Capítulo 28

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- Oi querida. - A voz soa fria, congelante. - Tem alguma coisa para me contar?

Fico paralisada, com a porta, que eu tentava fechar silenciosamente, semiaberta. Ai, meu Deus. Ai, meu Deus. Como não vi o carro da mamãe? Achei que os fogos e a balsa fossem demorar mais. Por que me atrasei tanto?

- Nunca achei que fosse passar por isso com você. - A voz agora soa risonha e eu olho para cima e vejo Diarra no sofá, balançando a cabeça para mim.

Eu tinha me esquecido da imitação perfeita que ela faz da voz da mamãe, que, combinada ao talento incrível de minha irmã para falsificar assinaturas, permitiu que Diarra escapasse de passeios a que não queria ir, dias de escola com provas para as quais não estudou e aulas cansativas e entediantes.

Rio e respiro fundo.

- Caramba, Di. Quase tive um infarto.

Ela está sorrindo, irônica.

- A mamãe ligou depois do horário em que você deveria ter chegado para ter certeza de que estava tudo bem. Avisei que você já estava dormindo na sua caminha há horas, sonhando com os anjos. Que bom que ela não pode ver você agora. - Ela se levanta, vem até mim e me vira para que eu encare o espelho do corredor. - E aí? Quem é o cara?

- Não tem... - começo.

- Any, por favor. Seus cabelos estão uma bagunça, sua boca está inchada e você vai precisar daquele lenço estúpido do Breakfast Ahoy para esconder o chupão no seu pescoço. Repito: quem é o cara?

Realmente estou toda suada e amarrotada, um visual que já vi em Diarra muitas vezes, mas que ainda estou me acostumando a ver em mim mesma.

- Você não conhece - digo, tentando ajeitar os cabelos. - Por favor, não conte nada para a mamãe.

- A senhorita perfeitinha tem um amante secreto! - Astoria está rindo agora.

- Não estamos... Não fizemos...

- Hum - responde Astoria, sem se impressionar. - A julgar pela expressão no seu rosto, é só questão de tempo. Eu te dei cobertura. Agora, pode contar. Se não conheço o menino, deve haver uma razão para isso. Por favor, me diga que não é alguém que a mamãe vai odiar.

- Ela não vai ficar feliz - admito.

- Por quê? Ele é drogado? Bebe?

- É um Urrea - explico. - Nosso vizinho.

- Pelo amor de Deus, Any. Você está mesmo forçando a barra, hein? Quem diria que você seria a mais rebelde da casa? Ele é o cara que usa jaqueta de couro e anda de moto? Se for, você vai se ferrar. A mamãe vai te deixar de castigo até você fazer trinta e cinco anos.

Solto um suspiro impaciente.

- Não é ele. É o irmão mais novo. O Noah. Provavelmente ele é a melhor pessoa que já conheci... É carinhoso e inteligente e... do bem. Ele... eu... - Fico sem palavras e esfrego os dedos nos lábios.

- Tá perdidinha - geme Diarea. - Só de ouvir dá pra saber que ele já subiu à sua cabeça. Não pode deixar isso acontecer, não importa o quanto ache que esse moleque é maravilhoso. Se vocês forem transar, deixe que ele pense que você está fazendo um favor a ele. Senão, só vai conseguir ser traçada e abandonada.

Minha irmã, a romântica incurável.

[...]

E AÍ?, mando uma mensagem para Sina na manhã seguinte.

????, responde ela.

VC AINDA TÁ NO BARCO? O Q ACONTECEU?

Ñ. A HEYOON TEVE Q VOLTAR ANTES Q OS PAIS DELE SOUBESSEM Q A GENTE DORMIU LÁ. TÔ EM CASA.
E AÍ?????
ONDE VC TÁ?

Minha Vida Mora do Outro Lado  -  NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora