Bato de cara com uma prateleira alta que não sei como ela foi parar ali.
Minha cabeça começa a doer.
- Você tá bem?- Victor toca no meu ombro perguntando. Pera aí, o Victor? O que ele tá fazendo aqui?
- Tô sim, só estou com dor de cabeça agora.- Falo saindo e indo em direção ao caixa, pagar as coisas.
- Deixa que eu pago.- Victor fala já entregando o dinheiro para a moça do caixa.
- Não precisava Victor, mas obrigado.- Falo e ele pega as sacolas antes de mim.
- Vem, eu te levo pra casa.
- Não precisa Vitinho, eu tô bem, consigo ir para casa sozinha.- Falo tentando pegar as sacolas de suas mãos.
- Vitinho? Ainda lembra do meu apelido?- Ah merda! Eu falei o bendito apelido dele. Sim, Vitinho era o apelido dele e infelizmente eu que dei. Eu chamava ele assim para não ter que chama-lo de amor, no tempo em que namoramos.- E não senhora, você vai comigo!- Ele abre a porta do carro e eu entro.
Sento no banco do passageiro da frente e ele entra colocando as sacolas no banco de trás.
- Eu tenho uma caixinha de remédios aqui. Vou passar uma pomada nesse seu ferimento e você vai ficar melhor.- Victor fala pegando uma caixinha e tirando a pomada.
- Não precisa disso.- Falo e ele me ignora já passando a pomada na minha testa.
- Desde quando você voltou a namorar?- Ele pergunta olhando para o ferimento.
- Desde que eu me mudei para Austrália e fui fazer faculdade lá. E desde quando você virou médico?- Mudo de assunto.
- Fiz um curso de medicina e ando com essa caixinha para onde eu for.- Ele fala e quando termina de passar a pomada, me olha fixadamente e depois tenta disfarçar guardando a pomada.
- Ainda usa essa camisa?- Ele pergunta ligando o carro.
- O que tem essa camisa?- Pergunto e vem um flashback na minha cabeça.
Aquela camisa era dele. Eu praticamente roubei dele no dia em que ele estava jogando bola na quadra da escola e deixou sua camisa comigo para depois eu devolver, mas fiquei com ela e ele não se importou com isso.
- Essa camisa era minha. Eu deixei você tomando conta dela e pelo visto você tomou mesmo.- Ele fala e nós rimos.
Ele começa a dirigir o carro e permanece um silêncio entre nós.
- E você, já conseguiu quantas namoradas?- Falo quebrando o silêncio.
- Nenhuma na verdade.- Ele fala meio seco.- Depois que nós terminamos, eu não tirava você dos meus pensamentos e a saudade batia... ai, eu nem sei por quê eu estou falando isso pra você. Você namora e eu não devo ficar falando como se quisesse que nós... ah esquece!
- Tudo bem.- Falo.- Foi bom o que aconteceu entre nós, mas já passou e eu não quero intrigas entre você e meu namorado, então é melhor que nós não ficássemos tão próximos.
- Tudo bem, eu entendo. Mas também não precisamos ficar sem nos falar por causa de uma bobeira.- Ele fala.- Tipo... nós podemos ser amigos, podemos?
- Sim.- Falo.- Amigos então?- Estendo a mão.
- Amigos!- Ele aperta minha mão e nós chegamos em casa.
Pegamos as coisas, saímos do carro e paramos em frente da porta.
- Amor, achei você!- Raul aparece falando.- Onde você estava? E Victor?
- Nós nos encontramos no supermercado e ele me trouxe.- Falo.
- Ah, valeu aí cara.- Raul agradece com um aperto de mão e puxo ele para nós entrar em casa, mas John aparece cumprimentando Victor.
- Cara, entra!- John fala praticamente puxando o garoto para dentro.- Estamos fazendo um jantar, mas entra aí para eu te mostrar uma galera.
EU VOU TE MATAR JOHN!
Entramos em casa e John apresentou Victor para o pessoal, meus pais que já conheciam, apenas tentaram disfarçar a cara de estranho, pois nem imaginariam ver o namorado e o ex da filha juntos em um mesmo lugar.
Nem eu imaginava!- Filha!- Minha mãe me chama para um canto. Entrego as coisas para ela e nós vamos para a cozinha.- O que tá acontecendo? O que o Victor está fazendo aqui?
- Eu também queria saber.- Falo para minha mãe.- O John empurrou ele aqui para dentro.
- E quando ele voltou?
- Eu encontrei ele ontem, na praia.- Falo.
- E você já falou dele para o Raul?
- Não. Ainda.- Falo preocupada.- Não sei como vou falar isso para ele, ele já até fez amizade com o meu ex! Eu tô perdida!
- Também acho!- Minha mãe me preocupa mais.- Você tem que fazer isso, antes que ele descubra da boca de outra pessoa.
- A Malu também me disse isso. Acho que vou fazer isso hoje, antes de dormir.
O tempo vai, o tempo vem. Conversa vai, conversa vem.
Raul está cada vez mais próximo do Victor, e isso me deixa mais nervosa.
Eles não param de conversar um só minuto.Nós jantamos e Victor decidiu não ficar. Ainda bem!
...
- John seu bosta!- Chamo ele assim que ele já está quase indo embora.
- O que foi doida?
- Por que você puxou o Victor para ficar aqui? O MEU EX!- Falo quase surtando.
- Foi mal, foi mal. Eu só gosto da amizade dele e queria que a galera também sentisse o mesmo.
- Você quer fazer o meu namorado fazer amizade com o meu ex? Você tá louco guri?- Quase bato nele.
- O quê que tem isso? É melhor assim, para eles não se odiarem.
- Eles vão se matar se o Raul souber disso! O Raul é ciumento e se ao menos sonhar que está bem próximo do antigo amor da minha vida, ele vai surtar! E eu que vou te matar!
- Olha até rimou.- Ele fica zoando.
- Você tá brincando, enquanto eu estou prestes a degolar você?!- Falo quase fazendo ele cair.
- Foi mal! Não foi minha intenção. Olha, resolve essa parada de falar com seu namorado, se não eu mesmo conto!
- Você quer morrer?
- Eu? Nunca. Mas você vai causar morte, se não falar logo que o Victor é seu ex!
- O Victor é seu ex?- ...
E continua...
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Dividindo A Mesma Casa
RomanceJade é uma garota bonita, doida e um pouco dramática. Ela é mandada por seus pais à ir para Austrália fazer sua faculdade. Ela esperava morar sozinha numa casa que a própria faculdade disponibilizou para ela na Austrália, mais por surpresa para ela...