Levo certo tempo para esquecer a visita de Joalin, mas o ritmo no Breakfast Ahoy é puxado, e isso sempre ajuda.
Hoje, no entanto, tudo dá errado.
A manhã também inclui uma mulher que fica extremamente indignada porque não podemos deixar que seu cãozinho se sente à mesa com ela e um homem com duas crianças absurdamente malcriadas, que jogam embalagens de geleia e de açúcar em mim, e espremem tubos de mostarda e ketchup no porta-guardanapos. Enquanto estou andando para casa, confiro as mensagens no meu celular e encontro uma da minha mãe, que ainda parece irritada, me mandando limpar a casa: DEIXE TUDO PERFEITO, enfatiza ela. E depois: E SUMA, PORQUE O LUAN VAI LEVAR OS POSSÍVEIS FINANCIADORES DA CAMPANHA PARA LÁ.
Minha mãe nunca me pediu para sumir. Será que é porque perguntei sobre o Luan? Vou até a porta e vejo o aspirador de pó no mesmo lugar, ainda esparramado como um mendigo.
— Any! — grita Noah do outro lado da cerca. — Você está bem? Parece que o mar não está para peixe hoje.
— Não faça piadas de marinheiro, por favor. Pode apostar que já ouvi todas.
Ele se aproxima, sorrindo e balançando a cabeça. Hoje está usando uma camiseta branca que o faz parecer ainda mais bonito.
— Deve ter ouvido mesmo. É sério, você está bem? Parece... meio abatida e isso não é normal.
Explico sobre ter que limpar a casa e sumir.
— E — digo, enquanto o chuto — o aspirador de pó quebrou.
— Eu conserto. Vou pegar minhas ferramentas.
Ele sai correndo antes que eu possa dizer algo. Entro em casa, tiro a roupa de marinheira e visto um vestido azul levinho. Estou me servindo de limonada quando Noah bate à porta.
— Estou na cozinha!
Ele entra, carregando o aspirador de pó nos braços como a vítima de um acidente, a caixa de ferramentas pendurada no polegar.
— Que parte da sua casa não está limpa?
— Minha mãe é meio exigente.
Noah faz que sim com a cabeça, erguendo uma das sobrancelhas, mas não diz nada. Ele põe o aspirador de pó no chão, abre a caixa de ferramentas e inclina a cabeça para ela, procurando o utensílio certo, evidentemente. Observo os músculos nos seus braços e, de repente, sinto uma vontade enorme de passar a mão por eles. Aquilo me assusta. Em vez disso, jogo desinfetante na bancada e a ataco com uma toalha de papel. Fora daqui, mancha maldita!
Ele conserta o aspirador de pó em menos de cinco minutos. O culpado era, aparentemente, uma das abotoaduras do Luan. Tento não imaginar minha mãe arrancando-a num frenesi de desejo. Em seguida, Noah me ajuda a limpar novamente o andar de baixo, já imaculado.
— É difícil sentir que estamos progredindo quando já está tudo tão perfeito — diz ele, aspirando embaixo de uma poltrona enquanto ajusto as almofadas já alinhadas simetricamente. — Talvez a gente devesse trazer o Jaden e a Lili para cá, usar massinha e guache e fazer brownies para termos algo para limpar de verdade.
Quando acabamos, Noah pergunta:
— Você tem hora para voltar para casa?
— Onze horas — digo, confusa, já que ainda estamos no início da tarde.
— Pega uma jaqueta e seu biquíni, então.
— O que vamos fazer?
— Você tem que sumir, não tem? Vem se perder na multidão da minha casa. Depois a gente pensa em outra coisa.
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Minha Vida Mora do Outro Lado - Noany
Fiksi PenggemarSinopse: "Minha mãe nunca ficou sabendo de uma coisa, algo que ela reprovaria radicalmente: eu observava os Urrea's. O tempo todo." Os Urrea's são tudo que os Rolim não são. Barulhentos, caóticos e afetuosos. São de verdade. E, todos os dias, de seu...