Capítulo 8

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Na tarde seguinte, estou me livrando dos meus sapatos de trabalho na varanda, me preparando para entrar e me trocar, quando ouço a Sra. Urrea.

— Any! Any, você pode vir aqui rapidinho?

Ela está parada no início do nosso terreno, segurando Lili no colo. Jaden está ao lado dela, apenas de cueca. Um pouco mais distante, George e Fred se escondem atrás de uma caminhonete com um bico de mangueira de jardim em punho, obviamente brincando de sniper.

Quando me aproximo, vejo que a Wendy está amamentando Lili de novo. Ela me lança seu sorriso largo e diz:

— Ah, Any... Eu estava pensando. O Noah me contou que você foi ótima com o Jaden... e eu queria saber se... — Ela se interrompe de repente, me observando com os olhos arregalados.

Olho para baixo. Ai. O uniforme.

— É meu uniforme de trabalho. Meu chefe desenhou. — Não sei por que sempre acrescento isso, a não ser para determinar que eu nunca seria vista com uma minissaia azul e uma camisa de marinheiro se não fosse obrigada.

— Imagino que seja um homem — afirma a Sra. Urrea, irônica.

Faço que sim com a cabeça.

— Claro. Bom... — Ela começa a falar rapidamente. — Eu queria saber se você gostaria de trabalhar como babá. O Noah não queria que eu pedisse. Tem medo de você achar que ele leva meninas para casa para eu explorar. Uma mãe desesperada abusando garotas.

Dou uma risada.

— Não achei isso.

— É claro que não achou. — Ela sorri para mim de novo. — Sei que todo mundo deve pensar isso, que peço a toda menina que vejo para ficar de babá, mas não faço isso nunca. Muito poucas pessoas se dão bem com o Jaden de cara e o Noah me disse que você entendeu meu menino na hora. Posso pedir aos meus filhos mais velhos, é claro, mas odeio fazer as crianças pensarem que espero isso delas. A Sabina, por exemplo, sempre age como se fosse um grande sacrifício. — A mulher fala rápido, como se estivesse nervosa. — O Noah nunca se importa, mas o emprego na loja de ferragens e o treinamento ocupam a maior parte do tempo dele, então não fica muito em casa, só uma tarde por semana e, é claro, parte do fim de semana. Bom, eu só precisaria de algumas horas num dia ou outro.

— Seria ótimo — digo. — Não tenho muita experiência, mas aprendo rápido e adoraria ajudar. — Contanto que a senhora não conte à minha mãe.

A Sra. Urrea me lança um olhar agradecido, tira Lili de um seio e, depois de soltar alguma coisa, a passa para o outro. A bebê chora, reclamando. Sua mãe revira os olhos.

— Ela só gosta de um lado — confidencia. — É muito desconfortável.

Faço que sim com a cabeça de novo, apesar de não ter a mínima ideia do por quê. Graças à conversa abrangente com minha mãe sobre “como seu corpo está mudando”, sei tudo sobre sexo e gravidez, mas ainda não tenho muitas informações sobre amamentação. Graças a Deus.

Naquele instante, Jaden interrompe a conversa:

— Sabia que, se jogar uma moeda do topo do Empire State, você pode matar alguém?

— Sabia. Mas isso nunca acontece — digo rapidamente. — Porque as pessoas que vão lá em cima tomam muito, muito cuidado. E tem uma parede de plástico que cerca a área aberta.

A Wendy faz que sim com a cabeça.

— O Noah está certo. Você tem jeito para isso.

Sinto uma onda de alegria por saber que Noah acha que faço algo bem.

Minha Vida Mora do Outro Lado  -  NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora