Na tarde seguinte, estou me livrando dos meus sapatos de trabalho na varanda, me preparando para entrar e me trocar, quando ouço a Sra. Urrea.
— Any! Any, você pode vir aqui rapidinho?
Ela está parada no início do nosso terreno, segurando Lili no colo. Jaden está ao lado dela, apenas de cueca. Um pouco mais distante, George e Fred se escondem atrás de uma caminhonete com um bico de mangueira de jardim em punho, obviamente brincando de sniper.
Quando me aproximo, vejo que a Wendy está amamentando Lili de novo. Ela me lança seu sorriso largo e diz:
— Ah, Any... Eu estava pensando. O Noah me contou que você foi ótima com o Jaden... e eu queria saber se... — Ela se interrompe de repente, me observando com os olhos arregalados.
Olho para baixo. Ai. O uniforme.
— É meu uniforme de trabalho. Meu chefe desenhou. — Não sei por que sempre acrescento isso, a não ser para determinar que eu nunca seria vista com uma minissaia azul e uma camisa de marinheiro se não fosse obrigada.
— Imagino que seja um homem — afirma a Sra. Urrea, irônica.
Faço que sim com a cabeça.
— Claro. Bom... — Ela começa a falar rapidamente. — Eu queria saber se você gostaria de trabalhar como babá. O Noah não queria que eu pedisse. Tem medo de você achar que ele leva meninas para casa para eu explorar. Uma mãe desesperada abusando garotas.
Dou uma risada.
— Não achei isso.
— É claro que não achou. — Ela sorri para mim de novo. — Sei que todo mundo deve pensar isso, que peço a toda menina que vejo para ficar de babá, mas não faço isso nunca. Muito poucas pessoas se dão bem com o Jaden de cara e o Noah me disse que você entendeu meu menino na hora. Posso pedir aos meus filhos mais velhos, é claro, mas odeio fazer as crianças pensarem que espero isso delas. A Sabina, por exemplo, sempre age como se fosse um grande sacrifício. — A mulher fala rápido, como se estivesse nervosa. — O Noah nunca se importa, mas o emprego na loja de ferragens e o treinamento ocupam a maior parte do tempo dele, então não fica muito em casa, só uma tarde por semana e, é claro, parte do fim de semana. Bom, eu só precisaria de algumas horas num dia ou outro.
— Seria ótimo — digo. — Não tenho muita experiência, mas aprendo rápido e adoraria ajudar. — Contanto que a senhora não conte à minha mãe.
A Sra. Urrea me lança um olhar agradecido, tira Lili de um seio e, depois de soltar alguma coisa, a passa para o outro. A bebê chora, reclamando. Sua mãe revira os olhos.
— Ela só gosta de um lado — confidencia. — É muito desconfortável.
Faço que sim com a cabeça de novo, apesar de não ter a mínima ideia do por quê. Graças à conversa abrangente com minha mãe sobre “como seu corpo está mudando”, sei tudo sobre sexo e gravidez, mas ainda não tenho muitas informações sobre amamentação. Graças a Deus.
Naquele instante, Jaden interrompe a conversa:
— Sabia que, se jogar uma moeda do topo do Empire State, você pode matar alguém?
— Sabia. Mas isso nunca acontece — digo rapidamente. — Porque as pessoas que vão lá em cima tomam muito, muito cuidado. E tem uma parede de plástico que cerca a área aberta.
A Wendy faz que sim com a cabeça.
— O Noah está certo. Você tem jeito para isso.
Sinto uma onda de alegria por saber que Noah acha que faço algo bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Vida Mora do Outro Lado - Noany
FanficSinopse: "Minha mãe nunca ficou sabendo de uma coisa, algo que ela reprovaria radicalmente: eu observava os Urrea's. O tempo todo." Os Urrea's são tudo que os Rolim não são. Barulhentos, caóticos e afetuosos. São de verdade. E, todos os dias, de seu...