TRIGÉSIMO TERCEIRO CAPÍTULO

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A luz atravessa as cortinas com intensidade, banhando todos os cantos do quarto e mostrando com exatidão os lugares onde as peças de roupas foram parar. Não encaro Aurélio, apenas concentro minha atenção nos movimentos do seu corpo próximo ao meu. O peito subindo e descendo, seus dedos deslizando em meus ombros, seus pés enroscados aos meus, a respiração leve tocando o meu couro cabeludo. Seu calor é gentil, suave e contém boas lembranças. Meus dedos continuam contornando seu peito com letargia, levo as pontas dos dedos por linhas imaginárias, apreciando seus suspiros de reação quando toco na região do diafragma e costelas. Sorrio para mim mesma, em seguida mudo a posição do rosto para observá-lo.

Aurélio também me observa, com seus cabelos desgrenhados e a sombra fina de barba destacada pela luminosidade. Sua respiração ainda está próxima ao meu rosto, trazendo uma doce lembrança, dos toques precisos e suaves, dos beijos cálidos e os olhares. Agora, o tom do verde está suave e límpido, mas eles estavam escuros. Aurélio deixou vê-lo em toda intensidade. Não foi apenas sua pele a ficar nua, suas emoções também estavam e ele permitiu ver todas. A paixão e luxúria, carinho e devoção. Ele sorri, levando sua mão do ombro para a nuca, fazendo uma leve massagem no lugar. Mesmo tendo passado alguns minutos, meu corpo ainda reage a quentura das carícias, nossos ruídos contidos ecoam no ambiente e cada pedaço de pele suada reflete as ondas de prazer misturado ao desconforto pertinente. 

Rosa Mística. — Aurélio sussurra, sua voz continua arrastada e preguiçosa. Rio baixinho voltando a encostar minha cabeça na curva do seu pescoço, aproveito a posição para observar meus dedos deslizar da região das costelas e parar no umbigo. A palma da mão toca na barra do lençol, fazendo Aurélio se remexer.

— A Rosa Mística está muito distante. — falo segundos depois. Testando meus próprios limites, passo a fazer pequenos movimentos de vai e vem no pedaço de pele próximo ao limite do lençol branco. A respiração de Aurélio fica mais pesada, mexo seu corpo e encosto toda a extensão de pele na dele. É perturbador ver suas reações aos meus toques e movimentos, trás a sensação de troca mútua. Aurélio move o corpo outra vez, levando sua mão até a minha, a afastando. No mesmo segundo, ergo meu olhar travesso para observá-lo.

— Não, está quente em lugares estratégicos. — Aurélio anuncia, levando minha mão até seu peito, deixando-a quieta no lugar. Aperto os olhos e mudo minha posição, pairando sobre ele de forma parcial, meus cabelos caem em cascata em volta de ambos. Suas mãos não me tocam, mas seu olhar é suficiente nesse momento, — Rosa Mística. — ele repete, afastando meus cabelos da melhor forma, — mais cedo, quando estava em pé no sofá, parecia a Beatriz quando chegou na Rosa Mística. Luz em volta o suficiente para cegar qualquer mortal, para minha felicidade, não fiquei cego e ainda pude lhe tocar. — sorrio igual uma tola, e ele repete o gesto. Permaneço lhe encarando quando beijo seu peito e sigo para o ombro, subindo para a área abaixo da orelha esquerda.

— É um elogio divino. — afirmo ao pé do ouvido, Aurélio ri baixinho em resposta ao trocadilho. Continuo dando pequenos beijinhos em sua face enquanto a ponta dos seus dedos deslizam na lateral do meu corpo, ultrapassando com destreza os lugares com lençol. Apoio o corpo com uma mão e a outra uso para segurar o cobertor na frente do peito. Aurélio baixa o olhar para observar minha movimentação, ao mesmo tempo move meu corpo na direção das suas pernas, causando um atrito prazeroso nas cobertas. Sem falar nada, ele ergue todo o corpo até ficar sentado. Meu gritinho é contido pelos seus lábios, deixo meu corpo ser conduzido pelos seus toques até ficar sentada em seu colo. Suas mãos fazem pequenas massagens nos quadris e coxas, mas nenhum toque ameniza a dorzinha no centro.

— Desconfortável? — Aurélio questiona rente aos meus lábios. Abro os olhos com lentidão, cadenciando a respiração numa tentativa de controlar o desconforto entre as pernas. Não o encaro, apenas olho para baixo afastando os quadris alguns centímetros do lençol, vendo uma pequena mancha de sangue. Gemo frustrada, a úmida estava guardada na outra posição. Volto a encostar o corpo no mesmo lugar, apertando o lençol na frente do busto, — Francisca? — Aurélio chama baixinho, em seguida aproxima seu rosto do meu ombro e o beija.

Amor entre ConveniênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora