" fosse embora da mesma forma que chegara porém não foi exatamente o que aconteceu; Malfoy continuava de pé, quase tão próximo quanto minutos atrás, Harry sentiu o peito acelerar um mordendo o lábio inferior o viu sorrir de canto.

— Eu gosto de você, Harry